Universidade Federal de Minas Gerais

Fotos: Foca Lisboa / UFMG
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Alberto Filipe: "não há reflexão que possa nascer fora da esfera do silêncio interior consagrado"

'Imperializante', sociedade da comunicação não deixa o silêncio existir e fragiliza a democracia, afirma pesquisador português

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017, às 13h48

A sociedade da comunicação se transformou em uma “sociedade do ruído”, que está matando a competência humana de pensar de forma complexa e comprometendo dramaticamente a produção de conhecimento. A análise é do professor Alberto Filipe Ribeiro de Abreu Araújo, da Universidade do Minho (Portugal), que, em curta estada na UFMG, participa de reuniões para estruturar um grupo internacional de pesquisa.

Sua reflexão se baseia no valor do silêncio, que, por sua vez, é desprezado pela sociedade contemporânea. “A comunicação praticamente não deixa o silêncio existir porque se tornou demasiado invasiva e imperializante”, afirma o professor, que vê no fenômeno uma ameaça à democracia, uma vez que “o barulho do mundo atual gera uma nova forma de ignorância”.

Na manhã desta quarta-feira, dia 1º, Alberto Filipe expôs suas ideias na conferência Da contemplação do(s) silêncio(s) à palavra iniciática, ministrada na Escola de Ciência da Informação. Antes da atividade, ele recebeu a reportagem do Portal UFMG para esta entrevista, na qual defendeu a tese de que somente o silêncio pode favorecer uma reflexão que conduza ao desenvolvimento do espírito crítico. Leia os principais trechos da conversa.

Em sua visão, o que é silêncio?
A noção de silêncio é polissêmica; ela encerra em si uma multitude de sentidos. Quando se fala em silêncio, a maioria das pessoas pensa em uma relação binômica e antinômica, como uma noção oposta ao barulho, ao som, à fala, à conversação, ao ruído. Porém, na tradição filosófica, sabemos que pensar a realidade em pares binômicos ou antinômicos é reducionista e simplifica o que é por natureza complexo. Dito isso, começaria por afirmar de forma veemente que o silêncio, como tema humano universal, representa uma força antropológica, ontológica, ética e educacional de longo alcance. E esse alcance implica uma responsabilidade reflexiva para aqueles que se dedicam ao tema. Aparentemente, o silêncio é a privação do som e da palavra, ou seja, ele é vazio: uma desfiguração carnal e espiritual da vocação do humano para se exprimir mediante a linguagem. Mas só aparentemente. Na essência, o silêncio é esperança: ele transfigura o sentido, quer no plano pessoal, individual ou subjetivo, quer no plano mais universal e cultural.

Há, portanto, mais de um tipo de silêncio?
São dois tipos básicos: o exterior e o interior. Não exalto aqui o silêncio exterior, que aparentemente é – mas só aparentemente – uma falta, uma ausência, um vazio, mas, sim, o interior, voluntário, que não apostasia a linguagem: antes, usa-a para valorizar o sentido humano, a liberdade do espírito. Em certa medida, esse silêncio se apresenta como pertencente à esfera do sagrado, por ser fascinante e tremendo e por despertar naquele que o vivencia um sentimento ora de terror, ora de espanto; e de meditação, tranquilidade, reflexão, quietude, discernimento. Vive-se o silêncio como uma experiência multifacetada que ora surpreende, ora assusta. Daí podermos dizer que ele não é mero fenômeno mental assaz complexo, mas também estranhamente emocional, profundamente íntimo. Se, por um lado, a experiência do silêncio está mais intimamente ligada à cultura, por outro, ela é pessoal e intransmissível por aquele que a vive.

Sara Maitland, em O livro do silêncio, escreve que é “possível sentir o silêncio exterior sem qualquer noção do silêncio interior e, em alguns casos, o inverso”. Ela diz: “O silêncio é multifacetado, um tecido densamente entrelaçado de muitos cordões e fios diferentes”. O silêncio é um momento de consciência, de responsabilidade e, por excelência, de atenção ao outro. Por isso, deve ser privilegiado.

