Universidade Federal de Minas Gerais

Fotos de Fernanda Wardil/UFMG
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Trazido pelo Ieat, pesquisador alemão fará conferência amanhã, na Fale

‘Passado recalcado ocupa o presente, o que implica certa impossibilidade de futuro’, afirma alemão Joachim Michael, que estuda o trauma coletivo na literatura

quinta-feira, 1 de outubro de 2015, às 5h58

O pesquisador Joachim Michael, da Universidade de Bielefeld, Alemanha, está encerrando mais uma temporada acadêmica no Brasil, dessa vez a convite do Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares (Ieat) da UFMG. Reconhecido por seu trabalho no campo dos Estudos Românicos e dos Estudos Inter-americanos, ele participou de uma série de encontros com núcleos da Faculdade de Letras (Fale), onde vai ministrar, nesta sexta, 2, a conferência A fragilidade do presente: a questão do trauma na literatura brasileira contemporânea.

Esse foi o mote da conversa de Michael com o Portal UFMG. Na entrevista a seguir, ele explica como se manifesta, em campos como o da literatura, o trauma coletivo, que se faz notar por uma “suspensão no tempo”. Segundo Michael, os problemas do passado voltam como se fossem fantasmas, porque não são resolvidos pela sociedade. “Eles ocupam o presente, o que implica certa impossibilidade de futuro.”

Que “fragilidade do presente” é essa que o senhor aborda em sua conferência?
O nexo teórico e metodológico da minha fala é a questão do tempo. O trauma, do meu ponto de vista, é um problema temporal. Mas falo do trauma no sentido coletivo, que se faz notar em nível social, e não no sentido psicanalítico, de trauma individual. Um trauma que se faz notar por meio de um lapso no tempo, uma suspensão no tempo. De toda forma, essa é uma característica também observada no trauma individual, que se descreve em termos psicanalíticos.

A sua abordagem é psicanalítica? Explique, por favor, como a psicanálise, uma disciplina voltada para o indivíduo, é pensada nessa perspectiva coletiva.
Acho complicado falar em uma abordagem “psicanalítica coletiva”. O que eu faço é uma analogia, um paralelo, o que é algo diferente. E essa analogia se baseia na concepção do tempo. É como se, no aspecto coletivo, o tempo não passasse. A ideia é que, no momento do impacto [do trauma], não é possível ao organismo reagir. Ele sofre o impacto da violência, mas não consegue transformá-lo em experiência que possa ser trabalhada. Na perspectiva da psicanálise, poderíamos falar na permanência de certa inscrição do evento, que, no entanto, é inconsciente e que, mais tarde, volta esporadicamente, ou regularmente, à consciência, de forma compulsiva. Isso em uma perspectiva psicanalítica (portanto, individual). Mas na perspectiva coletiva é semelhante: por não haver uma memória (experiencial), os problemas do passado voltam como se fossem fantasmas, para se fazerem presentes. Isso ocorre porque os problemas não são falados, não são tratados e não são resolvidos pela sociedade. São recalcados.

Como se configura essa perspectiva do trauma ao nível do tempo?
O trauma, sob essa perspectiva, implica o seguinte: é como se o tempo não passasse. O tempo não passa, fica suspenso, o passado não passa: os problemas permanecem e se fazem presentes; ocupam o presente. De alguma forma, os problemas do passado subvertem o presente. Nessa perspectiva, o presente é um tempo que não tem lugar, porque ele é de alguma forma invadido pelo passado – o que implica certa impossibilidade de futuro.

