Em janeiro deste ano, a redação do jornal francês Charlie Hebdo foi alvo de ataque que matou 12 pessoas e deixou outras 11 feridas. Resposta a uma edição do periódico interpretada como insultuosa ao Islã por segmentos da comunidade muçulmana, o atentado potencializou ideias xenofóbicas, racistas e anti-islâmicas já existentes na França. Seis meses depois, o programa Café Controverso, do Espaço do Conhecimento UFMG, reflete sobre os desdobramentos do atentado e a cobertura midiática que ele suscitou. O debate deste sábado, 27, às 11h, reunirá a jornalista Tacyana Arce, diretora adjunta de Comunicação da UFMG, e Maria Walquiria Cabral, filósofa e doutoranda em Direito Internacional pela PUC Minas. Tacyana Arce morava em Montreuil, na região metropolitana de Paris, por ocasião do atentado. “Eu frustrei a expectativa de boa parte da imprensa brasileira que me procurou querendo que eu falasse do pavor nas ruas, de pessoas trancadas em casa. E não era isso que estava acontecendo. Em nenhum momento, houve um sentimento do tipo ‘11 de setembro francês’. Havia muita clareza de que aquele ataque foi interno, uma resposta à estranheza da sociedade francesa, que trata como estrangeiros pessoas de origens diferentes, mesmo que lá estejam radicadas. Foi um grito de franceses privados do direito de o serem". Maria Walquíria também tem posição crítica em relação à cobertura midiática dada ao caso. “Minha visão sobre a cobertura dada ao ataque está ligada à ideia do que é o terrorismo e de como ela é introjetada em nossas cabeças. Por que o atentado ao Charlie Hebdo ganhou tanta repercussão, enquanto o episódio de Boko Haram, ocorrido na mesma semana, na Nigéria, e que matou duas mil pessoas, teve um destaque muito menor"?, questiona. O Espaço do Conhecimento UFMG fica na Praça da Liberdade, 700. A entrada é franca. Mais informações podem ser obtidas pelo número 3409-8350. (Com Assessoria de Comunicação do Espaço do Conhecimento UFMG)