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Quimeras: o próximo passo de um artista-empreendedor

Por Polo Jequitinhonha em

Atenção. Jovem participa de oficina. Foto: Isabelle Chagas.

Moisés conseguiu provocar o riso da turma inteira ao contar o motivo que o levou à oficina Para falar em público: “vender meus geladinhos, né!”. Natural de Brasília, mas criado em Rubim (MG), o jovem produz e comercializa o próprio produto, dando continuidade ao trabalho que aprendeu com a mãe. Ainda pequeno, vendia doces, pães e suspiros de porta em porta para ajudar no sustento da família.

Comunicativo por natureza, como se define, Moisés explica o interesse pela atividade que integra a programação do 8° Encontro de Comunicadores do Vale do Jequitinhonha. “Falar em público é uma coisa que eu sempre faço, mas nunca estudei sobre isso. Então, a aula hoje é uma oportunidade para aprender mais”, conta. Nesta edição, ele contabiliza cinco anos de participação no Encontro.

Mas a comunicação, para Moisés, não para por aí: além de empreendedor, ele é ator, professor, agente cultural e um dos protagonistas da cultura do Vale. Em Ponto dos Volantes (MG), cidade onde reside atualmente, ele desenvolve diversos projetos, de cineclubismo à monitoria teatral. E muito dessa formação se deve à participação na Ong Vokuim, de Rubim, e nos Encontros de Comunicadores do Vale e no Festival de Cultura Popular do Vale do Jequitinhonha (Festivale), dos quais já é um veterano.

Entre tantas profissões e projetos, Moisés acaba se esquecendo de contar sobre a relação com o mundo das letras. São nos corredores do alojamento que conheço mais um de seus muitos talentos: ser reconhecido, aos 20 anos, como uma das vozes representativas da poesia produzida no Vale do Jequitinhonha. Foi na escrita de um diário, ainda na adolescência, que tudo começou. “Com o tempo, eu fui transformando os textos em poesias. Estudei como montar uma poesia, o que eu precisava fazer para não ser clichê, porque eu nunca gostei de ser igual aos outros, sempre quis ser diferente”, ele diz.

Foram nas redes sociais que sua literatura ganhou o mundo. “As pessoas começaram a me falar ‘ah, você escreve muito bem, suas poesias falam sobre mim, contam a minha história’, e isso me agradou muito”, conta Moisés. Com o tempo, o reconhecimento também veio dos concursos literários, dos quais foi ganhador em dois dos três que participou. Com O Velho e o Menino, foi consagrado em 1° lugar na categoria melhor poesia do I Fespoarti, realizado em Itinga, em 2017. No 3° Sarau Poesias Flutuantes, que aconteceu em Taiobeiras, ano passado, levou o segundo lugar com o texto O último dia.

O último dia
Moisés Silva

Sorrirei!
Sorrirei com vontade
Ao mar hei de amar,
amarei de verdade.
Viverei!
viverei sem vaidade
quando mentir for preciso
só lhe direi a verdade
e se eu disser mentira,
não me tenha piedade…
Me enforque!
Me mate!
Serei tão feliz,
pelos caminhos andados.
sentirei tanta saudade
do meu passado.
Chorarei também,
chorarei por desprezo
pela vida
a qual sempre estou preso.
Quando surgir outro sol
e me trouxer
alegria,
farei o mundo conspirar
como se fosse
magia
A lua será tão bela
e me trará euforia,
assim será na terra,
o meu último dia

Agora, o poeta se prepara para lançar seu primeiro livro ainda este ano, Quimeras, nome que vem de utopia e imaginação, como me explica. “Eu me coloco no tema romântico, porque eu sou dramático, faço peças teatrais dramáticas, e não queria que isso ficasse só no palco. Eu gosto de interagir com o público o tempo inteiro, e a poesia traz isso, porque ela te faz refletir”, Moisés declama, aos risos.

O belo tempo
Moisés Silva

O tempo passa, o tempo voa,
Vai e passa, passa a toa.
A tarde arde, a noite é tarde
ao som do vento,
que tão ciumento me faz alarde.
A luz da aurora,
que em ti cintila,
Te faz tranquila
em nosso amor,
Em nosso canto de amor,
canto como canto
de louvor
doce sem amargor,
sem dó, sem dor…
E horror.
O murmúrio utópico
da noite
vem e vai,
O medo óptico
da madrugada
Em mim recai.
Desculpe-me, deixei o
amor excessivo, possessivo,
Obsessivo me levar
sem me contentar
Com as rimas de um poeta
Não consigo mais parar
Com a grandeza
desse mundo esteta
Boa noite, irei me deitar!

Moisés recita poema O belo tempo, de sua autoria.

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