O dia 11 de setembro, data do golpe militar no Chile, em 1973, e da morte do militante Ângelo Pezzuti (1975), perseguido pela ditadura brasileira, foi escolhido por intelectuais e ativistas políticos mineiros para celebrar a luta contra governos autoritários que comandaram a América Latina em décadas recentes. Nesta sexta, às 19h, o auditório do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura de Minas Gerais (Crea-MG) abrigará lançamento do livro e palestra do professor Otávio Dulci, aposentado da Fafich e hoje docente do Departamento de Relações Internacionais da PUC Minas. O evento homenageia três estudantes da UFMG que se insurgiram contra a ditadura militar. Dulci falará sobre Fascismos ontem e hoje, tema de capítulo do livro Estamos vivos. A volta será pior – O DNA do terrorismo de direita em Minas, obra em dois volumes organizada pelo ex-vereador Betinho Duarte, que também será lançada durante o evento. Em seu artigo, Dulci faz uma contextualização histórica do fascismo, um dos mais importantes movimentos políticos do século 20, caracterizado pelas ideias de Estado forte, nacionalismo, racismo, corporativismo, economia de comando e politização difusa da vida social. Segundo ele, as “consequências políticas mais nefastas daquela época”, como ditaduras e guerras, não estão mais no horizonte. No entanto, traços da cultura política fascista permanecem em todo o mundo, como xenofobia, perseguições raciais e violência contra grupos minoritários. "Há perdas ou risco de perdas [no Brasil] para os diversos grupos da sociedade. Uns empurram para outros os custos da crise. Então, cresce a insegurança quanto ao futuro. Daí a intolerância, a busca por bodes expiatórios, a negação da política como campo de negociação de interesses, o apelo a soluções violentas. Já conhecemos essa trajetória para a barbárie e não podemos deixar que ela se repita”, adverte o professor na conclusão do ensaio. Homenagens O povo do Chile, país governado por uma ditadura militar durante 17 anos (1973-1990), também será homenageado durante o encontro. O auditório do Crea-MG fica na Avenida Álvares Cabral, 1600, 6º andar, Santo Agostinho.
O evento também homenageará três militantes mineiros que estudaram na UFMG: Ângelo Pezzuti, Gildo Macedo Lacerda e José Carlos da Mata Machado. O primeiro, que dirigiu o Comando de Libertação Nacional (Colina), foi preso, torturado e banido do Brasil em 1970. Morreu em Paris, em 11 de setembro de 1975, em um acidente de motocicleta. Gildo Macedo e José Carlos da Mata Machado integravam a direção da Ação Popular Marxista-Leninista (APML) e foram presos e torturados até a morte pela ditadura militar em 1973.