Os moçambicanos falam até 43 línguas – além do português, idioma oficial –, muitas delas sob risco de extinção. Essa é uma das motivações para o desenvolvimento de pesquisas que reúnam informações sobre essas línguas. Resultados dos estudos realizados na Faculdade de Letras da UFMG estão disponíveis na página recém-criada do Projeto de Descrição e Documentação das Línguas Moçambicanas, financiado pela Capes e que promove intercâmbio de pesquisadores da UFMG e da Universidade Eduardo Mondlane, do país africano. A iniciativa está vinculada a editais da Associação das Universidades de Língua Portuguesa. O site contém produções acadêmicas e dados inéditos sobre línguas como changana, makhuwa e sena, pertencentes à família bantu. As informações se referem a aspectos como arquitetura gramatical, estrutura sonora, morfologia e sintaxe. “É urgente descrever e registrar essas línguas, que sofrem forte pressão de idiomas que são minoritários do ponto de vista quantitativo, mas majoritários politicamente”, explica o professor Fábio Bonfim Duarte, coordenador do Laboratório de Línguas Indígenas e Africanas (Laliafro), da Fale. Ainda segundo Duarte, que orienta mestrandos e doutorandos no Programa de Pós-graduação em Estudos Linguísticos (Poslin), a página tem atraído o interesse de pesquisadores do Brasil e de outros países. "Ainda são poucos os estudos sobre o tema, e as lacunas são importantes porque não se deu atenção às pesquisas sobre as línguas nativas durante o período de ocupação colonial", explica o professor da Fale. O Laliafro vai criar em breve uma página para estudos sobre línguas indígenas brasileiras.