Começou na manhã desta quarta-feira, 13, no ICB, a 4ª Monitoria do Plano de Ação Nacional para Conservação de Répteis e Anfíbios Ameaçados de Extinção da Serra do Espinhaço (PAN Herpetofauna da Serra do Espinhaço). O evento reúne, até a próxima sexta, 15, representantes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do Comitê de Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço (órgão vinculado à Unesco), de parques nacionais e estaduais, ONGs e pesquisadores da UFMG e de outras instituições do Estado. O professor Paulo Christiano Anchietta Garcia, do Departamento de Zoologia, explica que, nos últimos cinco anos, o ICMBio, órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, começou a investigar, no Brasil, fauna e flora ameaçadas de extinção. “O órgão priorizou a catalogação das espécies que correm risco de desaparecer nas próximas décadas, levando em conta critérios internacionais. Nessa avaliação, os técnicos do ICMBio identificaram áreas prioritárias para conservação de anfíbios e répteis no Brasil”, explica o professor. Uma dessas áreas é a Serra do Espinhaço, cadeia montanhosa que se estende pelos estados de Minas Gerais e Bahia. Na região, há 259 espécies de répteis e anfíbios identificadas, das quais 11 ameaçadas de desaparecimento. “Isso se deve a variáveis antrópicas – resultantes da ação humana, como turismo, exploração mineral e monocultura – e naturais”, afirma Paulo Garcia, que destaca ainda a necessidade de se levar em conta até que ponto fatores naturais, como as mudanças climáticas, são intensificados também pela ação humana. Causas O PAN Herpetofauna da Serra do Espinhaço reúne 10,8% das espécies identificadas na região. Além das 11 espécies ameaçadas de extinção, também são contempladas, pelas ações previstas, outras 17, que, embora não estejam em risco iminente, também foram identificadas como importantes para o ecossistema da região. A construção dos planos de ação, coordenada pelo Instituto, busca reunir todos os responsáveis por atividades relacionadas ao processo de ameaça às espécies, como agricultores, municípios, organizadores de atividades turísticas e de lazer. “A ideia é identificar práticas e ações que comprometem a perpetuação das espécies e propor mecanismos para evitar ou reduzir seus impactos com a participação dos atores envolvidos”, explica Paulo Garcia. As ferramentas previstas pelo PAN incluem desde a educação ambiental até mecanismos para modificar fatores políticos e econômicos que reduzam os impactos negativos às espécies ao ambiente. Os planos são construídos para um período de cinco anos, com monitorias realizadas anualmente. ”Esta é a quarta monitoria do PAN para Conservação das Espécies de Anfíbios e Répteis Ameaçadas da Serra do Espinhaço e a segunda que é realizada na UFMG. É o momento em que nos reunimos para avaliar o andamento das ações propostas”, completa Paulo Garcia. A ideia da monitoria anual, segundo o professor, é verificar se as intervenções previstas para cada problema estão sendo efetivas. “Esses grupos menores que ficam responsáveis pelas monitorias checam se os planos propostos estão sendo executados e se precisam ser alterados. Além disso, verificam os produtos resultantes desse processo”, explica. O evento é coordenado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Répteis e Anfíbios (RAN) do ICMBio, com o apoio do Departamento de Zoologia e dos programas de Pós-graduação em Zoologia (PG-Zoo) e Ecologia Conservação e Manejo da Vida Silvestre (ECMVS) do ICB. (Hugo Rafael)
Paulo Garcia explica que é preciso descobrir as causas que ameaçam fauna e flora. “O primeiro passo é identificar esses fatores, para, em um segundo momento, conseguir estancá-los e diminuir sua influência nas espécies e em seu ambiente. É nesse contexto que surgem os Planos de Ação Nacionais (PANs) organizados pelo ICMBio”, afirma o professor, membro do Grupo de Assessoramento Técnico (GAT) do PAN Herpetofauna da Serra do Espinhaço.