Empatia, companheirismo e luta

Por Polo Jequitinhonha em

Nove anos de Fórum da Mulher no Vale Jequitinhonha


Luta. Mulheres pelas ruas de Berilo. Foto: Beatriz Costa

Nos dias 23 e 24 de agosto aconteceu em Berilo a nona edição do evento. A ideia original do Fórum surgiu durante o V seminário Visões do Vale, ocorrido em 2010 e realizado pelo Programa Polo de Integração da UFMG no Vale do Jequitinhonha, no qual teve grande importância a questão da violência contra a mulher. Foi a partir desse marco que Maria Alice Braga, coordenadora da Faop (Fundação de Arte de Ouro Preto), idealizou o Fórum da Mulher do Jequitinhonha como um espaço para abordar questões importantes que marcam a vida daquelas mulheres, entendendo e reconhecendo tal demanda como central.

Maria das Dores Pimentel, mais conhecida como Marizinha, Coordenadora do Programa Polo de Integração da UFMG no Vale do Jequitinhonha e que ocupava, na época, o cargo de  pró-reitora adjunta de extensão da UFMG, explica que o encontro articula-se, desde sua concepção, ao programa de extensão criado em 1996 e que desenvolveu, em sua trajetória, inúmeras ações nas comunidades do Vale. Desse modo, o Fórum foi pensado e idealizado com as mulheres do Vale, e não para elas, seguindo as diretrizes de extensão e visando ampliar o impacto social da formação acadêmica junto às comunidades, considerando-as como sujeito do seu processo de desenvolvimento e cidadania.


Companheirismo. Marizinha, apoiadora do evento, no último Fórum. Foto: Beatriz Costa

Dentre os vários marcos do evento, Marizinha salienta como o IV Fórum foi significativo, especialmente no combate à violência de gênero. Realizado em Araçuaí, o evento contou com o Ônibus Lilás, especializado no atendimento de mulheres vítimas de assédio, e as políticas municipais de prevenção da violência contra a mulher foram debatidas. Além disso, esse foi o primeiro encontro no qual ocorreu um ato público, com uma passeata pela cidade que animou as participantes e chamou atenção da comunidade para as demandas femininas. 

Um dos principais norteadores do Fórum é combater o isolamento que muitas vezes marcam as associações e grupos femininos no Vale. Mesmo compartilhando de realidades relativamente comuns, muitas vezes as próprias características geográficas e sociais da região impedem o contato e a articulação entre entidades. O Fórum da Mulher teve, desde seu início, o objetivo de promover a integração entre esses grupos. Luzia Pereira da Silva, uma das organizadoras da rede de enfrentamento à violência de gênero em Turmalina, conta que “momentos como este, do Fórum da Mulher do Jequitinhonha, são de suma importância para fortalecer a democracia e a garantia de direitos, principalmente o direito a voz. ´Se o Grito existe, então eu Grito´”, completa Luzia. 


Empatia. Momento de descontração durante os debates. Foto: Leonardo Soares

Além do combate à violência contra a mulher ser um tópico central, os encontros do Fórum abordaram também outros assuntos pertinentes acerca da questão de gênero no Vale. A importância do trabalho e da renda no empoderamento feminino e a presença de mulheres na política são alguns dos assuntos retomados durante a trajetória do evento. Marizinha relembra duas vereadoras que surgiram depois do evento, Adriane Coelho em Chapada do Norte e Maflávia Aparecida em Itaobim, apontando para a importância do Fórum em suscitar discussões acerca da presença feminina na política.

Apesar da atuação do Fórum, Marizinha salienta que ainda existem muitos desafios para a mulher do Vale. Um deles é a gestão das águas, que foi uma das demandas da carta das mulheres elaborada em 2015. Acredita, porém, que o Fórum é um exemplo de como mulheres com consciência política, articuladas e independentes podem fazer a diferença e causar um impacto na sociedade. 


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