Na abertura da conferência, na noite do próximo domingo, 4, na Rhodes University, o professor Eufrânio Júnior apresentará resultados de pesquisas em curso na UFMG que buscam desenvolver metodologias sintéticas eficientes e práticas para obtenção de moléculas bioativas que podem ser utilizadas no combate a alguns tipos de câncer e ao Trypanosoma cruzi (causador da doença de Chagas). “As pesquisas visam à aplicabilidade de nossas descobertas. Uma delas está relacionada à química medicinal. Diversas moléculas obtidas tiveram avaliada sua aplicação contra linhagens de células tumorais e contra parasitos, com resultados promissores”, explica. O objetivo é tornar o processo de obtenção dessas moléculas mais rápido e prático. Internacionalização A participação na edição de 2016 integra os esforços da UFMG, em especial do Departamento de Química, visando à internacionalização e à intensificação das parcerias com instituições de pesquisa sediadas em países do BRICS (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). No âmbito do BRICS, o professor Eufrânio Júnior destaca as parcerias mantidas com a Rhodes University, na África do Sul, e com o Instituto Indiano de Tecnologia, em Mumbai, onde ele apresenta conferência na 21ª Conferência Internacional de Síntese Orgânica (Icos 21), no dia 14 dezembro, e no próprio Instituto, no dia 20 de dezembro. O evento, organizado bienalmente pela União Internacional de Química Pura e Aplicada (Iupac), reúne pesquisadores de várias partes do mundo para discutir novos tópicos no campo da química orgânica. A parceria com o Instituto Indiano de Tecnologia começou em 2014, e o objetivo é aprofundá-la a partir de 2017, com o envio de estudantes da pós-graduação em Química da UFMG para intercâmbios no Instituto. “Conseguimos aprovar um projeto com a Índia, que nos permitiu receber, na UFMG, o pesquisador Irishi Namboothiri, com quem já temos seis publicações relevantes. Nosso objetivo é aprofundar a parceria e expandi-la para todo o Departamento. Queremos receber estudantes que não precisam necessariamente estar vinculados às nossas pesquisas”, destaca Eufrânio Júnior. Nesse sentido, um acordo bilateral entre as instituições começou a ser discutido no início deste ano, com a chancela da Diretoria de Relações Internacionais (DRI). Durante a Icos 21, Eufrânio Júnior pretende dar seguimento a esse processo com representantes do Instituto Indiano de Tecnologia. A parceria será focada principalmente no envio e na acolhida de estudantes de pós-graduação. “Um acordo formal de cooperação incidirá diretamente no processo de intercâmbio, tornando mais ágil nosso trabalho conjunto”, defende. O professor acredita que a parceria também trará ganhos para as pesquisas desenvolvidas na UFMG. “A Índia está em franca evolução na área de química orgânica. O país possui institutos de pesquisa avançados, presentes em todos os estados, que contam com ampla estrutura física e pesquisadores dedicados”, contextualiza. Além disso, na visão de Eufrânio Júnior, os pesquisadores indianos têm uma cultura científica bastante competitiva, o que tem-se refletido em publicações em revistas com alto índice de impacto, como a Organic Letters e a Chemical Communications, duas das mais importantes da área. “No primeiro projeto desenvolvido em parceria com o professor Namboothiri, conseguimos uma publicação selecionada para estampar a capa da Chemical Communications”, destaca. Com a África do Sul, a parceria, que começou em 2010, também resultou em publicação em importante revista da área, a European Journal of Medicinal Chemistry. (Hugo Rafael) O professor Eufrânio N. da Silva Júnior [em foto de seu arquivo pessoal], do Departamento de Química do Instituto de Ciências Exatas (ICEx) da UFMG, embarca, nesta hoje, 2, para a África do Sul, onde ministra o seminário de abertura da Conferência Frank Warren, a mais importante da área de química orgânica do país, realizada desde 1961.
A conferência sul-africana homenageia o inglês Frank Warren, um dos mais relevantes químicos de sua geração, que lecionou e realizou pesquisas na África do Sul, onde contribuiu para o desenvolvimento de uma comunidade de pesquisadores na área de química orgânica. Em 1961, ano da primeira conferência, Warren recebeu a Medalha da África do Sul e, após a sua morte, em 1980, as conferências passaram a celebrar seu legado.