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Nº 1419 - Ano 29 - 04.12.2003


UFMG inaugura nova sede da
Faculdade de Educação

Parte do projeto Campus 2000, prédio custou 5 milhões de reais

Maurício Guilherme Silva Júnior

 

á 35 anos, nascia na Universidade a unidade acadêmica que mais influenciou políticas educacionais em Minas Gerais. As três décadas e meia de vida da Faculdade de Educação (FaE) da UFMG serão comemoradas, no campus Pampulha, em casa nova. No próximo dia 11 de dezembro, às 17h, acontece a inauguração do novo prédio da FaE, construído numa área de 10 mil metros quadrados, anexa às atuais dependências da Faculdade.

Após a cerimônia, será realizada a inauguração do Auditório Professor Neidson Rodrigues. Em seguida, Carlos Alberto Jamil Cury, Glaura Vasques de Miranda, Miguel Arroyo e Oder José dos Santos recebem o título de professores eméritos da Faculdade.

O custo total da obra, que integra o projeto Campus 2000, é de aproximadamente R$ 5 milhões. Construído em formato de agá, o prédio conta com quatro andares, dos quais três abrigarão 20 salas de aula. Dividido em três blocos, o espaço oferecerá maior conforto a professores, alunos e funcionários. No bloco A, fica o hall. No B, as salas de aula e o segundo pavimento, onde se localizam os serviços administrativos. E, no bloco C, além do Auditório Professor Neidson Rodrigues, com 280 lugares, funcionarão o Centro de Tecnologia de Ensino, a cátedra de ensino a distância, o Núcleo de Produção de Material Didático (Promad), a Rádio FaE, um ambiente para teleconferência e um laboratório multiuso. "O novo prédio permitirá que a FaE se transforme num grande centro de educação continuada", ressalta a professora Ângela Imaculada Loureiro de Freitas Dalben, diretora da Faculdade.

Centros de estudo

As antigas dependências da FaE passarão a abrigar diversos núcleos de pesquisa. Aliás, uma das principais causas do sucesso da Faculdade está justamente na divisão em diversos centros de estudo. Segundo a professora aposentada da Unidade, Magda Becker Soares, esses grupos de pesquisadores simbolizam a evolução acadêmica da Unidade. "Os núcleos e centros são muito importantes e representam um avanço em relação à estrutura departamental. Ao investigar temas específicos, eles reúnem pessoas de várias áreas, o que resulta em pesquisas transdisciplinares", resume.

Políticas públicas

Além dos cerca de 15 projetos sociais, núcleos e centros, a Faculdade de Educação caracteriza-se pela elevada qualidade de seu ensino e de sua pesquisa. Reestruturada por duas vezes - 1987 e 2000 -, a estrutura curricular da Unidade atende, semestralmente, a cerca de dois mil alunos de graduação. No total, a FaE oferece 120 vagas semestrais para o curso de Pedagogia (noturno e diurno). Há também 17 opções de licenciatura, nas quais ingressam estudantes de outras unidades acadêmicas. A pós-graduação também construiu sua trajetória de sucesso. Até hoje, 546 estudantes de mestrado e doutorado foram titulados na Faculdade. Atualmente, há mais de 200 alunos na pós.

Outra atividade de peso na Faculdade, a extensão é responsável pelo auxílio a milhares de pessoas em todo o estado. O Projeto Veredas, por exemplo, é responsável pela formação, a distância, de 574 alunos de graduação. Além dos programas exclusivos, a FaE mantém, ainda, parcerias com as secretarias Municipal e Estadual de Educação. Daí a sua influência sobre as políticas educacionais implantadas em Minas Gerais. "Os professores da Faculdade de Educação nunca se restringiram à vida acadêmica. Foram responsáveis diretos pela modificação das políticas públicas de educação", afirma a diretora Ângela Dalben.

