Maior integração entre unidades como a Escola de Belas-Artes e a Escola de Música no que se refere à criação artística, participação dos alunos na produção de eventos e incremento da divulgação foram algumas das sugestões registradas na primeira de três audiências públicas sobre política cultural para a UFMG, realizada hoje, na Praça de Serviços, no campus Pampulha. A iniciativa integra o Fórum UFMG de Cultura, instância de consulta à comunidade de acadêmica. Haverá mais duas audiências nesta semana: amanhã (quarta, 10), ao meio-dia e meia, na Arena da Faculdade de Medicina, e na quinta, 11, às 17h30, mais uma vez na Praça de Serviços, na Pampulha. Criado no âmbito da Diretoria de Ação Cultural (DAC), o Fórum pretende conhecer os “anseios da comunidade”, de acordo com a professora Leda Martins, titular da DAC. “Esses anseios devem estar inseridos no pensamento que rege as ações nos diversos segmentos da UFMG e também nas trocas com a sociedade e a cidade”, disse Leda, ao abrir o encontro. Ela apresentou a estrutura da diretoria e os conceitos que guiam suas ações, antes de afirmar que o esforço por uma política cultural “demanda desejo de participação por parte da comunidade”. Direito e oportunidade Vivência no cotidiano Ivanildo dos Santos, técnico que atua no auditório da Reitoria, lembrou que essa é a única estrutura apropriada para shows e espetáculos no campus Pampulha e que ela não passa por uma reforma há quase 20 anos. “As atividades de extensão precisam de estrutura adequada”, afirmou. Leda Martins comentou que a DAC planeja implantar um núcleo de apoio operacional e que é preciso pensar nas “espacialidades necessárias às diversas manifestações culturais que os campi têm abrigado”. Iniciativas dos alunos no campo da arte e da cultura foram lembradas por Rafael Mizerani, graduado em Ciência da Computação pela UFMG, para reivindicar maior responsabilidade do corpo discente na promoção de ações. Ele defendeu comunicação horizontal entre DAC, professores e alunos e mencionou o sucesso de público de sessões de forró promovidas por estudantes na Praça de Serviços, às quintas-feiras. O professor Fernando Mencarelli, diretor adjunto de Ação Cultural, incluiu no debate a questão dos acervos artísticos da UFMG. “É fundamental que seja estabelecida uma política para esses acervos, depois de muitos avanços e retrocessos nos últimos anos”, afirmou. Tarcisio Ramos, professor do Teatro Universitário, defendeu que se reconheça o que se faz e o que se quer com relação à cultura em todas as unidades acadêmicas, e Munish, aluno da graduação em Teatro, afirmou que é preciso mostrar aos estudantes a importância da cultura para a sua formação, por meio de ações tão diferentes quanto cursos livres e pequenas performances nos corredores das escolas. No final da audiência, muitos participantes enfatizaram que é fundamental incrementar a divulgação das atividades culturais e artísticas realizadas na UFMG.
A professora Monica Pedrosa, diretora da Escola de Música, ressaltou que a Universidade tem vasta produção e que os alunos ainda não frequentam peças e concertos. “Temos que encontrar formas de fazer os alunos perceberem que têm o direito e a oportunidade de assistir a essas produções”, ela disse. Mônica defendeu também maior integração entre unidades como a Belas-Artes, a Escola de Música e a Faculdade de Letras, que poderiam produzir juntas, e uma política de trocas com o ambiente externo aos campi, por meio da realização de eventos ao longo do ano.
Na visão do pró-reitor de Pós-graduação, Rodrigo Duarte [foto], a Universidade tem a missão de “propor enfaticamente a seu público, que é bastante numeroso, alternativas contundentes à lavagem cerebral feita pela cultura de massas”. Ele reivindicou mais espaço para manifestações normalmente relegadas, como a arte experimental, a cultura de raiz e à cultura urbana.
Um mapeamento do que é feito na Universidade nas áreas de arte e cultura foi sugerido pela professora Denise Pedron [foto], do Teatro Universitário (TU). Ela também defendeu que alunos de música e teatro, entre outros, realizem trabalhos conjuntos e citou como exemplo o Festival de Verão, que coordena. “As oficinas do festival funcionam nessa linha de troca entre os cursos, e os participantes elogiam muito esse aspecto”, disse Denise.
Depois de afirmar que as atividades de arte e cultura estejam inseridas no cotidiano da Universidade e que não artistas tenham oportunidades reais de vivenciar e até de produzir arte, o vice-diretor da Escola de Belas-Artes, Cristiano Bickel, salientou que a UFMG carece de estrutura e pessoal para o suporte técnico e operacional das atividades. “Esse suporte precisa ser profissionalizado, só assim é possível fazer acontecer os eventos”, enfatizou.