O senhor parece considerar o silêncio uma grande força...
A força do silêncio transborda a sua mera dimensão intelectual para se afirmar mais como um silêncio íntimo e de pudor. Trato aqui de um tipo de silêncio que nunca pode ser obrigatório ou imposto, senão seria o silêncio da vítima; antes, ele tem de ser desejado e merecido. Melhor: aquele que se dedica ao silêncio não o elege; eu diria que é eleito por ele. O silêncio escolhe aquele que a ele se dedica, e este tem de conquistar o silêncio, abrindo-se voluntariamente a ele e insurgindo-se contra a ditadura do ruído. A temática do silêncio é exigente, arriscada, complexa, profunda e cheia de meandros que precisam ser enfrentados por aquele que deseja melhor compreendê-lo.

A que exatamente o senhor se refere quando fala em “silêncio da vítima”?
Falo do silêncio imposto, sempre terrível, até mesmo letal; um silêncio oposto ao silêncio desejado, do qual falava antes. Refiro-me ao silêncio da opressão, das ditaduras, o silêncio a que as ditaduras obrigam. Falo mesmo de certo tipo de silêncio a que o populismo presente na Europa e fora da Europa também convida. O silêncio como opção pode ser criativo e gerar autoconhecimento, integração e profunda alegria. Ser silenciado, em contrapartida, pode levar uma pessoa à loucura. Esse é o silêncio da vítima, um silêncio que nos é imposto.

DSC_9010.jpg O silêncio pode ser considerado um discurso? Em hipótese mais radical: uma linguagem?
O silêncio é uma linguagem não verbal, que comunica autrement, ou seja, de outro modo, e muitas vezes de modo até mais significacional que a linguagem verbal tout court. A comunicação é da ordem do interativo, enquanto o silêncio é da ordem do não interativo, embora tenha em si uma espécie de interação.

Na sociedade da comunicação e da informação, que muitas vezes é também uma sociedade do ruído, pensamos que só pela comunicação podemos significar e nos exprimir e que só comunicamos bem e com sentido se falamos. Assim, a comunicação, que se pretende utilitária, eficaz, urgente e saturante, tornou-se onipresente: o ambiente natural do mundo atual. Nesse sentido, ela surge assim como aquosa, numa “sociedade líquida”, como diria Zygmunt Bauman.

Portanto, não é de se estranhar que essa mesma sociedade da comunicação odeie o silêncio e até a própria Palavra [com maiúscula, quando o entrevistado a emprega exclusivamente como conceito], que é do domínio do tempo longo, da atenção ao outro, da alegria da troca e da reciprocidade, da paciência e da escuta. Esse tipo de comunicação, como salienta [o sociólogo e antropólogo] David Le Breton, põe o silêncio na posição de bode expiatório por todos os males da terra dos homens, na medida em que consagra a interioridade plena e critica toda uma comunicação desabrida e invasiva.

Aqui parece haver uma tensão entre a sociedade que valoriza o silêncio e a sociedade da comunicação...
O que está em causa aqui é a dimensão técnica da comunicação. Não a recusamos totalmente, mas somos fortemente críticos dela, em razão dessa sua dimensão técnica que implica uma vontade de controlar e de esmagar a esperança, quer seja a esperança do silêncio, quer seja a esperança da Palavra. Essa questão parece-me importante: deixarmos lugar para a esperança. E a esperança, a meu ver, sem procurar fazer divisões dicotômicas, está mais reconfortada, mais aconchegada no campo do silêncio. Na obra Le silence et la parole contre les excès de la communication [O silêncio e a palavra contra os excessos da comunicação], o próprio David Le Breton e Philippe Breton tratam dessa questão assim: “a tagarelice frenética da ideologia da comunicação é uma tecnização do sentido que nos aprisiona num mundo limitado, sem horizonte, no qual nos tornamos utensílios, figuras intercambiáveis, descartáveis, sem rosto nem voz”. O silêncio é o gerador da Palavra como espaço de troca, de argumentação, de debates e da própria ação. O silêncio e a Palavra convivem muito mal com o ruído comunicacional e tecnológico.

Nas suas reflexões, qual é a diferença entre “palavra” e “Palavra”?
Com minúscula, “palavra” faz parte da comunicação tout court; com maiúscula, “Palavra” remete ao sentido de “proclamar”; é algo mais ligado ao sagrado, ou seja, àquilo que é ruminado até a exaustão para só depois ser dito.