Novo perfil

Nos últimos 12 anos, a Faculdade de Educação passou por significativas mudanças. Estudo coordenado pelo professor João Valdir Alves de Souza, do departamento de Ciências Aplicadas à Educação, revela que, durante a década de 90, além da renovação de 85% do corpo docente, a FaE mudou o perfil de seus professores e ampliou consideravelmente a produção acadêmica. Dos 82 professores de seu quadro, apenas um não tem mestrado. Há pouco mais de uma década, eram 28. "A expectativa é de que em três anos todo o corpo docente tenha doutorado", projeta João Valdir de Souza.

A pesquisa científica também revela números significativos. Publicações de tipo 1, como livros, anais de eventos e artigos em revistas especialistas, subiram de 0,3 trabalhos por professor, em 1990, para 3, em 2002. João Valdir também está envolvido com o projeto Memória Fotográfica da Faculdade de Educação, que pretende resgatar imagens antigas da Unidade.

 

Um projeto moderno

Antes de sua fundação oficial, em fevereiro de 1968, a Faculdade de Educação integrava a antiga Faculdade de Filosofia da Universidade - hoje Fafich - sob a denominação de Departamento de Pedagogia Didática. Durante a gestão do reitor Aluísio Pimenta, a FaE é então transformada em unidade acadêmica autônoma. A professora Magda Soares lembra o cuidado do reitorado à época em formar uma unidade moderna e, ao mesmo tempo, com estrutura forte.

Para integrar a assessoria responsável pela elaboração do projeto de uma faculdade de educação, a administração central da UFMG contratou até mesmo especialistas estrangeiros. "Ao se desvincular da Faculdade de Filosofia, a FaE ganhou o status de que precisava para crescer e colaborar com as políticas de educação no país", analisa Magda Soares.

Em 1972, a FaE passou definitivamente para o espaço antes ocupado pelo Colégio Universitário, dependências que abrigam a Faculdade até os dias de hoje. Em 1993, foi construído um anexo à Faculdade, para onde foram transferidos os centros de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale) e de Estudos de Pesquisa em Ciências de Minas Gerais (Cecimig). Apesar disso, a falta de espaço não foi totalmente sanada. "Quando o anexo ficou pronto, as salas de aula para educação continuada passaram a ser utilizadas pela graduação", conta a professora Ângela Dalben, diretora da Faculdade.

 

Cartão de visitas no auditório

O painel Desbravamento do Rio São Francisco (foto), de autoria da artista mineira Yara Tupynambá, promete se transformar num cartão de visitas do novo prédio da Faculdade de Educação. Com dimensões de 37,5 metros quadrados, o painel foi instalado no Auditório Neidson Rodrigues.

Executado originalmente em 1968, em tinta acrílica sobre placa de ocaplan, para a sede do Banco Mercantil de Minas Gerais, e doado à UFMG há cerca de seis anos, o painel sintetiza a saga do Velho Chico e confirma a preferência de Yara Tupynambá por temas históricos. Para comemorar a reinauguração do painel na Faculdade de Educação, a UFMG editou um folder especial, contendo textos do crítico de arte Morgan da Motta e do professor Marco Elizio de Paiva, da Escola de Belas-Artes da UFMG.

Segundo Marco Paiva, Yara Tupynambá sempre se preocupou em produzir uma arte de transição social brasileira. Ao expor momentos históricos marcantes através de painéis, a artista "liberta-se da individualidade do cavalete para a universalidade do mural de interesse público", analisa Paiva.

Já Morgan da Motta destaca que "Yara Tupynambá soube cuidar tanto do interesse estético do momento quanto da libertação da pintura. Diante do impulso de sua própria força juvenil e do talento de grande gravadora que era, ela transpôs a expressiva linguagem gráfica de sua gravura - o desenho hierático das formas simplificadas pela xilográfica - para seus murais, em um exercício tanto intelectual quanto físico".

Desbravamento do Rio São Francisco não é a primeira obra do muralismo mineiro a integrar o acervo artístico da UFMG. O painel Inconfidência Mineira, também da artista Yara Tupynambá, se encontra no Espaço Expositivo da Reitoria (saguão do prédio) desde a década de 60.