Em palestra no campus Pampulha na tarde desta quarta-feira, 17, o professor Jorge Almeida Guimarães apresentou o modelo operacional praticado pela Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), que financia sem reembolso até um terço do valor dos projetos contratados com empresas parceiras. O Sistema Embrapii funciona por meio do credenciamento de unidades em Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs). Contrato assinado com a UFMG também nesta quarta-feira credencia o Departamento de Ciência da Computação (DCC) a sediar a Unidade Embrapii DCC-UFMG – Software para Sistemas Ciber-Físicos. “Estamos certos de que o esforço, a iniciativa e o êxito do DCC ao concorrer à chamada da Embrapii servirão de exemplo para outros departamentos da Universidade”, afirmou o reitor Jaime Ramírez. Foca Lisboa / UFMG “Sua presença à frente da Embrapii é uma segurança para todos nós, conhecedores do seu dinamismo e do esforço que o senhor tem empenhado para que todo o conhecimento produzido nas nossas instituições seja compartilhado e transferido para as indústrias do país”, disse o reitor. Recursos Cada empresa que estabelecer parceria com a Unidade Embrapii DCC-UFMG deve prover pelo menos um terço do valor do projeto pactuado. Os recursos financeiros a serem repassados à unidade são oriundos de contrato de gestão celebrado entre a empresa e a União, por intermédio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, com a interveniência do Ministério da Educação. Marina Gontijo / UFMG Guimarães lamentou a falta de centros de P&D nas indústrias brasileiras e o baixo investimento privado em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I). Também lembrou que nas últimas seis décadas houve grande investimento governamental em recursos humanos e capacitação de grupos de pesquisa em ICTs. “A Embrapii foi concebida para promover inovação na indústria”, ressaltou. Segundo ele, é papel do Sistema Embrapii conferir agilidade e flexibilidade à contratação e execução de projetos, fomentar a colaboração entre empresas e ICTs, aumentando o investimento privado em PD&I, já que o modelo possibilita a redução de custos e de riscos. Jorge Almeida Guimarães também defende que o Brasil aplique 2% do seu Produto Interno Bruto (PIB) em Ciência e Tecnologia, como fazem os países desenvolvidos, e não apenas o índice de 1,2% empregado atualmente. Citando pesquisa publicada em 2014 pela revista Science, Guimarães mostrou que as nações que estão à frente no investimento em ciência possuem três mil cientistas e engenheiros por milhão de habitantes, enquanto no Brasil essa relação é de apenas 700/1.000.000 Pioneirismo O comitê gestor da Unidade Embrapii DCC-UFMG é composto pelos professores Geraldo Robson Mateus, Alberto Laender, Nívio Ziviani, Mário Montenegro Campos, Wagner Meira Júnior e Antônio Alfredo Loureiro. O chefe do DCC, Nagib Cotrin Árabe, explica que a Embrapii é uma associação criada com a participação do governo federal para melhorar e acelerar as inovações na indústria brasileira. “Atento a esse movimento, e por entender que preenchia os requisitos na área de competência relacionada a tecnologias da informação e comunicação, o DCC, com a anuência da Reitoria, se candidatou e foi selecionado”, conta o professor. Em sua opinião, a parceria vai permitir que o DCC aumente sua interação com a indústria brasileira no desenvolvimento de projetos que resultem em produtos inovadores, tanto na área de tecnologia da informação como em setores correlatos que utilizam a informação e a comunicação como insumos para solucionar seus problemas. Foca Lisboa / UFMG
Ao abrir o evento, em auditório do Instituto de Ciências Exatas (ICex), no campus Pampulha, o reitor destacou aspectos da trajetória de Jorge Almeida Guimarães, que presidiu a Capes por 11 anos, é pesquisador sênior do CNPq, professor titular aposentado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e pesquisador do Centro de Pesquisa Experimental do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, onde coordena o Laboratório de Bioquímica Farmacológica.
A Unidade Embrapii DCC-UFMG vai receber cerca de R$ 13 milhões em seis anos e deve realizar prospecção de empresas que tenham interesse em trabalhar, de forma cooperativa, no desenvolvimento de plataformas computacionais capazes de coletar dados das mais diversas fontes, armazená-los e processá-los de modo a gerar conhecimento para orientar tomadas de decisão.
“Esse modelo veio para trazer uma aproximação cada vez maior entre os ICTs e as empresas”, afirmou Jorge Almeida Guimarães, ressaltando que os recursos da Embrapii são privados, o que confere flexibilidade e agilidade aos contratos. Segundo ele, com o credenciamento de novas unidades e o funcionamento das 28 já existentes, o Sistema Embrapii espera reverter, até 2019, o índice de aplicação de recursos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) no país, que hoje é de 60% de fontes públicas e 40% privadas.
Selecionado em chamada pública da Embrapii, lançada há um ano, o Departamento de Ciência da Computação (DCC) precisou apresentar plano de ação para seis anos, comprovar que possuía excelência reconhecida em sua área de atuação, infraestrutura física e pessoal qualificado, prospecção proativa, gestão profissional de projetos e mapeamentos de potenciais clientes.
Contrato com Embrapii foi assinado por Nagib Cotrim, chefe do DCC (à esquerda), Antônio Flávio Alcântara, diretor do ICEx, reitor Jaime Ramírez e Jorge Guimarães, diretor-presidente do Sistema Embrapii