A sua abordagem estabelece uma crítica à perspectiva histórica?
Sim, o problema da história tem muito a ver com isso. A gente entende a história também em termos de uma narração, como um processo temporal de passagem do passado ao presente. Estamos falando, portanto, de uma concepção da história: uma história linear, que parte do passado e progride até o presente, em direção ao futuro. O objetivo dessa concepção é o de poder conferir sentido às coisas. Afinal, se nós não encontramos sentido nas coisas passadas, fica difícil falar em história, fica difícil dizer “essa é a minha história”, “essa é a história da minha sociedade”. Sem conferir esse sentido, sobramos com as memórias, com os fatos do passado, mas sem conseguir juntá-los em uma história, propriamente. Quando falamos de história, falamos de um processo temporal que, de alguma forma ,faz sentido – mesmo que seja um não sentido ou um sentido doloroso.

O título de sua conferência é A fragilidade do presente. Em uma perspectiva não apenas literária e linguística, mas também filosófica, como definiria o conceito de contemporâneo?
Encontramos definições para o tempo presente nos mais diversos níveis. Pensando mais pela perspectiva filosófica, conceitual, que pela perspectiva da linguagem, penso que o presente tem a ver com “presença”: sentimos como presente aquilo que se caracteriza pela presença. É muito difícil pensar o presente em termos de ausência, em termos daquilo que não está. Mas cabe dizer: o tempo presente é, antes de tudo, uma modalidade do tempo. É o tempo do agora, o tempo atual, que se diferencia evidentemente dos outros modos temporais; do passado e do futuro; do que foi e do que será. Contudo, o contemporâneo, em princípio, é um conceito muito fraco. Penso que o interessante disso tudo é pensar de que forma passamos a dar prioridade a um modo temporal. Isso se relaciona com a formação, a caracterização, a constituição do que seria a nossa cultura. Na modernidade, a partir do século 19, passamos a dar prioridade ao presente, um presente que passou a se fazer sempre novo, renovando-se sempre em relação ao passado. A partir daí, temos a ideia de um passado que aparece como ultrapassado, como superado ou superável, a ser superado – sempre em função de um presente que o corrige.

Uma ideia de progresso muito forte...
Essa é exatamente a ideia de progresso. Nesse sentido, o presente não só se distancia do passado, mas também incorpora o futuro, dando início a ele.

A pós-modernidade parece se insurgir contra o entendimento do que seja a história...
O que se nota já na modernidade, a partir da segunda metade do século 19, é [o início de] um descontentamento, uma crítica, um pensamento de protesto contra esse processo histórico. A modernidade não cumpriu, no sentido do progresso, com as suas promessas de liberdade, de bem-estar, de justiça, de paz. Desde então, e com a virada do século 19 para o século 20, cresceram as críticas a esse processo; um entendimento de que a história não estivesse levando a humanidade àquele destino a que ela deveria levar. Daí, advém certa intenção de corrigir o curso histórico ou romper com o curso histórico. É nesse contexto que surge a figura da revolução. Ela é uma resposta a esses problemas da história, uma resposta a uma história que não faz sentido, uma resposta a uma história que encadeia uma ruína depois da outra. A revolução tem o sentido de se romper com a história, de iniciar uma nova era, uma nova sociedade, um novo homem. Começar de novo. Contudo, as forças que resistem a isso são muito fortes.

São forças que, ao que me parece, se apropriam da revolução de forma a manterem o status quo...
Exato. Por isso a revolução se fez com armas, com violência.

Se novos tempos têm como ponto comum o rompimento com o seu tempo imediatamente anterior, e se o que caracterizava a modernidade era justamente o paradigma do rompimento com o passado, a pós-modernidade, me parece, se viu diante de uma aporia: se visasse romper completamente com a modernidade, ela romperia com o tempo do rompimento – uma antinomia, a meu ver. Daí o seu paradoxal dilema temporal.
Eu penso que, hoje, já estamos acostumados à aceleração do desenvolvimento. A nossa vida se acelera em muitos sentidos. No que diz respeito ao transporte, por exemplo. Tudo acontece de uma forma cada vez mais rápida, os ciclos de renovação estão cada vez mais rápidos. A cada três ou quatro anos, o nosso celular já não serve mais: precisamos de outro. Isso é o que nos constitui. É a nossa cultura contemporânea. A pós-modernidade introduzia certo ceticismo e criticismo em relação à novidade, em relação ao futuro. Nela surgiu a descrença quanto ao futuro ser capaz de propiciar essa renovação, a renovação que a modernidade imaginava que o progresso ia produzir. Se na modernidade o regime temporal prioriza o presente e o futuro, na pós-modernidade faz-se um retorno ao presente, um questionamento do presente; um questionamento do futuro, de qualquer forma, mas também do presente, no sentido de que teríamos de voltar ao passado para resolver o presente. O presente nos coloca problemas cujas soluções só encontramos olhando para o passado. Nesse sentido, a evolução é um conceito totalmente moderno.

