Começou hoje, 21, no auditório Neidson Rodrigues, da Faculdade de Educação (FaE), o seminário temático História do ponto de vista indígena, organizado pelo programa Formação Intercultural para Educadores Indígenas (Fiei). O seminário vai até quinta-feira, 24 de setembro. No evento, estão sendo discutidas as violações dos direitos humanos dos povos indígenas cometidas no passado e no presente, com base no trabalho realizado pela Comissão Nacional da Verdade (CNV). Até o fim da manhã de hoje, serão apresentados relatos de caciques e representantes dos povos indígenas Xakriabá, Pataxó, Maxakali, Guarani e Aikewara (Suruí) sobre as violações sofridas pelos seus povos. No período da tarde, serão realizadas oficinas de história oral restritas aos alunos do Fiei, que serão repetidas nos próximos dias. A programação conta com palestras, rodas de conversa e exibição de filme. No último dia, haverá relatos dos estudantes sobre as oficinas de história oral. Na manhã desta segunda, participam da conferência de abertura Juliane Corrêa, diretora da FaE, e o antropólogo Orlando Calheiros, da PUC-Rio (sob a mediação de Paulo Maia, professor da FaE, ao centro da imagem, em foto de Foca Lisboa). O seminário está sendo transmitido pelo canal da FaE no YouTube. Lacuna A professora destaca que, muito além da conclusões geradas pelo trabalho da Comissão Nacional da Verdade, o Relatório Figueiredo tem sido uma importante fonte de informações sobre a violência sofrida pelos povos indígenas no período. O Relatório Figueiredo descreve graves violações aos direitos indígenas realizadas pelo governo militar e pelos servidores do extinto Serviço de Proteção ao Índio (SPI) durante as décadas de 1940, 1950 e 1960. O relatório também pode ser acessado pela página do seminário no Facebook, que também traz a programação do evento e documentários sobre o assunto.
A professora Maria Gorete Neto, da Faculdade de Educação e coordenadora do Fiei, afirma que o tema das violências sofridas pelos povos indígenas durante a ditadura carece de ser pesquisado com mais profundidade. “Durante a marcha para o Oeste, por exemplo, índios foram sequestrados, envenenados; sofreram toda sorte de violência. Mas há uma lacuna. As pesquisas sobre o assunto só começam a despontar agora. Este seminário, por exemplo, é inédito no país. É a primeira vez que se realiza algo do gênero no âmbito da universidade brasileira.”
Mikwá Suruí, um dos Aikewara não contemplados com a anistia política, apesar de mantido em cativeiro pelas Forças Armadas durante a Guerrilha do Araguaia (em foto de Orlando Calheiros)