Continua aberta ao público, no segundo andar do Espaço do Conhecimento UFMG, a exposição O legado de Martim Afonso de Sousa e Dona Ana Pimentel na formação do Brasil. A mostra suscita questões sobre o papel do militar e explorador português, a importância histórica atribuída à sua passagem pelo Brasil e a administração da colônia feita pelo casal. O grande destaque da mostra é o testamento do casal, datado de 1533 e doado ao Acervo de Obras Raras da UFMG em 1971. O documento, um dos poucos exemplares manuscritos da coleção da Galeria Brasiliana, trata das disposições finais de um dos primeiros capitães donatários do Brasil – ele fundou a vila de São Vicente, a primeira do Brasil – e de Dona Ana Pimentel, que também participou da colonização do país depois que seu marido foi transferido para a Índia, para ocupar o cargo de vice-rei. Com base no testamento, diferentes eixos temáticos são analisados com os visitantes. O coordenador do núcleo de expografia do museu, René Lommez Gomes, explica que o legado deixado pelo casal pode ser compreendido por vários vieses. “Trabalhamos com o testamento do casal e com os frutos gerados por ele, as releituras feitas ao longo do tempo. Esse testamento foi a primeira peça comprada por Assis Chateaubriand para montar a Galeria Brasiliana – galeria que deveria inaugurar um museu de arte e história, similar ao Masp, em Minas, e que acabou desencadeando a campanha nacional dos museus regionais. Entretanto, assim que a coleção foi montada, as empresas de Chateaubriand entraram em colapso e não foi possível finalizar o projeto." Materialidade e ressignificação A análise do testamento gerou também o livro O testamento de Martim Afonso de Sousa e de Dona Ana Pimentel, organizado por Júnia Ferreira Furtado, com textos de René Lommez Gomes, André Chaves, Diná Marques, Márcia Almada e Raquel Pereira. A publicação é da Editora UFMG. As visitas podem ser feitas de terça a domingo, das 10h às 17h, e às quintas-feiras, das 10h às 21h, até 14 de fevereiro. A entrada é gratuita. O museu fica na Praça da Liberdade, 700, em Belo Horizonte. (Com Assessoria de Comunicação do Espaço do Conhecimento da UFMG)
O primeiro módulo da exposição aborda a materialidade do aspecto documental do conteúdo do testamento. O segundo trata da importância histórica do casal e de sua contribuição para a colonização do país, no século 16. O terceiro, que adentra o século 19, propõe a ressignificação dos documentos deixados por Martim, transformando-o em uma figura mítica. Por fim, já com referência a meados do século 20, a história de Martim e Ana Pimentel é revisitada com base na formação do acervo da Coleção Brasiliana e, posteriormente, por meio do Acervo de Obras Raras da UFMG.