Esse cenário que o senhor delineia – de um tempo que não passa, haja vista o presente estar perpassado pelo passado (o que por sua vez obstaria o futuro) – me faz pensar naquela imagem de “escuro” que Giorgio Agamben identifica com o contemporâneo. Agamben entende o contemporâneo como uma luz que nunca chega a nós, o que nos leva a ver nele não luz, mas apenas breu. De outro lado, temos o pensamento de Georges Didi-Huberman, que confia na “sobrevivência dos vaga-lumes” – pequenos lampejos em meio a toda essa escuridão – mesmo em nossos períodos históricos mais sombrios. Ao pensar o contemporâneo,o senhor se aproxima mais do pessimismo transcendente de Agamben ou do otimismo imanente de Didi-Huberman?

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Essa é uma boa pergunta. Em primeiro lugar, penso que precisamos confrontar o problema; é preciso considerar que o tempo, por si só, não resolve os problemas. O tempo não cura as feridas, como se fosse um processo natural, automático – como se a história fosse capaz de nos levar a um futuro sempre melhor. Isso não acontece. Se pensarmos nos desastres que estão ocorrendo neste momento na Ucrânia e na Síria, ou se pensarmos no Afeganistão, por exemplo, vamos perceber que os desastres continuam, sim, se perpetuando e se sucedendo. Isso é um fato. Os problemas voltam de forma insuspeitada, não muito previsível. E, mesmo a Europa, que em dado momento considerou que houvesse conseguido resolver o problema da guerra, agora vê chegarem milhares de pessoas que estão como que a dizer: “Olha, há guerra sim”. Nesse sentido, eu penso muito em um intelectual mexicano que morreu em 2010, Carlos Monsiváis, que evitava falar em “progresso”, como se fosse um processo inevitável da humanidade, para falar em avanços; avanços que, para serem conquistados, demandam que lutemos por eles, em uma política clara de pequenos passos.

Como se dá, na literatura latino-americana, o debate desse trauma temporal de que você fala?
A primeira grande revolução do século 20 aconteceu no México, a revolução de 1910. Foi uma revolução fracassada. A literatura mexicana debate esse problema, a ideia de que a história é insuficiente, de que ela não funciona e não leva ao progresso, já que produz sempre o mesmo – a violência. Esse é um grande debate que notamos na literatura mexicana: nela, vai-se falar muito no fracasso da história.

Como essa abordagem se dá?
No México, existe uma grande tradição do romance da revolução. É como se fosse um subgênero que se inicia nos anos 1910. Mais tarde, nos anos 1950 e 1960, surgem os grandes textos, todos sempre muito críticos em relação à revolução. Eles sempre debatem o problema do fracasso da revolução ao nível da constituição da história. A revolução não foi capaz de mudar o cenário de violência. O que esses textos mostram é que houve a revolução, mas que ela não possibilitou que se desse início a uma sociedade capaz de construir-se a si mesma pacificando-se. Isso especialmente no que diz respeito ao papel ocupado e oferecido à população majoritária, indígena e mestiça. O que se deu foi o contrário, na verdade: uma nova casta surgiu, apoderou-se do poder e instalou novo regime autoritário. É como se nada de substancial tivesse acontecido. E, de fato, nada realmente mudou. É nesse sentido que cabe dizer que “o tempo não passou”. É nesse sentido que cabe dizer que olhar só para o futuro não é mais um caminho funcional. Nós não vamos progredir se não resolvermos nossas heranças problemáticas.

