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Nº 1760 - Ano 38
5.12.2011

Circulação MONOGUIADA

Pesquisadores da Escola de Engenharia projetam sistema de transporte sobre trilhos para eliminar tráfego de veículos no campus Pampulha

Pedro Nogueira

Um modelo de transporte público individualizado baseado em pequenos veículos correndo sobre trilhos, sem motoristas ou cobradores, de baixo custo de implantação, não poluente e com pequeno nível de ruído pode ser a alternativa para solucionar os problemas de mobilidade no campus Pampulha.

Batizado de Monoguiado Pampulha, o projeto, que está sendo elaborado por equipe de professores e pesquisadores da Escola de Engenharia, tem como objetivo substituir completamente o fluxo de carros particulares no campus Pampulha.

O Monoguiado Pampulha procura resolver aqueles que são considerados os dois maiores gargalos da mobilidade no campus: os estacionamentos e a grande circulação de veículos. A ideia, segundo o coordenador do projeto, professor Nilson Nunes, do Departamento de Engenharia de Transportes e Geotecnia, é transformar o campus em espaço exclusivo para pedestres e modificar radicalmente a lógica de circulação, aumentando o espaço das calçadas e ciclovias.

A primeira etapa de viabilização do projeto baseia-se na construção de grandes estacionamentos periféricos para substituir mais de cinco mil vagas hoje disponíveis para veículos nas unidades e vias do campus. A ideia é que a comunidade possa se deslocar até a Universidade em seus veículos, mas mover-se entre uma unidade e outra somente a pé, de bicicleta ou utilizando os transportes públicos internos.

Esses estacionamentos podem ser construídos em locais estratégicos, com estruturas de quatro ou cinco andares ou mesmo em espaços subterrâneos, possibilitando instalações de grande capacidade. “Esse tipo de empreendimento pode atrair o interesse da iniciativa privada, que assumiria o custeio das obras e, em troca, receberia o direito de explorar comercialmente os estacionamentos, sempre tratando o público universitário como prioridade”, explica o professor Nilson Nunes.

Energia

Formado por pesquisadores das áreas de engenharia civil, mecânica, elétrica e eletrônica, o grupo envolvido no projeto trabalha para minimizar os impactos ambientais do sistema. A intenção, por exemplo, é que a energia usada para mover os veículos seja gerada por painéis fotovoltaicos instalados ao longo do trajeto ou somente nas estações. O grupo também se debruça sobre as melhores alternativas técnicas para cada aspecto do projeto, desde o tipo de propulsão até os materiais usados para construir o sistema, além dos detalhes estéticos e estruturais da implantação do trajeto de trilhos.

Ainda não há uma avaliação precisa sobre os custos de implantação do novo sistema de transporte. O professor Nilson Nunes estima valores da ordem de R$10 milhões por quilômetro. Para efeito de comparação, projetos de metrô trabalham com cifras de dez a vinte vezes superiores por quilômetro construído, entre R$100 e R$200 milhões. Estima-se que o projeto executivo Monoguiado poderá ser concluído em 36 meses, se toda a tecnologia for desenvolvida pela Universidade, ou em 24 meses, caso se adote um sistema já disponível.

Uma prévia do sistema será apresentada ainda esta semana à Congregação da Escola de Engenharia com o objetivo de agregar pesquisadores de outras áreas e, a partir daí, dar início à busca de financiamentos para elaborar o projeto executivo.

De passagem

O campus Pampulha é uma cidade mais movimentada que a maioria dos 853 municípios mineiros. São cerca de 30 mil veículos circulando diariamente em suas ruas. Desse total, pelo menos 30% correspondem ao chamado tráfego de passagem, ou seja, constituído por pessoas que não têm atividades ligadas à Universidade, mas que utilizam suas vias para atravessar de um ponto a outro da região. Com as obras de infraestrutura viária na Pampulha, o campus é utilizado também como rota de desvio para os motoristas.

O diretor do Departamento de Logística e Serviços Operacionais da Universidade, Antônio de Assis, afirma que o maior problema causado pela circulação de veículos é o estacionamento. “Nos horários de pico, os usuários não estacionam adequadamente, o que atrapalha a circulação dos outros veículos e principalmente a manobra dos ônibus internos”, ressalta.

Mobilidade no mobile

QR

Você tem um smartphone? Com ele é possível conferir mais detalhes sobre o projeto Monoguiado. Instale um leitor de QR Codes no seu aparelho, aponte a câmera para a imagem ao lado e assista a uma simulação em vídeo das tecnologias que inspiram o Monoguiado Pampulha. Esse vídeo e outros conteúdos adicionais sobre trânsito e transporte em BH estão disponíveis no site da série Atalhos: mobilidade urbana em Belo Horizonte, trabalho de conclusão de curso em Comunicação Social do autor desta matéria. Confira na página do Laboratório de Convergência da UFMG, em www.ufmg.br/cedecom/labcon.