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Democratização da comunicação: entrevista com Raquel Baster

Por Polo Jequitinhonha em

Por Herena Barcelos*

Democratização. Raquel fala sobre as mídias brasileiras. Foto: Isabelle Chagas.

Raquel Baster é jornalista, educadora popular, trabalha com formação em comunicação popular no Coletivo Intervozes. No 8° ECVJ, ela integrou as rodas de conversa com-isderar – Comunicação como prática emancipatória: relatos de experiência e Comunicação enquanto direito humano no Brasil.

Herena: Qual o atual cenário da comunicação brasileira?

Raquel: Hoje, no Brasil, existem quatro tipos de comunicação: a) a privada, que tem fins lucrativos, como a Rede Globo; b) a pública, que vai ao encontro dos interesses coletivos, como a TV BRASIL; c) a popular, feita com o povo e pelo povo, como a assessoria dentro de eventos locais; e d) a estatal, como a TV Senado. O que falta é a igualdade de fala: a comunicação privada representa quase 100% do que é produzido. Além disso, existe um monopólio: são poucos os grupos familiares que dominam esses espaços de comunicação.

H: O que já existe de legislação para comunicação no Brasil?

R: A principal referência é o capítulo 5 da Constituição Brasileira. Temos também a Lei da radiodifusão, que é um documento mais antigo e que precisa ser ampliado, o Marco Civil da internet, a Lei de Proteção de Cados, entre outros.

H: Como se dá a luta pela democratização da comunicação?

R: Essa luta passa pelos diferentes espaços de comunicação: na internet, na comunicação pública e popular e, sobretudo, na radiodifusão. A ideia é conseguir minimamente uma representação dos quatro tipos de comunicação no processo de concessão pública. O desejo é criar leis complementares, que possam regulamentar e fazer acontecer essa democratização. Nessa proposta de igualdade e respeito na comunicação, existe um projeto de lei “Mídia Democrática”, que pode ser encontrado no site do Fórum Nacional de Democratização da Comunicação (FNDC). O projeto consta no Congresso, mas ainda não foi discutido.

H: Como você vê a comunicação no Vale do Jequitinhonha?

R: Aqui, no Vale, há exemplos de comunicação enquanto espaço de cidadania, como o próprio Encontro de Comunicadores. Além do aprendizado instrumental, de manusear equipamentos, construir zines ou aprender técnicas jornalísticas, é importante trabalhar onde essas técnicas estão inseridas e em que engrenagens elas se encaixam. Junto às técnicas, vem a visão crítica do processo de fazer informação, de potencializar a comunicação e a participação social. É preciso pensar em permear espaços de controle social, fomentar rodas de conversas e estimular o pensamento crítico. Outro fator essencial é pensar na continuidade, o que demanda organização, formação de redes e trabalho colaborativo, para contrapor as narrativas dominantes.

Para saber mais, visite: http://intervozes.org.br/

Entrevista publicada na Zine NÓS POR NÓS – COBERTURA COLABORATIVA DO 8° ECVJ. Acesse:

*Herena Barcelos é nutricionista, escritora, poetisa, comunicadora popular e agente cultural. Natural de Itinga (MG), ela foi uma das idealizadoras da oficina ZINE ECVJ (Fanzine), realizado no 8° Encontro de Comunicadores do Vale do Jequitinhonha (ECVJ).



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