Por que o silêncio perdeu o protagonismo no decorrer das últimas décadas como recurso das relações humanas?
O silêncio, com exceção de alguns meios filosóficos e religiosos, nunca teve grande protagonismo no seio da comunicação humana. Ele esteve sempre marginalizado. Foi sempre alvo de poucos. A sociedade da comunicação e da informação é o corolário disso tudo: nela, o sujeito pós-moderno está tão enfeitiçado pela onipotência da linguagem, da comunicação, que devota a ela um culto diário – culto que antes era reservado às divindades, no plural ou no singular. Nesse sentido, há aqui uma transferência da esfera do religioso, do sagrado para a esfera do profano.

Uma das razões de o silêncio perder protagonismo é justamente esta: a sociedade atual é secular, profana e consagrou o uso da comunicação em detrimento do silêncio e da Palavra que proclama e institui um código de conduta, por exemplo. Sabemos que, em uma sociedade líquida, há certo horror à instituição de normas e regras, pois nela tudo é relativo. Assim, o silêncio faz-se raro e indizível, e isso nos lembra aquele pássaro que, acossado por seu predador, refugia-se nos altos cumes inacessíveis. A comunicação praticamente não deixa o silêncio existir em nossa sociedade atual porque se tornou demasiada invasiva e imperializante. Ela [a comunicação], que é meio, tornou-se, em muitos aspectos, uma antítese do silêncio e da Palavra, que é e deveria ser a finalidade.

DSC_9025.jpg O silêncio é esse pássaro que precisa fugir da sociedade que se criou ao seu redor...
O mesmo que ocorre a esse pássaro ocorre ao silêncio, que é intimamente solidário da Palavra porque ambos se alimentam mutuamente. Acossados pelo barulho e pelo desprezo à comunicação sacrossanta dos séculos 20 e 21 e, sobretudo, a partir das tecnologias de comunicação, o silêncio e a Palavra se tornaram mais raros, mais inacessíveis, mas nem por isso menos importantes na vida espiritual.

A ideologia da comunicação, estabelecida em nome do mito da convivialidade, do mito da transparência, tornou-se uma espécie de frankenstein, sem rosto e à solta, e segue arrebatando com muito sucesso os sujeitos que fazem das palavras a sua forma privilegiada de existir. Hoje, substituímos o “penso, logo existo”, de Descartes, pelo “falo, logo existo”. Contudo, falar não é, como se sabe, sempre um sinônimo de existir.

Como o silêncio pode ser instrumento de construção de saber?
O silêncio serve à construção do saber pela simples razão de que não há reflexão que possa nascer fora da esfera do silêncio interior consagrado [para o pesquisador, esse “silêncio interior” diz respeito a uma espécie de experiência espiritual – que pode ou não ser do tipo mística – desejada pelo sujeito na sua condição de aprendiz]. Dificilmente se pode pensar, refletir, criar e gerar autoconhecimento no seio do burburinho, no ambiente cacofônico em que as pessoas acham que sabem o que está sendo dito, enquanto cada uma delas, a propósito do que está sendo dito, está a pensar diferentemente. Isso é cacofonia. Eu poderia dizer que, quando expurga o silêncio, a sociedade da comunicação fica praticamente impossibilitada de construir o saber, de instituí-lo.

O senhor fala em certo valor pedagógico do silêncio. Do que se trata?
O silêncio adquire valor pedagógico quando aquele que o faz usa-o, à semelhança do Mestre, para que o Outro, mesmo o seu próximo, aprenda e compreenda certa mensagem falada. Essa mensagem, que prefiro chamar de proclamada, tende a adquirir maior pregnância quando é precedida ou seguida de um silêncio voluntário e refletido. É assim que se compreende que a Palavra iniciática brota de um pensar silencioso reflexivo e tende a regressar a ele, na medida em que se tem uma necessidade de meditar sobre cada Palavra proclamada. O silêncio vital e a Palavra absoluta alimentam-se entre si.