Como essa “fragilidade do presente” que você descreve se nota na literatura?
Na contemporânea, especificamente, ela aparente em diversos textos, dos mais diversos países. Podemos pensar em casos particulares, por exemplo, em que o passado se faz presente e acaba por sobrepor-se ao presente: que é o caso da escravidão, em primeiro lugar, e o caso da ditadura militar. São problemas não resolvidos - no Brasil, especificamente. E há que se pensar também na questão do holocausto, naturalmente. Nesse sentido, eu penso, por exemplo, no livro do Michel Laub [Diário da queda], em que ele faz toda uma reflexão sobre como superar o trauma. Ele trata do trauma por essa perspectiva psicanalítica, como a permanência do passado no presente, numa ideia de posterioridade, em que os sintomas se fazem presentes e notáveis com o lapso de uma defasagem temporal.

Por falar em Michel Laub: como vê a literatura brasileira produzida na contemporaneidade – especialmente em relação aos temas de que estamos falando?
Entendo-a totalmente à altura dessas questões. Isso é algo bem claro na literatura brasileira contemporânea: há uma abordagem transnacional, que já não prioriza a perspectiva da nacionalidade do escritor ou da escritora. Há autores que escrevem sobre qualquer coisa, e não especificamente sobre o Brasil. Há a Carola Saavedra, por exemplo, que nasceu no Chile, mas se fez brasileira; a Adriana Lisboa, que vive nos Estados Unidos; o Bernardo Carvalho, que escreve sobre outros países – um de seus livros se chama Mongólia. E há o próprio Michel Laub, em que se encontra todo esse debate sobre o trauma, sobre o holocausto. Tem-se aqui uma literatura que se faz transnacional, que discute os problemas do momento atual – problemas que têm a ver com o Brasil, mas não só. Vários autores adotam esse tipo de abordagem, com as mais diversas perspectivas. Isso eu considero contemporâneo – e muito natural.

Essa literatura brasileira é bem estudada fora do Brasil?
A literatura brasileira tem os seus adeptos, entre os quais me incluo. Fazemos um esforço para estudá-la – mas as condições culturais não ajudam. Na Alemanha, por exemplo, é extremamente difícil fazer uma carreira acadêmica como especialista em literatura brasileira. No contexto daquilo que eu poderia chamar de “indústria acadêmica”, o português é considerado uma língua menor; as universidades não têm condições de criar estudos que sejam equivalentes aos estudos de línguas (e culturas e literaturas) consideradas prioritárias, como o inglês, o francês e o espanhol. Então, sim, há grandes fãs da literatura brasileira, gente que adora o Brasil e que é impressionado pela riqueza da cultura brasileira. Mas, no que diz respeito ao aspecto institucional, há dificuldades. Os grandes idiomas são o espanhol e o francês, ensinados nas escolas. O português não é dado nas escolas. Então, no que diz respeito à formação profissional, tem-se um problema.

Quais são suas preferências em nossa literatura?
Machado [de Assis]; eu gosto muito de um romance do Bernardo Kucinski, Relato de uma busca, que tem a ver com a ditadura. Também gosto muito da Conceição Evaristo, autora de [o romance] Ponciá Vicêncio. Parece-me uma escrita de alguma forma necessária. E um pouco intransigente, no bom sentido; uma escrita que não tem o compromisso de agradar; eu gosto muito disso. Acho que literatura tem de ser assim. E penso que mesmo os outros autores que mencionamos não têm isso. É possível perceber que eles têm pós-graduação, têm muita leitura. Mas é preciso considerar que estou falando aqui de uma questão de gosto, pessoal.

O senhor percebe a literatura contemporânea brasileira como mais academicizada?
É, mas isso é uma tendência.

(Ewerton Martins Ribeiro)

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