Fotos de Foca Lisboa/UFMG |
A busca por alternativas de formação interdisciplinar é prioridade para a atual gestão da UFMG. Com essa afirmação, o reitor Jaime Ramírez abriu os trabalhos do colóquio Educação Superior: dimensões e perspectivas transdisciplinares – cursos e percursos interdisciplinares, cuja programação contempla série de mesas temáticas durante o dia de hoje, 24, no auditório da Escola de Engenharia. Focado no compartilhamento de experiências de interdisciplinaridade e na busca de alternativas para a sua melhor aplicação no ensino da UFMG, o colóquio teve início na manhã de hoje com exposição dos cases das universidades federais da Bahia (UFBA) e do ABC (UFABC), apresentados, respectivamente, pelo professor Penildon Silva Filho, pró-reitor de Ensino de Graduação da UFBA, e pela professora Adelaide Faljoni-Alário, coordenadora da área interdisciplinar da Capes. Em seguida, o professor Ricardo Takahashi, pró-reitor de Graduação da UFMG, traçou um horizonte das perspectivas da Universidade sobre esse tema. “Estamos discutindo novas direções para a graduação, e uma das metas é que o conhecimento avançado e a interdisciplinaridade permeiem não só a pós-graduação, mas também a graduação”, explica. O pró-reitor relatou que já foram realizadas discussões individuais e coletivas com todos os diretores de unidades sobre essas mudanças e sobre as repercussões que terão nos cursos de graduação. “A próxima etapa é ampliar a discussão na UFMG. Pretendemos firmar um entendimento comum do diagnóstico com o objetivo de formular soluções específicas para a instituição", afirmou Takahashi. Segundo ele, essa etapa do processo de reformulação da graduação deverá ser cumprida em 2016. “Nossa disposição é fomentar a criação de outras experiências e rediscutir a forma como o ensino é realizado na Universidade”, complementou o professor Estevam Las Casas, diretor do Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares (Ieat) da UFMG. “Por isso, temos organizado essa série de colóquios”, justificou. A programação do evento é aberta à participação de toda a comunidade acadêmica. Ao longo da tarde, duas mesas serão realizadas: uma, às 14h, sobre Referenciais orientadores para os bacharelados interdisciplinares e similares das universidades federais, e outra, às 16h, focada na interdisciplinaridade na pós-graduação. Os casos do ABC e da Bahia A experiência da federal baiana, por sua vez, está ancorada na criação dos bacharelados interdisciplinares como uma inovação da estrutura curricular de universidades pré-existentes. Lá, esse movimento começou em 2007, a partir da implantação do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). “Ainda hoje somos um arquipélago e não um continente. Mesmo depois de vários ajustes, temos ainda faculdades que resistem a se submeter à regra da não duplicidade de meios para um mesmo fim”, comentou o professor Penildon Filho [foto acima]. A UFBA, relatou o professor, mantém um sistema misto, com a oferta tanto dos chamados cursos de progressão linear (CPA) – as formações tradicionais, disciplinares – quanto de quatro bacharelados interdisciplinares (BI), com duração de seis semestres cada: Artes, Humanidades, Saúde e Ciência e Tecnologia. "O egresso desse bacharelado interdisciplinar é um indivíduo capaz de realizar leitura pertinente, sensível e crítica da realidade natural e humana em que está inserido", afirmou Penildon. "Ele pode enfrentar as exigências do mundo do trabalho no desempenho de ocupações diversas que mobilizem, de modo flexível, conhecimentos, competências e habilidades gerais e específicas." Ao sair do bacharelado interdisciplinar, o aluno da UFBA pode optar por cursar uma graduação tradicional ou ir direto para a pós.
Constituída em março de 2005, a Universidade Federal do ABC tem a interdisciplinaridade em seu "DNA".“A Universidade nasceu com o princípio de que a ciência é, por natureza, multi e interdisciplinar”, disse Adelaide Faljoni-Alário [foto abaixo], professora titular de Bioquímica e Biofísica da UFABC e autora do projeto acadêmico-pedagógico que orientou a criação da instituição. Positivamente, a trajetória da UFBA conta com outra particularidade que a torna profícua ao benchmarking da UFMG: assim como a federal de Minas, a Federal da Bahia foi concebida a partir da junção de faculdades e escolas pré-existentes, cuja vocação natural é de manutenção de suas estruturas autônomas.