Nesta quinta-feira, 17, a partir das 17h30, o pesquisador Cleber Araújo Cabral lança o livro Mares interiores: correspondência de Murilo Rubião & Otto Lara Resende, no colóquio Herdar, reescrever: centenário de Murilo Rubião, que será realizado no Memorial Minas Gerais Vale, na Praça da Liberdade, 640, Savassi. A obra é um desdobramento de tese defendida por Cleber no início do ano na Faculdade de Letras. Além de Mares interiores, a tese resultou em livro sobre a correspondência entre Murilo e Mário de Andrade, que chega às livrarias nos próximos meses pela Edusp. Na tese, o pesquisador também trabalha com as correspondências trocadas por Murilo e Fernando Sabino. Mares interiores é uma coedição da Editora UFMG e da Autêntica. Cleber Cabral organizou as correspondências pensando a interlocução e trajetória dos escritores como processos de formação e de construção de caráter, de valor literário e, ao mesmo tempo, a partir de uma perspectiva histórica, como documentos capazes de oferecer uma perspectiva singular sobre o Brasil moderno. O livro foi dividido em três fases: a das cartas que “abreviavam a distância entre Belo Horizonte e Rio de Janeiro” (1945-1952), como escreve o pesquisador, a das epístolas que ligavam Madri a Bruxelas (1957-1959) e das correspondências que faziam a ponte aérea entre Belo Horizonte e Lisboa (1966-1991). Nessa terceira parte, também estão reunidas as últimas cartas trocadas entre os dois no fluxo entre Belo Horizonte e Rio de Janeiro, fechando, de certa forma, o ciclo de formação que funcionou como chave para a leitura da correspondência. “Duas linhas de força atravessam e estruturam o diálogo entre Murilo e Otto: o processo de conhecimento de si e a especulação sobre o destino literário de ambos”, explica Cleber. “Nas correspondências, a carta assume essa função de zona franca, de confessionário, mas também de laboratório, de espaço de troca de ideias, o espaço da escrita compartilhada, feita mediante a permuta de manuscritos. É, sobretudo, um lugar de ‘puxar esquecidas angústias’”. Além da transcrição anotada das cartas, garimpadas em diferentes acervos brasileiros, o livro conta com perfis dos dois escritores e com depoimentos e textos literários até então inéditos em livro. Herança reescrita Segundo os organizadores, no evento serão abordados o arquivo do escritor, sua fortuna crítica e “o leitor visto como herdeiro, isto é, aquele que não só recebe e conserva uma herança cultural, mas que escolhe receber essa herança para reordená-la, a fim de deslocá-la e remetê-la a outros destino”. As inscrições para o colóquio podem ser feitas por meio deste formulário.
O colóquio Herdar, reescrever: centenário de Murilo Rubião é organizado por Cleber e por Marcelino Rodrigues, professor da Faculdade de Letras da UFMG e diretor do Acervo de Escritores Mineiros da UFMG. A programação do evento, que segue até sexta, 18, com mesas-redondas das quais participam professores da UFMG e de outras universidades do Brasil, pode ser consultada no site do evento.