Mostra Virtual: Mestre Valmir, Sirley e Mateus de Datas-MG

Por Laura Melo em

Mostra Virtual dos Artesãos do Vale do Jequitinhonha

Mestre Valmir: (38) 99958-3558 | Sirley: (38) 99978-5040

[…] Ê semba ê ê samba á

eu faço a lua brilhar o esplendor e clarão

luar de luanda em meu coração

umbigo da cor

abrigo da dor

a primeira umbigada massemba yáyá

massemba é o samba que dá

Vou aprender a ler

Pra ensinar os meu camaradas!

(Compositor Roberto Mendes, 2005)

A água faz germinar a vida, enquanto molha a terra e a deixa fértil e macia para ação do homem. Relembra Mestre Valmir das Graças Paulino, pai de Sirley, que na infância fazia arte na terra molhada do rio. Naquele tempo, demonstrava o sentimento de pertencimento, intimidade e o dom para o artesanato. Foi na beira do rio o seu encontro com o sagrado e com a arte…

Com a fala tímida e sem pressa, Mestre Valmir resgata na memória e nos desperta o encanto pelo Divino Espírito Santo. A entrega e a generosidade em repassar os ensinamentos evidenciam uma trajetória de dedicação, amor, cuidado e fé.

A cidade de Datas, como em muitos municípios do Vale do Jequitinhonha, outrora celeiro das descobertas do ouro e diamante, hoje conta com a altivez e a preciosidade da arte da família de Sirley.

Aos 25 anos, Sirley veio morar em Belo Horizonte. Contudo, devido a problemas de saúde na família, teve a necessidade de retornar a Datas. Naquele momento, Sirley descobriu seu dom para a arte e a possibilidade de fazer dele um ofício. Sirley Paulino dedicou-se a aprender o ofício do pai, a dividir com ele a confecção, em madeira, do Divino Espírito Santo – trabalho minucioso e delicado de transformar um toquinho de madeira em um corpo de pomba. Transmutar minúsculos pedacinhos de madeira em penas. Unir as penas cobrindo o corpo da pomba e finalmente colocá-la sobre o resplendor, transformando-a no Divino Espírito Santo.

Hoje com 35 anos, Sirley fala com muito amor e entusiasmo de seu ofício. Para ela, a arte e o dom são como almas gêmeas, um completa o outro. Relembra que no princípio teve dificuldades para dominar a técnica de produzir objetos artísticos e votivos com delicadas lascas de madeira, mas o tempo e a dedicação permitiram a superação dessa dificuldade: “Aqui na cidade a única forma de sobrevivência é trabalhar na prefeitura. Como estava desempregada, a arte veio como oportunidade. Papai mostrou boa vontade de ensinar. Ele ficou muito feliz, pois de seis irmãos eu sou a única que faz o Divino”.

Fazer artesanato no Vale do Jequitinhonha significa transmutar o conhecimento e cultuar a memória de uma região que é repleta de riquezas culturais, frutos da herança indígena e negra.

A obra de Sirley traça um paralelo com as outras produções artísticas da cidade de Datas e revela um Jequitinhonha engajado, coletivo, interativo, valoroso em prol do desenvolvimento social e cultural da região.

Ao contrário da permanência, por vezes efêmera, dos objetos produzidos, a artista acredita que esculpir um trabalho com as suas próprias mãos proporciona, além do sustento, dar sentido à vida, ao desconhecido e à história de nossa existência singular.

*Texto de Madelaine Iracema Rodrigues Barbosa do livro Sabença.

Hoje Sirley produz as peças em parceria com seu tio Mateus, irmão de Mestre Valmir.

Se interessou pelo trabalho dos artesãos? Entre em contato:

  • Mestre Valmir: (38) 99958-3558
  • Sirley: (38) 99978-5040

Peças de Mestre Valmir

Artesanato. Fotos das peças de artesanato. Foto: Acervo pessoal do artista.

Peças de Sirley e Mateus

Artesanato. Fotos das peças de artesanato. Foto: Acervo pessoal da artista.


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