Universidade Federal de Minas Gerais

Fotos: Luiza Ananda/UFMG
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Ricardo Takahashi: sistema de duas seleções aumentou número de desistências

Pró-reitor de Graduação espera que entrada única pelo Sisu otimize ocupação das vagas

quinta-feira, 31 de dezembro de 2015, às 9h10

Em 2016, a UFMG volta a preencher as vagas de seus cursos de graduação em uma única seleção, feita no início do ano, por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Assim, até os estudantes que serão convocados para iniciar suas atividades acadêmicas apenas no segundo semestre devem se inscrever no Sisu 2016/1, do Ministério da Educação, já que a segunda edição anual do processo não mais selecionará alunos para a UFMG.

Com a mudança, os aprovados nos cursos com entradas nos dois semestres letivos farão registro acadêmico ainda no início do ano, em datas que serão divulgadas pelo Departamento de Registro e Controle Acadêmico (DRCA).

Também em 2016, a Universidade passa a reservar, no mínimo, 50% das vagas em cursos de graduação para estudantes que tenham feito o ensino médio integralmente em escolas públicas brasileiras, conforme determina a Lei de Cotas, que agora chega à fase final de implementação. Das 6.279 vagas, 3.142 serão destinadas aos candidatos das modalidades de vagas reservadas.

Segundo o pró-reitor de graduação, Ricardo Takahashi, os candidatos cotistas que ingressaram na UFMG desde 2013 alcançaram notas de corte mais elevadas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) do que os alunos que entraram antes da aplicação da Lei de Cotas. “Eles têm se mostrado mais preparados para entrar na Universidade. Portanto, esse novo perfil do corpo discente não deve causar preocupação”, avalia.

Em entrevista ao Portal UFMG, Ricardo Takahashi detalha os motivos que levaram à adoção da entrada única por meio do Sisu e analisa o novo perfil discente da graduação, com a completa implementação da Lei de Cotas.

O que levou a Universidade a mudar o processo de seleção por meio do Sisu?
Desde o início da década de 1970, quando começou a organizar seus vestibulares, a UFMG sempre teve um único processo seletivo por ano, para preencher as duas entradas dos cursos – primeiro e segundo semestres. Essa decisão, creio, estava ligada principalmente à logística, pois organizar o vestibular é uma operação extremamente complexa. As únicas exceções nessa série histórica são os anos de 2014 e 2015, em que houve seleção de candidatos em duas edições anuais, com a adesão da UFMG ao Sisu. Isso ocorreu também por motivos logísticos, pois o resultado do processo seletivo seria divulgado muito próximo do período de início das aulas.

Além disso, em 2014, com a realização da Copa do Mundo no Brasil, o prazo ficou ainda mais reduzido, pois o calendário foi antecipado em 20 dias. Optou-se então por selecionar só a metade dos alunos naquele primeiro momento. A outra metade entraria no segundo semestre. Em 2015, a UFMG repetiu o procedimento, até para adquirir mais experiência e aprender mais sobre o processo.

Para 2016, a Universidade optou por voltar a ter uma única seleção por ano, pois o sistema de duas seleções mostrou-se pior para a ocupação das vagas, devido ao aumento de desistências, acarretado pelo Sisu. Voltando ao antigo modelo, alunos que ingressariam apenas no segundo semestre (que já terão feito pré-registro acadêmico) podem ser convocados, em tempo hábil, para as aulas do primeiro período letivo. Desta forma, outras pessoas podem ser chamadas para entrar no segundo semestre, gerando uma melhor ocupação das vagas. O edital prevê essa situação, e a UFMG sempre fez assim, com bons resultados.

Por que o modelo de duas entradas gerava muitas vagas remanescentes?
Além das vagas não ocupadas no próprio processo de sucessivas chamadas, também passou a ocorrer uma situação em que um grande número de alunos que ingressava no primeiro semestre participava de nova seleção do Sisu no semestre seguinte, deixando para trás a vaga anterior, que não pode ser ocupada imediatamente, pois o regimento da Universidade define que as vagas geradas dessa maneira só podem ser preenchidas por meio de transferência ou obtenção de novo título. Havia um número residual de vagas para essas duas modalidades e agora há uma quantidade muito mais expressiva de vagas ociosas. Isso gera um problema para a Universidade.

Um exemplo ilustra bem essa situação: oito alunos que entraram em Engenharia Mecânica no primeiro semestre de 2014 fizeram novamente o Sisu no segundo semestre e ingressaram em Engenharia de Controle e Automação. No mesmo período, dez alunos que entraram em Engenharia de Controle e Automação fizeram o movimento inverso. Esses alunos obviamente estão mais bem acomodados, mas deixaram 18 vagas abertas, que não podem ser imediatamente preenchidas. Custa muito caro para a UFMG e para a sociedade bancar esse movimento, embora ele tenha suas razões.

