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Feira de Artesanato em Almenara: arte, diversidade e valorização

Por Polo Jequitinhonha em

Entre 23 e 26  de janeiro, a cidade de Almenara recebe mais uma edição da Feira de Artesanato do Vale do Jequitinhonha. O evento, que contará com a participação de mais de cem artesãos de todo o Vale, é um dos espaços de difusão e preservação da arte do Jequitinhonha, patrimônio imaterial do Estado de Minas Gerais. Para além do artesanato, a organização garante muitos atrativos para o público, da culinária local à música e à poesia.

Visitantes dos mais diversos lugares terão contato com aquilo que é produzido pelos artesãos do Vale. “A partir do momento em que você circula nessas feiras, com produtos feitos naquele lugar, você permite que as pessoas possam conhecê-los e saber, por exemplo, que Turmalina trabalha com cerâmica, Araçuaí tem um trabalho especial com madeira e por aí vai”, diz Vilmar Oliveira, Assessor Técnico de Artesanato e Turismo Rural da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG).

Quem visitar a Feira encontrará artesanato bem diversificado: cerâmica de Turmalina, de Santana do Araçuaí, paneleiras de Pasmado e Itinga, dentre muitos outros. O melhor ganho que o visitante obterá, todavia, será a troca de experiências. “Por exemplo, o artesão que trabalha com pintura natural ensina aquele que trabalha com tinta industrializada, e essa é uma grande troca, um grande benefício que a gente acaba não quantificando apesar de ser essencial”, completa o representante da Emater-MG.

As expectativas para o evento são grandes: nos anos anteriores, só com o artesanato, a feira movimentou o montante de 70 mil reais, excluindo os ganhos obtidos em restaurantes, bares e hotéis, segundo a Associação de Artesãos de Almenara (ARTA), o Instituto Sociocultural Valemais e a Emater-MG, responsáveis pelo evento. “Essa é uma das feiras mais esperadas pelos artesãos do Jequitinhonha porque traz uma lucratividade muito grande”, diz.

Bem heterogênea, a programação cultural é uma maneira de valorizar os artistas locais, contando, para isso, com apresentações de músicos renomados, como Pereira da Viola, Déa Trancoso, grupos regionais como o Coral das Lavadeiras de Almenara e Carlos Farias, Lucinho Cruz, Beatriz Farias, entre outros. Haverá, ainda, uma mostra de literatura, protagonizada por cerca de 30 poetas do Jequitinhonha que vêm divulgar seus trabalhos, presença indispensável não só para o evento, mas para os artistas, que terão a oportunidade de se tornarem mais conhecidos no Vale e fora dele

Arte diretamente de onde é produzida

Vilmar também ressalta o papel da Feira na preservação e consolidação da arte do Vale:  “Nós estamos percebendo que o importante nesse processo todo é, primeiramente, mostrar o artesanato no próprio Jequitinhonha para que o Vale conheça o quê ele produz. Turmalina não conhece os produtos de Almenara, e Almenara não conhece o que é feito em Medina; então, a nossa ideia é fazer com que o evento seja, de fato, um momento de troca”.

A feira homenageia artesãos da região. Segundo a representante do artesanato no Conselho Estadual de Cultura do Estado de Minas Gerais e membro da Rede de Artesanato do Vale do Jequitinhonha

Outra função agregada à Feira é a de promover a união entre os artistas e realizar reuniões com a intenção deles se organizarem em grupos. “Estamos chamando os artesãos para uma grande discussão em torno da Rede de Artesanato do Jequitinhonha, a qual incorporou recentemente o Norte de Minas. Então, será um lugar onde eles conversam e determinam, por exemplo, quais os passos e metas para os anos seguintes da Rede”, finaliza Vilmar.

Tradicionalmente, a feira homenageia artesãos da região. Segundo a representante do artesanato no Conselho Estadual de Cultura do Estado de Minas Gerais e membro da Rede de Artesanato do Vale do Jequitinhonha, Maria do Carmo Barbosa, o homenageado desta vez será o senhor João do Cipó, produtor dos mais diferentes objetos, desde sofás e cadeiras até chapéus e bolsas. As fibras naturais, matéria-prima de seu trabalho, são, além da habilidade do mestre, as responsáveis pela alta durabilidade das obras.

Maria do Carmo também fala do processo de inscrição para a Feira. “Depois que os artesãos fazem suas inscrições, é dada prioridade aos artesãos associados a alguma associação representativa da classe em sua cidade. Após isso, as associações indicam quem serão os participantes que estarão presentes na feira. Os inscritos que não fazem parte de associações são selecionados pela comissão que organiza o evento, obedecendo os critérios do Programa de Artesanato Brasileiro (PAB) e a capacidade da feira em receber e fornecer infraestrutura aos integrantes”, explica.


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