UFMG recebe doação de obras raras de Candido Portinari

O professor aposentado José Carlos Sebe B. Meihy, do Departamento de História da USP, acaba de doar uma série de xilogravuras de Candido Portinari para o acervo da UFMG. “Não seria justo eu ficar com um material tão importante trancado em minha casa”, comenta o historiador. “Mas confesso que me desfazer das obras provocou um aperto no peito”, brinca.

O apego é justificado: não bastasse a célebre autoria da parte imagética das obras, elas ainda foram “ilustradas” com poemas inéditos de Carlos Drummond de Andrade. “Quando o médico o proibiu de pintar a óleo, Portinari ficou deprimido, e assim foi ler Dom Quixote. Inspirado pelos personagens do livro, o pintor produziu a série de xilogravuras. Posteriormente, Drummond ‘ilustrou’ as imagens com 21 poemas inéditos e autografados, em homenagem a Portinari.”

O historiador lembra que a série foi publicada em 300 cópias únicas, de reprodução proibida. “É um material que não consta fisicamente nem mesmo nas coleções de Portinari e Drummond”, afirma. O destino das obras na Universidade – e sua possível exposição – ainda será definido. [No vídeo acima, produzido pela TV UFMG, o historiador dá mais detalhes sobre a coleção]

Não é a primeira vez que José Carlos Sebe disponibiliza um acervo artístico para a UFMG. No ano passado, o historiador já havia doado ao Acervo de Escritores Mineiros (AEM) uma importante e rara coleção de microfilmes com cópias dos cadernos em que a escritora mineira Carolina Maria de Jesus (1914-1977) registrava suas histórias.

Prostituição à brasileira

José Carlos Sebe está em Belo Horizonte neste fim de semana também para lançar Prostituição à brasileira, livro em que o historiador – um dos principais nomes da história oral brasileira – reúne cinco relatos de homens e mulheres que entraram para o universo da prostituição internacional.

As histórias foram escolhidas a partir de 72 entrevistas realizadas em seis países. São os próprios protagonistas que narram as suas trajetórias. “Entrevistei pelo menos três vezes cada pessoa, com o intervalo de, no mínimo, um ano entre cada encontro. Foram seis anos para produzir esse livro”, conta o pesquisador.

Segundo o historiador, há 75 mil mulheres e homens brasileiros se prostituindo nos EUA e na Europa. “O problema é que, por uma série de razões, isso não é divulgado no Brasil. O livro tem esse propósito: tornar pública essa questão”, afirma.

O lançamento de Prostituição à brasileira ocorrerá na manhã deste sábado, 20, às 11h, na livraria Quixote – que fica na Rua Fernandes Tourinho, 274, Savassi. O livro custa R$ 45.