O que fazemos agora, ao adotar apenas uma entrada do Sisu para preencher todas as vagas, tem o efeito colateral de reduzir um pouco o processo de mudanças de curso. Sabemos que uma das características positivas do Sisu é a facilidade que proporciona de acesso às vagas e de trocas de curso. Isso tem valor, a Universidade gostaria de prover essa possibilidade, e o problema não é do aluno, mas acarreta dificuldades para a instituição, pois gera ociosidade de vagas. A decisão do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) foi fundamentada nessas questões. Claro que quem estiver insatisfeito com seu curso deve tentar ocupar outra vaga, mas com a seleção anual certamente muda a estratégia dos candidatos, que talvez passarão a se arriscar menos e a buscar mais informações para auxiliar na decisão de escolha de um curso.

takahashi%20%28vertical%29%20-%20Luiza%20Ananda.jpg As vagas remanescentes não podem ser disponibilizadas no processo seletivo?
O regimento da UFMG não prevê a possibilidade de colocar essas vagas no processo seletivo inicial – apenas para as modalidades de transferência e obtenção de novo título. O assunto já está sendo posto em pauta, pois certamente, em um cenário de Sisu, mesmo com outras mudanças, muito provavelmente ainda vão sobrar mais vagas ociosas do que no cenário anterior, o vestibular. Por isso, estamos examinando a possibilidade de alterar essa regulamentação, mas mudança de regimento é algo complexo, que demanda discussão demorada, passando por muitas instâncias, e que deve ser resolvida por voto qualificado, não por maioria simples.

Essa mudança resolveria o problema das vagas ociosas?
Não. E por compreender isso, a UFMG já está em processo adiantado de discussão sobre o próprio modelo de entrada nos cursos. Talvez não se deva adotar um processo de entrada tão especificado a priori, talvez devesse haver a possibilidade de o aluno primeiro entrar em uma estrutura que agregasse cursos afins. E só mais à frente ele faria a opção definitiva de curso. A Universidade terá de rever um pouco sua estrutura de organização para chegar a um processo um pouco mais eficaz e academicamente mais bem justificado. Na discussão com coordenadores de cursos e diretores de unidades acadêmicas, tem sido opinião relativamente unânime que talvez não se justifique essa fragmentação hoje verificada, que exige que os alunos definam seus cursos de destino ao entrar para a Universidade.

A UFMG está comprometida com esse debate e pretende dar passos para mudar essa realidade. Esse movimento depende de um engajamento da comunidade no debate, assim como de um estudo mais minucioso sobre quais mudanças devem ser feitas, que envolveriam alterações nos currículos e nas formas de organização da vida acadêmica. Esse processo está em estágio avançado de discussão. Nossa expectativa é concluir a discussão ainda em 2016, para talvez já ter resultados em 2017. Mas isso depende de inúmeros atores e da concordância de várias instâncias da Universidade.

Em 2016, a Lei de Cotas chega à sua última fase de implementação. O que muda para a UFMG?
Está no imaginário da sociedade que os alunos cotistas terão grande dificuldade acadêmica, mas na UFMG ocorre exatamente o contrário. Desde 2013, temos recebido estudantes que entram por meio de cotas, e a surpresa foram as notas de corte desses alunos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), maiores do que as dos alunos que entraram sem as cotas, antes dessa lei. O Sisu causou uma enorme elevação na competitividade, quadruplicando o número de candidaturas às vagas da UFMG. Os cursos que eram pouco concorridos, com média de dois candidatos por vaga, hoje têm pelo menos 13 candidatos por vaga. Assim, mesmo os estudantes cotistas que entram nesses cursos tendem a ter um desempenho melhor do que os que não eram cotistas antes da aplicação da Lei.

Estudos realizados pela Pró-reitoria de Graduação (Prograd), com dados históricos de alunos assistidos pela Fundação Universitária Mendes Pimentel (Fump), mostram que, em quase todos os cursos, mais da metade desses alunos têm rendimento e desempenho acadêmico superior ao da média dos estudantes que não dependem da assistência estudantil. Com relação à evasão, os assistidos pela Fump e, mais recentemente, os beneficiados pelas cotas têm 50% menos chances de abandonar os cursos em comparação com os alunos não beneficiados por esses programas.

O que muda do ponto de vista da assistência estudantil?
A UFMG mantém, desde sempre, programas de assistência que possibilitam a estudantes de baixa renda, de vulnerabilidade socioeconômica, seguir os estudos e continuar na Universidade. Academicamente, não se espera nenhuma mudança no perfil dos estudantes em 2016, com a chegada de mais cotistas. Mas, no que diz respeito a necessidades socioeconômicas e de vulnerabilidade social, existe uma mudança em curso, pois haverá maior necessidade de prover assistência estudantil. O que projetamos para 2016 é um número maior de alunos necessitando de assistência, o que vai provocar o crescimento da demanda sobre os recursos disponíveis para esse fim.

Leia também sobre a entrada única nos cursos de graduação na edição especial do Boletim UFMG.

(Ana Rita Araújo)

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