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Nº 1334 - Ano 28 - 17.01.2002

 

Laboratório da Farmácia estuda qualidade da água

uma época em que se debate a escassez da água, nada mais justo que garantir a qualidade desse precioso líquido. É essa a função do Laboratório de Água da Faculdade de Farmácia, que, em 2001, começou a prestar serviços mais abrangentes. Vinculado ao Departamento de Saúde Pública, o Laboratório realiza trabalhos diretamente relacionados à preocupação com a qualidade da água consumida pela população.

A coordenadora do Laboratório, professora Sérgia Starling, explica que a água pode sofrer alterações de qualidade por dois motivos: contaminação microbiológica, através de protozoários, coliformes e outros microorganismos; e poluição por metais, agrotóxicos e matéria orgânica. Até o ano 2000, o Laboratório dedicava-se exclusivamente à realização de análises microbiológicas de água e leite, além de oferecer orientações à população. Com a ampliação dos equipamentos, também passaram a ser feitas análises físico-químicas, que identificam o segundo tipo de poluição.

Starling salienta que as questões referentes à água têm relação direta com a saúde pública. "Cerca de 80% das mortes de crianças em países de terceiro mundo relacionam-se a problemas sanitários e da água", informa. Segundo ela, as pessoas são capazes, por exemplo, de verificar se a água contaminada pode causar diarréia ou de perceber se apresenta alteração de odor ou sabor. Quanto se trata de contaminação crônica, no entanto, a população não consegue ter clareza no diagnóstico.

Demanda

A professora lembra que algumas regiões têm sérios problemas com metais, que podem se acumular no organismo. Existem pesquisas que mostram a relação de alguns desses metais e poluentes orgânicos com a carcinogênese: "Essa é uma de nossas grandes preocupações: descobrir até que ponto a qualidade da água afeta questões graves como a carcinogênese e provoca alterações no material genético da população".

Além de atender demandas da própria Faculdade, o Laboratório de Água presta serviços a cidades do interior, secretarias de saúde, lavanderias, empresas farmacêuticas e a particulares. Starling deixa claro que qualquer pessoa pode requisitar as análises. "Recebemos muitas solicitações de pessoas que possuem sítios e têm problemas com a água". Apesar disso, ela e sua equipe acreditam que, de certa forma, o serviço ainda é subutilizado. "Temos condições de ampliar e atender a um número maior de pessoas. Muitos nem têm conhecimento da existência do Laboratório", diz.

As análises são pagas, mas, de acordo com a coordenadora do Laboratório, os preços são mais acessíveis que os de mercado. "Nossas despesas são menores. Não pagamos aluguel, por exemplo, mas não podemos oferecer análises gratuitas, pois temos de repor o material gasto", explica Starling.

A diferença entre o Laboratório de Água e outros ligados a estudos hidrológicos é o enfoque na saúde. A engenharia sanitária se preocupa com o tratamento adequado que garanta a qualidade da água. A área de recursos hídricos está voltada para o estudo das condições naturais do líquido, sua localização e caracterização. A professora afirma que "a grande contribuição da farmácia é o estudo da água como fator ligado à qualidade de vida".

Starling acrescenta que, com o agravamento da escassez de água no planeta, os estudos referentes na área ganham mais relevância. "É importante avaliar a qualidade da água utilizada por nós, seja ela tratada, de recreação, lavoura, ou que tenha qualquer outro tipo de utilização", finaliza.