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Nº 1763 - Ano 38
13.2.2012

Tão longe, tão perto

Com estrutura e metodologia que permitem acompanhar todo o percurso de seus alunos, curso de Pedagogia a distância forma primeira turma na UFMG

Cynthia Oliveira

O curso de Pedagogia a distância da UFMG, criado em 2008, forma no final de fevereiro a sua primeira turma. São educadores oriundos de nove polos constituídos no interior de Minas Gerais: Araçuaí, Buritis, Campos Gerais, Conselheiro Lafaiete, Corinto, Governador Valadares, Formiga, Teófilo Otoni e Uberaba.

A criação de polos de educação a distância no interior do país é uma ação vinculada ao sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB) em parceria com as universidades públicas. O objetivo é permitir que alunos de cidades menores tenham a oportunidade de estudar em instituições públicas, elevando a qualificação do quadro de profissionais da educação nessas localidades.

Foram 450 vagas ofertadas, distribuídas em duas turmas de 25 alunos por polo. A cerimônia do final de fevereiro reunirá cerca de 350 alunos dos 430 que iniciaram a graduação. Segundo a coordenadora do programa, professora Ângela Dalben, um dos diferenciais do curso é a sua estrutura, que garante atendimento próximo aos alunos dos nove polos. Ela é formada por equipe de quatro professores da área responsáveis somente por um polo, além de grupo que elabora o conteúdo do curso e o dedicado ao sistema moodle – software de apoio ao ensino utilizado pela UFMG.

Os docentes envolvidos acompanham todo o percurso acadêmico dos alunos, diferentemente do curso presencial em que cada disciplina possui um professor diferente. Em média, são duas turmas de 25 alunos por polo, e cada uma é monitorada por um tutor presencial, professor da própria cidade que é acompanhado e avaliado pela coordenação do curso e fica de plantão no polo para auxiliar os alunos.

Na UFMG, há o tutor a distância e o professor formador. O primeiro acompanha online os alunos pelo sistema e o professor formador viaja um sábado por mês ao polo para ministrar oficinas pedagógicas presenciais com os estudantes. “Esse método traz o aluno para mais perto da gente, apesar da distância. Certamente, conhecemos muito mais o aluno que se prepara a distância do que o do curso presencial. Acompanhamos cada uma de suas atividades durante toda a graduação”, explica a coordenadora.

Ao ser questionada sobre os méritos de um curso a distância, a professora Ângela Dalben afirma que, no caso da UFMG, não há perda de qualidade em relação à modalidade presencial. Pelo contrário: “O aluno de Pedagogia a distância desenvolve o senso de disciplina, a habilidade de leitura e escrita e aprende a interagir e se expressar cada vez melhor, aspectos indispensáveis à profissão de educador”, analisa Dalben, lembrando que isso é possível graças à “mediação da tecnologia, que exige que o estudante demonstre o seu potencial a cada dia”.

Frutos

Uma prova do sucesso da experiência reside no fato de que 19 alunos foram aprovados em concursos públicos. Para exercer a profissão de imediato, o grupo – 17 do polo de Formiga e dois de Campos Gerais – antecipou sua colação de grau para dezembro do ano passado.
Para Ângela Dalben, a prática de lecionar a distância está resultando em metodologias que tendem, inclusive, a beneficiar a modalidade presencial. “A experiência tem nos ensinado como conhecer mais o aluno e compreender suas dificuldades e possibilidades de explorar melhor o conteúdo e as novas tecnologias”, ressalta a coordenadora.

A iniciativa já se transformou em objeto de estudo acadêmico. Em dezembro último, Zulmira Medeiros, uma das coordenadoras da equipe moodle e servidora da UFMG, defendeu sua tese de doutorado na FaE sobre Letramento Digital, tendo como foco a aprendizagem dos estudantes do Curso de Pedagogia UAB. “Ela acompanhou a produção dos estudantes durante os quatro anos do curso, trazendo, inclusive, informações importantes à equipe de docentes”, informa Ângela.

O curso de Pedagogia a distância cumpre também o papel de qualificar profissionais que já trabalhavam na área de educação e buscavam a chancela de uma instituição como a UFMG. É o caso de Fabrícia Gontijo, do polo de Formiga, que está entre os 19 aprovados em concurso público para pedagogia. Ela trabalha na área de educação há 13 anos, tendo lecionado física e atuado como secretária escolar. Segundo ela, a flexibilidade foi decisiva para que optasse pela graduação a distância. “Na maioria das vezes, um curso totalmente presencial tem uma carga horária fixa. Após um dia de trabalho, eu não conseguiria ter atenção ou aprender bem devido ao cansaço”, argumenta.

Apesar do sucesso, a segunda turma foi aberta apenas em 2011, três anos depois da primeira. “Só conseguimos ofertar o curso esporadicamente, pois nossa equipe, que oferece dedicação exclusiva, não é suficientemente numerosa para acompanhar mais turmas durante todo o percurso”, justifica a professora Ângela Dalben.