A arte de "fazer" grandes cientistas potenciais
Carlos Montanari*
iniciação científica voltada para o aluno de graduação serve de incentivo à sua formação, privilegia sua participação ativa em projetos de pesquisa com qualidade acadêmica, mérito científico e orientação adequada, individual e continuada. O apogeu, com um trabalho final avaliado e valorizado, é estabelecido na pós-graduação.
Não bastasse sua formação pessoal eventualmente destinada à pós-graduação, o aluno de iniciação passa a ser detentor de uma elevada característica holística sem ficar à fímbria do conhecimento reducionista. A inserção em meios científicos rompe paradigmas cartesianos e aviva sua percepção naturalista, que culmina com seu engajamento no contexto pluridisciplinar da vida acadêmica.
Além de suas inúmeras atividades, a Universidade exerce o papel precípuo de viabilizar condições físicas e intelectuais para que o saber não encontre barreiras. O dinamismo da evolução do conhecimento precisa estar difundido entre seus integrantes. Para isso, a UFMG realiza, anualmente, a Semana da Iniciação Científica, fórum de encontro de seus iniciados cientificamente. Essa iniciativa é uma forma de a Universidade mostrar à sociedade parte de suas realizações e explicar como poderão elas contribuir para o bem-estar comum.
Entre seus pares, os resultados das pesquisas científicas são publicados em periódicos especializados, que têm o papel de disseminar o conhecimento científico e submetê-lo ao crivo da comunidade internacional. Tal projeção estabelece um cenário contínuo de descobrimento e desenvolvimento de técnicas e saberes científicos indispensáveis à manutenção da sociedade num mundo globalizado e extremamente competitivo.
Para ocupar espaços nessa miríade de interfaces, é preciso lembrar que os valores contemporâneos do bem comum podem ajudar a discernir em favor da mãe natureza. Neste preceito, o ser humano está privilegiado antes mesmo da simbiose estabelecida no binômino vida-instituição. Por isso, a iniciação científica proporciona à comunidade acadêmica nela envolvida o entendimento das razões pelas quais é necessário estar consciente do que se faz em prol da mãe natureza.
Nesse contexto, o Núcleo de Estudos em Química Medicinal (Nequim), que desenvolve pesquisas na área de planejamento racional de fármacos destinados ao combate a doenças negligenciadas (doença de Chagas e leishmaniose, por exemplo) conseguiu, durante o ano 2000, a publicação de quatro artigos científicos com a participação exclusiva de alunos de iniciação científica, sem a contribuição de estudantes de pós-graduação, a saber:
1. Leitão, A.(Andrei); Donnici, C. L.; Montanari, C. A.; Sobre o uso de métodos quimiométricos em química combinatória. Química Nova 2000, 23, 178.
2. Menezes, F.(Fabiano) A. S.; Bruns, R. E.; Montanari, C. A.; 3D-WHIM Pattern Recognition Study for Bisamidines. A Structure-Property Relationship Study. J. Braz. Chem. Soc. 2000, 11, 393.
3. Rodrigues, R.(Roberta) F.; Montanari, C. A.; Lopes, J. C. D.; A QSAR study on Pneumocystis carinii topoisomerases of bis-benzimidazoles. Quant. Struc.-Act. Relat. 2000 , 19, 173.
4. Montanari, C. A.; Cass, Q. B.; Tiritan, M. E.; Souza, A.(Adriano) L. S.; A QSERR study on Enantioselective Separation of Enantiomeric Sulphoxides. Anal. Chimica Acta. 2000, 419, 93.
O departamento de Química tem atuado há tempos com a mesma filosofia. Ou seja, entregar a estudantes do curso de graduação projetos de pesquisa exeqüíveis e que possam contar com a participação de alunos de Iniciação Científica. Os trabalhos abaixo foram publicados nas mesmas circunstâncias:
1) Machado, J. C.; Goulart Silva, G.; Soares, L. (Luciane) S. Positron Annihilation and Differential Scanning Calorimetry Investigations in Poly (methylmethacrylate) Low Molecular Weight Poly (ethylene oxide) Polymer Blends. J. Polymer Sci.:Part B: Polymer Physics 2000, 38, 1045.
2) Queiroz, S.(Sara) M.; Machado, J. C.; Porto, A. O.; Silva, G. G.. Positron Annihilation and Differential Scanning Calorimetry Studies of Plasticized Poly (ethylene oxide), Polymer (trabalho aceito para publicação em 22/8/2000).
3) De Paula, F. (Flavia) C. S.; Carvalho, S.; Duarte, H. A.; Paniago, E. B.; Mangrich, A. S.; Pereira-Maia, E. C.. A physicochemical study of the tetracycline coordination to oxovanadium (IV), J. Inorganic Biochem. 1999, 76, 221.
A leitura acima é importante não apenas para noticiar uma questão certamente corriqueira em nossa academia, mas, principalmente, para motivar nosso corpo discente a se engajar em iniciativas semelhantes, que, com certeza, contribuirão para o florescimento de uma elite cultural solidária, capaz de responder às transformações qualitativas - e não apenas quantitativas - exigidas pelo bem comum.
*Professor do departamento de Química do Instituto de Ciências Exatas
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