Responsabilidade no uso dos recursos públicos é o mote da campanha Nossa Parte, que a UFMG deflagrou nesta quinta, 27, com o lançamento do hotsite que funcionará como plataforma para divulgação de informações sobre consumo, propostas, medidas implementadas e pesquisas desenvolvidas sobre o tema, nos setores administrativos e acadêmicos. A campanha, que no primeiro momento focaliza a redução do consumo de água e energia elétrica, pretende alcançar também ações de vários matizes que estimulam o fortalecimento de uma cultura de compromisso com a Instituição. “Somos uma instituição pública de ensino e, coerente com o nosso ethos, devemos nos mobilizar em prol de questões relevantes para a sociedade”, afirma o reitor Jaime Ramírez. Em sua visão, o momento exige da Universidade uma postura diferenciada em relação ao uso da água e da energia elétrica, mas, “é necessário ir além do presente". "Precisamos refletir sobre a sustentabilidade ambiental, sobre a formação das novas gerações, sobre a atitude do ser humano em relação aos recursos naturais. A UFMG tem, portanto, o dever de promover esse debate na perspectiva formativa”, defendeu o reitor. Com relação ao consumo de energia elétrica, além de medidas como a troca de todas as lâmpadas fluorescentes do prédio da Reitoria pelas de LED, que podem gerar economia de até 80%, a Universidade quer sensibilizar os usuários – docentes, estudantes e servidores técnico-administrativos – a adotar hábitos simples e práticos no cotidiano, como apagar as lâmpadas de salas, laboratórios e gabinetes ao deixar esses locais. De acordo com Artur Risi de Aguiar, engenheiro eletricista de manutenção do Departamento de Manutenção e Operação da Infraestrutura (Demai), a instalação de sensores de presença não seria eficiente, por reduzir a vida útil das lâmpadas. “O ar-condicionado é o grande vilão”, alerta Aguiar, que sugere o uso racional desse recurso, por meio de controle mais fino da temperatura em auditórios e o desligamento dos chamados condicionadores de conforto das 17h às 20h, período em que o preço do quilowatt-hora (kWh) é mais alto para grandes consumidores, como empresas e instituições. Segundo ele, mesmo em época de altas temperaturas, basta ligar esses aparelhos no fim da manhã. A recomendação não vale, naturalmente, para laboratórios e outros ambientes nos quais seja necessária a refrigeração especial por períodos mais longos. Ajustes também estão sendo feitos na iluminação pública do campus Pampulha, com a instalação de lâmpadas de LED nos estacionamentos e de luminárias de segundo nível nos postes, para iluminar melhor os locais de passagem de pedestres. “Com o tempo, a copa das árvores cria áreas de sombreamento. Daí a necessidade de usar também uma iluminação mais baixa, direcionada para os passeios”, explica o engenheiro. Neste ano, estão sendo instaladas 1.500 lâmpadas de LED no campus Pampulha, com prioridade para as salas de aula. Esse tipo de iluminação tem a vantagem adicional de propiciar redução do custo homem-hora para troca de lâmpadas queimadas. Água Além disso, é feito acompanhamento quinzenal do consumo de água nos 75 prédios do campus Pampulha, para eliminação imediata de vazamentos. O Demai também concluiu programa de substituição das tubulações de distribuição de água em prédios mais antigos, nos quais a vida útil dos materiais já foi alcançada. De acordo com o Departamento de Gestão Ambiental (DGA), o consumo de água no campus Pampulha em fevereiro e março deste ano, comparado com os mesmos meses de 2010 a 2014, já atingiu redução aproximada de 30%. O DGA informa ainda que, em relação à racionalização do consumo de água, são adotadas ações como a instalação, nos prédios mais recentes, de dispositivos que geram economia, como descargas sanitárias com duplo comando (maior e menor volume), torneiras com acionamento manual por pressão, válvulas com controle de vazão nos lavatórios, sensores de presença nos mictórios e sistemas de aproveitamento de água da chuva no abastecimento de peças sanitárias. Hotsite O vídeo da campanha, que foi apresentado na recepção aos calouros do segundo semestre, utiliza depoimentos de representantes dos diferentes segmentos e pretende despertar na comunidade a necessidade de se questionar sobre a importância do uso racional dos recursos públicos. Um dos casos que serão contados na plataforma virtual da campanha é a iniciativa do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), que resolveu combater os três grandes “vilões” no que se refere aos gastos do prédio: destilador, geladeira e ar-condicionado. Para economizar energia elétrica, a meta é substituir pelo menos uma geladeira antiga em cada um dos mais de 100 laboratórios. Os aparelhos de ar-condicionado são os próximos da lista a serem renovados e redimensionados, e também serão substituídas lâmpadas fluorescentes pelas LED. As ações no ICB são coordenadas pela Comissão de Governança de Águas e Energia, que também incentiva o uso do sistema de Voz sobre IP (VoIP), implantado na UFMG desde 2009, como forma de reduzir custos com telefonia. A unidade tem ainda planos de lançar concurso para premiar as melhores práticas de sustentabilidade da Unidade. (Com Assessoria de Comunicação do ICB)
Para economizar água e evitar desperdício, o setor de instalações hidráulicas do Demai substituiu as torneiras de jardins e áreas externas por modelo com chave, de uso restrito ao encarregado de cada setor. “Fazemos monitoramento diário do consumo em todos os prédios, para identificar e corrigir imediatamente qualquer vazamento”, relata o engenheiro Daniel Moreira.
O hotsite Nossa Parte abriga, além do vídeo e do spot de rádio da campanha, informações sobre ações desenvolvidas na Universidade, notícias relacionadas, dicas de economia de energia elétrica e de água no dia a dia – não apenas para usuários comuns, mas também para os profissionais que lidam com as operações –, contatos dos setores que recebem sugestões e avisos sobre problemas nos campi relacionados ao consumo de água e energia elétrica. O site também estimula o engajamento ao oferecer possibilidade de compartilhamento, nas redes sociais, de elementos como o vídeo e o selo da campanha.
Um destilador comum chega a desperdiçar cerca de 300 litros de água por hora. Por isso, o ICB tem incentivado o uso, nos laboratórios, de água purificada, fornecida por avançado sistema instalado no Instituto. O objetivo é eliminar os destiladores tradicionais, gradualmente. Além disso, está em teste um sistema piloto que recebe, armazena e disponibiliza para reúso toda água descartada pelo equipamento de purificação usado em alguns laboratórios. Entre 2010 e 2014, o consumo de água do prédio do ICB baixou mais de 50%, com a troca da rede hidráulica antiga e a instalação de equipamentos inteligentes.