Nota de pesar

Por Polo Jequitinhonha em

Ontem, o artesanato do Vale do Jequitinhonha perdeu um grande mestre. É com imenso pesar que comunicamos o falecimento de José Sebastião Vaz, o artesão Zé do Ponto. Faleceu na tarde desta quinta-feira (2), aos 71 anos em Chapada do Norte, Minas Gerais.

José Sebastião Vaz, conhecido como Zé do Ponto nasceu e viveu no município de Chapada do Norte (Minas Gerais). Filho de tropeiro, Mestre Zé do Ponto aprendeu o ofício de carpinteiro e a trançar o couro e palha de milho com o pai, começando a produzir caixas de couro aos 12 anos para transportar secos e molhados. Além do artesanato em madeira e trançado em couro e palha de milho (tamboretes, namoradeiras, cadeiras, mesas, bolsas e cestos) Zé do Ponto também trabalhava na produção de instrumentos musicais de percussão (pandeiros, tambores e caixas de folia). Artesão comprometido com seu fazer estava sempre criando novos produtos e desenvolvendo técnicas para o aperfeiçoamento de seu ofício. Mestre e empreendedor, criava possibilidades e oportunidades para repassar seus ensinamentos formando artesãos da região que são também chamados a produzir. (Texto do site Saberes Plurais – Terezinha Furiati)

Nossos sentimentos a sua família e seus amigos. Compartilhamos, abaixo, uma mensagem da coordenadora do Programa Polo Jequitinhonha, Maria das Dores Pimentel Nogueira (Marizinha), em homenagem a Zé do Ponto.

O PROGRAMA POLO DE INTEGRAÇÃO DA UFMG NO VALE DO JEQUITINHONHA DIZ ADEUS AO MESTRE ZÉ DO PONTO

O Mestre de Ofício Seu Zé do Ponto, de Chapada do Norte, Médio Vale do Jequitinhonha, nos deixou. Muito cedo. Havia tanto ainda a aprender com ele. Seu ofício, sua arte, sua mansidão, sua generosidade. Seu bom humor.

Homem de muita luta, persistência, trabalho e resistência. Difundiu o artesanato do Vale do Jequitinhonha em Minas Gerais e todo o Brasil, tendo reconhecimento e respeito de todos que o conheciam. A originalidade de suas peças encantava e a sua boa prosa trazia esperança, cultivo da amizade e do bem viver.

As suas peças eram feitas com muito esmero. Tamboretes, namoradeiras, cadeiras, mesas, bolsas, alforjes, balaios, bancos de madeira, tampos de trançados de couro e de palha.

Membro da Comunidade dos Homens Pretos de Chapada do Norte, devoto de Nossa Senhora do Rosário, trabalhava ainda na recuperação de imagens sacras.

Em sua carpintaria, recebeu tantos jovens que se tornaram aprendizes, tecendo laços de amizade e fraternidade, criando uma escola de artesanato com tantos herdeiros e seguidores de sua arte.

Participou da Feira de Artesanato do Jequitinhonha -UFMG, durante muitos anos, onde teve a oportunidade de contribuir para um diálogo de saberes acadêmicos e tradicionais, envolvendo professores, estudantes, técnicos e artistas do Vale.

A partida de Seu Zé do Ponto nos deixa uma grande tristeza. Resta-nos o consolo de palavras de Santo Agostinho:

“O amor não desaparece jamais… A morte não é nada. Eu somente passei para o outro lado do caminho. O que eu era para vocês, eu continuarei sendo…”

Maria das Dores Pimentel Nogueira (Marizinha)
Coordenação do Programa Polo Jequitinhonha

Para saber mais sobre Zé do Ponto e seu trabalho: www.ufmg.br/proex/cpinfo/saberesplurais/artista/ze-do-ponto/

Artesanato.Fotos das peças de artesanato. Fotos: Site Saberes Plurais da UFMG.


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