O silêncio também é fundamental para o processo educativo...
É de um valor imenso, e basta recordar a “Lição de silêncio”, da [pedagoga italiana] Maria Montessori para nos apercebermos que, mesmo as crianças da educação infantil têm o dom, quase natural, de compreender a sua importância nos seus trabalhos manuais e/ou de aprendizagem. As crianças devem aprender a ficar em silêncio para interiorizar o que foi construído e aprendido. Em silêncio, elas escutam músicas de relaxamento, o assobio dos passarinhos e o barulho das outras crianças no pátio. Em razão disso, ficam mais tranquilas e despertas para aquilo que é essencial. Aqui, o silêncio aparece como uma disciplina espiritual, que as deixa mais despertas para aprenderem as lições propriamente ditas.

Não é possível educar sem o pensamento, sem a reflexão, e ambos carecem de um silêncio pedagógico para serem produtivos, penetrantes e atuantes. Veja-se, por exemplo, que, no quadro da educação tradicional e religiosa, é por meio do olhar silencioso do Mestre que o discípulo adquire intuitivamente uma espécie de sabedoria, que o ajuda na sua formação. Somente no – e pelo – silêncio pode haver reflexão e o trabalho das ideias que brotam dessa mesma reflexão, que, por sua vez, conduz ao desenvolvimento do espírito crítico e à tomada de uma consciência social que urge e se impõe.

O que ganharíamos ao evocar novamente o silêncio em nosso atual regime de historicidade, que temos começado a denominar como contemporâneo?
Na “sociedade do ruído”, em que todos falam e ninguém se escuta, e o sujeito está quase sempre submerso em uma avalanche de informação e de dados que não controla e que o alienam, impõe-se parar pedagogicamente para dar lugar ao questionamento. Isso implica necessariamente a experiência do silêncio ativo e interrogante. No fundo, é pelo pensamento crítico propiciado pelo silêncio atuante que se pode, certamente, chegar àquilo que o grande educador brasileiro e do mundo Paulo Freire chamou de “educação problematizadora” (leia-se, a da criatividade) por oposição à “educação bancária” (leia-se, a da repetição), no livro A pedagogia do oprimido.

Contudo, o silêncio incomoda. Nós não gostamos daqueles que são silenciosos durante um debate. O silencioso muitas vezes aparece como sinônimo de taciturno, de alguém esquisito, difícil, que não respeita as regras sociais. As regras sociais dizem que um conjunto de pessoas juntas devem falar, devem se comunicar, e não estar em silêncio. A sociedade atual escolheu se tornar uma sociedade da comunicação e da informação por excelência, evacuando o silêncio como algo prejudicial, não produtivo, nefasto, que deveria ser mantido longe da prática cotidiana da convivialidade e dos processos de construção de saber. Demasiada orgulhosa de suas conquistas, a sociedade contemporânea se julga a grande vencedora do seu tempo, quando, sendo uma sociedade da comunicação, da informação, faz do barulho o grande vencedor.

A sociedade da comunicação deveria integrar o valor pedagógico, construtivo e terapêutico do silêncio, em vez de proceder com o intuito de expulsá-lo da sua prática. Comunicar sem privilegiar o silêncio implica comprometer o sentido dessa mesma comunicação e, por conseguinte, estilhaçá-lo numa cacofonia estéril e prejudicial a uma compreensão partilhada. Sobre isso, Philippe Breton e David Le Breton dizem: “O silêncio é necessário à palavra, ele introduz um espaço de respiração, de meditação. Ele é a respiração das conversas e o seu tempo.”


DSC_9026.jpg As redes sociais exercem protagonismo negativo nesse cenário?
A sociedade contemporânea fez das redes sociais que a medeiam o seu deus de adoração. A sociedade do nosso século muito fala, pouco acerta e quase nada escuta, daí toda a necessidade de se refletir sobre uma pedagogia do silêncio que implica necessariamente um saber ouvir [em silêncio], como que contemplando a palavra dita, para depois “ruminá-la”. Só uma palavra “ruminada”, purificada num silêncio redentor, vale a pena ser pronunciada, e, por conseguinte, esgotada.

A sociedade do século 21 pensa pouco, ou não pensa de todo, naquilo que diz. Consequentemente, tem um déficit muito grande de escuta, porque implica toda uma pedagogia que parece desconhecer ou secundarizar. Por isso, não admira que o ruído incessante esconda a banalidade e a [fina] espessura das relações interpessoais, da mesma maneira que o “fazer silêncio” siga parecendo uma atitude perigosa, ameaçadora e excêntrica.

