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Nº 1535 - Ano 32
15.06.2006

Dissertação propõe plano
para gerenciar resíduos verdes na UFMG

Estudo é resultado de parceria inédita entre órgãos administrativo e acadêmico

Manoella Oliveira

campus Pampulha da UFMG tem aproximadamente 3,4 milhões de metros quadrados de extensão, dos quais 600 mil de área gramada, que geram, por ano, cerca de 7,1 mil metros cúbicos de resíduos verdes – o suficiente para encher sete mil caixas d’água de mil litros cada.
Foca Lisboa

Anselma: compostagem pode aumentar potencial de reaproveitamento de resíduos


Gerenciar esse volume de lixo não chega a ser uma tarefa recente na Universidade, mas o ano de 2005 trouxe uma inovação: a parceria entre o Departamento de Serviços Gerais (DSG), órgão administrativo, e o Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental (Desa), da Escola de Engenharia, que desenvolve pesquisas ligadas a resíduos e à área ambiental.

O principal fruto é uma dissertação de mestrado, defendida pela bióloga Anselma Dias Lapertosa, que propõe um plano de gerenciamento para os resíduos sólidos verdes. Em seu estudo, a bióloga ressalta a necessidade de este tipo de lixo passar pela compostagem.

A Universidade dispõe de dois espaços para decomposição de resíduos verdes, localizados no Centro Esportivo Universitário (CEU) e na Faculdade de Educação (FaE). Essa foi a maneira encontrada pela Divisão de Áreas Verdes do Departamento de Planejamento Físico e Obras (DPFO), responsável pela manutenção do campus, para reaproveitar parte do lixo. “Restos de grama podada e do rastelamento de folhas são empilhados e abandonados para decomposição, sem controle operacional. Meu estudo propõe a compostagem simplificada com acompanhamento, em que o material é umidecido e revirado”, explica Anselma Lapertosa.

Restrição
Nem todos os restos orgânicos podem passar por esse processo, pondera a bióloga. Lenhas e galhadas, por exemplo, são armazenadas para doação ou venda. Além disso, o material orgânico proveniente da limpeza de áreas que não receberam tratamento urbanístico ou paisagístico – 12,5% dos resíduos verdes gerados no campus – precisa de preparo para entrar na compostagem. São os chamados resíduos brutos, cuja composição grosseira impede-os de passar pelo processo. Por isso, seu destino é o aterro sanitário de Belo Horizonte. “O custo para transportar essa matéria para o aterro é muito elevado para a UFMG. Além disso, o aterro não é uma destinação adequada, já que se trata de um resíduo que pode ser reciclado”, afirma a bióloga.

De acordo com Anselma, quanto maior a gama de resíduos englobada pela compostagem, maior o reaproveitamento. O primeiro passo para solução desse problema é a aquisição de um triturador, que reduz a espessura e o tamanho das partículas formadoras desses compostos e os habilitam a fazer parte do processo. A Universidade aceitou a sugestão e vai comprar um triturador.

Baixo custo
Ainda que em formato de projeto-piloto, a implantação da compostagem já é uma realidade na UFMG. A iniciativa requer tecnologia de baixo custo, o que aumenta sua viabilidade, e se mostra eficiente no reaproveitamento de outros resíduos, como alimentos. Sobras das cantinas do campus Pampulha são coletadas e misturadas a restos de grama podada e folhas, os chamados resíduos finos. “São experiências mais baratas do que o custo do transporte para o aterro e que trazem resultados positivos no que tange ao impacto ambiental”, explica a pesquisadora.

A viabilidade definitiva do processo está condicionada a uma área para implantação do pátio de compostagem, ainda não definida. “Os espaços da FaE e do CEU são úteis para decomposição natural, mas inadequados para compostagem. Para escolha do local, devem ser consideradas a facilidade de acesso e a disponibilidade de energia elétrica e de água para molhar as pilhas”, diz Anselma.

Os resíduos verdes do campus Saúde são coletados e encaminhados ao aterro. No Museu de História Natural e Jardim Botânico,os restos vegetais são decompostos na própria mata.

Para reduzir o impacto

Todos os resíduos produzidos pela Universidade – de restos de alimentos a lâmpadas fluorescentes – devem ter destinação correta do ponto de vista ambiental. Para isso, o DSG criou o Programa de Gestão de Resíduos, que busca reduzir o impacto ambiental gerado pelo lixo e formas adequadas de tratamento para cada tipo.

Uma das ações do Programa é a pesagem do material, procedimento que permite caracterizar e especificar a quantidade diária produzida por unidade acadêmica e administrativa e conseqüente adoção de um plano de gerenciamento diferenciado. O Programa, que também realiza levantamentos sobre o material infectante e resíduos químicos, é uma exigência legal e pré-requisito para a liberação das obras do Campus 2000, projeto que prevê a transferência das unidades acadêmicas para o campus Pampulha.


compostagem - Processo físico-biológico em que os resíduos são decompostos por microorganismos e transformados em húmus utilizáveis na agricultura.