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Produção cinematográfica exalta beleza do Jequitinhonha com vozes de moradores

Por Polo Jequitinhonha em

Exibido durante a 20ª Feira de Artesanato do Vale na UFMG, o documentário Yékity – A Vida Fio a Fio é uma produção de Marco Diniz e faz parte de seu projeto de mestrado, defendido recentemente na Universidade de Montréal. O diretor, que mora e estuda no Canadá e conhecia apenas Diamantina, logo encantou-se pelo Vale, a ponto de eleger as riquezas da região e a vida do povo como seu objeto de pesquisa.

Mineiro de Itapecerica, ele conta por que escolheu o Jequitinhonha. “Pensei em realizar o documentário nessa região devido, sobretudo, à peculiaridade de seu povo, a resiliência… Enfim, toda a riqueza que vem das mãos dos artesãos”, diz. Além das diversas viagens e do processo de produção longo, ele também precisou lidar com limitações de tempo e recursos por não residir no Brasil. “Devido à distância ou à impossibilidade de encontrar pessoas na ocasião, nem todas as entrevistas foram possíveis”, compartilha.

Ao final do projeto, além de uma tese e um vídeo, o cineasta também renovou a bagagem com novas experiências, conhecimentos e maneiras de enxergar o mundo. Uma das responsáveis por isso, segundo Diniz, foi Terezinha Furiati, produtora cultural que tem uma relação muito estreita com o Vale e com o Programa Polo Jequitinhonha UFMG (a publicação Sabença, que tem Furiati como uma das organizadoras, é um exemplo disso). “Ela havia me advertido sobre a revelação que seria o Vale em minha vida. Eu diria que voltei outra pessoa e aprendi muito com as pessoas que encontrei. Estou com vontade de voltar”, afirma.

Um rio cheio de peixes

A vida fio a fio é um poema visual contado pelos habitantes do Vale do Jequitinhonha. O fio condutor é o próprio rio, antes e depois da chegada da luz, além do legado histórico e cultural das primeiras nações indígenas e dos quilombos até a chegada dos ex-combatentes da Guerra do Paraguai, finalizada em 1870.

Ora na fala do frei holandês radicado na região, Francisco van der Poel, o Frei Chico,  ora na fala do compositor e cantor Rubinho do Vale, o filme não só mostra a cultura local, como também a vida dos artesãos, moradores e artistas populares, abordando suas histórias, arte, músicas e lendas.

Na primeira cena de Yékity, a câmera  mergulha no Rio São Lourenço, em Montreal (Canadá), e emerge das águas dos rios Araçuaí e Jequitinhonha, bem no encontro entre os dois. Assim começa a viagem, que percorreu 1.600 km entre idas e vindas, de Diamantina à Araçuaí, passando pelos municípios de Guinda, Galheiros e Itira, pontos escolhidos para as filmagens.

As brincadeiras à luz da lua, a vida até então sem energia elétrica, os indígenas e também os quilombos. Novos elementos são trazidos para a narrativa pelos protagonistas dessas vivências. Uma delas é Dona Miúda, que, com sua história sobre a mula sem cabeça, deixa crianças e adultos de ouvidos atentos. Na visão do diretor, a produção é um “pequeno, mas rico poema sobre as pessoas, as histórias, a essência do Vale do Jequitinhonha”.

Por se tratar de um projeto de mestrado, não há previsão de lançamento da obra. Assista ao trailer clicando aqui.


Yékity – A Vida Fio a Fio

Realização: Marco Diniz

Ano: 2018

Origem: Brasil/Canadá

Direção de Fotografia: Wagner Tibiriça

Edição: Felipe Carrelli

Produtores: Marco Diniz e Wagner Tibiriça

Música original: Rubinho do Vale

Com a participação de: Terezinha Furiati, Rubinho do Vale, Wagner Tibiriça, Nino Aras e Felipe Carrelli

Em Araçuaí:

José Pereira, Josefa Alves dos Reis (Zefa) e Geralda Chaves Soares

Em Galheiros:

Maria de Araújo Borges (Lia Borges) e Ivanette Borges

Em Guinda:

Nino Aras e Mara Tameirao

Em Itira:

José Aparecido Siqueira

Em São João da Chapada:

Terezinha Sanguinete, Laercio Sanguinete, Dona Miúda e os dançarinos de Chula

Em Diamantina:

Ricardo Luiz

Em Belo Horizonte:

Francisco van de Poel (Frei Chico).



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