Quais as principais implicações de se aceitar passivamente o estabelecimento dessa “sociedade do ruído”?
Se entendermos por “sociedade do ruído” aquela em que o sentido da compreensão, da explicação e da interpretação é estilhaçado pela cacofonia do excesso da comunicação, as implicações são de várias ordens. Recentemente, um importante estudo realizado por pesquisadores da Universidade Carnegie Mellon demonstrou que o aumento no uso da internet coincide com um aumento da solidão, problema acentuado na era do uso constante de redes como o Facebook e o Instagram e que pode fazer mal à saúde física e emocional das pessoas. Na prática, as redes sociais aumentam a sensação de angústia, ansiedade, inveja e frustração. O ser humano, alienado pela revolução digital, tornou-se cada vez mais isolado e individualista, embora esteja convencido do contrário. É esse convencimento que importa urgentemente desmitificar. O uso desmesurado das novas tecnologias torna os indivíduos escravos do celular, dos videogames ou do computador e, de um modo mais amplo, das redes sociais, impossibilitando-os de estabelecer o necessário distanciamento crítico para o trabalho reflexivo. Há uma espécie de mimetismo nesse pingue-pongue virtual, em que as pessoas acabam por se viciar.

Essa “interação” que as redes sociais proporcionariam não pode ser considerada tão dialógica quanto o diálogo que travamos ao longo desta entrevista?
Há uma diferença. Na relação virtual há a ausência de algo principal para que a palavra brote no seu fundo mais original: o rosto do outro. O olhar do outro, o gesto do outro, a presença do outro fazem a minha palavra se instituir de forma mais profunda e mais prolongada no tempo. Isso não condiz com a relação causal de pingue-pongue que estabelecemos, por exemplo, quando estamos numa relação de Skype.

A ilusão de ter o mundo na mão conduz a um esvaziamento do nosso espírito crítico e a uma submissão da opinião ministrada pelos meios de comunicação. Com isso, a juventude perde a capacidade de se expressar e se torna mais conformista e frágil, sem defesas face aos populismos crescentes. O ruído organizado e a distração afastam os momentos de silêncio e não possibilitam o desenvolvimento da nossa capacidade de pensar, de organizar as nossas ideias e de construir o próprio discurso. Isso consagra inelutavelmente a ascensão de uma nova ignorância, e, por conseguinte, fragiliza a democracia. A democracia fica mais frágil em razão de ignorâncias, seja do tipo antigo, seja essa nova ignorância, que advém dos meios digitais. Ironicamente, a revolução digital forma mais analfabetos funcionais do que propriamente sujeitos críticos e ativos, no sentido político do termo.

A ignorância contemporânea, mais do que qualquer outra, se ignora.
Exatamente! Isso ocorre porque a antiga ignorância se sabia ignorante. Já a atual, presa da soberba, se diz “conhecimento”.

Na sociedade do ruído, há uma avalanche de informações, uma proliferação de sons. Contudo, se tudo for espremido, pouco fica, como numa borra de café. Em razão da alienação promovida por essa sociedade, o sujeito sempre ligado à rede passa a ter muita dificuldade (devido à ausência de espírito crítico) de separar o joio do trigo. Mas a questão aqui não é diabolizar a revolução digital. Ela é importante quando analisada como meio. O problema surge quando ela se torna um fim em si mesma. Ela se torna um frankenstein à solta.

É em razão desse contexto que a geração hi-tech que adora o deus tecnologia e presta a ele um culto obsessivo e diário torna-se uma presa fácil dos populismos de cunho messianista e conservador, senão mesmo fascizante. Aqui, tome-se como exemplo os últimos desdobramentos vividos pela América com a eleição de Donald Trump. Se as redes sociais não são a causa de todos os males, nomeadamente de todos os tipos de populismos, pelo menos são seu grande fator de crescimento e consolidação. O culto hi-tech contribui para que uma nova ignorância se afirme, tornando a democracia mais frágil, com consequências que a Europa e os Estado Unidos já vêm nefastamente conhecendo.

(Ewerton Martins Ribeiro)

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