Busca no site da UFMG

Nº 1780 - Ano 38
18.6.2012

Corografia é a descrição de parte importante de um território

O rádio vai à escola

Projeto de extensão articula linguagem radiofônica com práticas pedagógicas

William Campos Viegas*

Elas são ótimas caçadoras, têm boa visão e audição, seu olhar denota atenção, timidez e perspicácia. Além disso, as corujas são bastante inteligentes. Na mitologia grega, Atena – a deusa da guerra e da sabedoria – tinha o animal como mascote. A noite era vista pelos gregos como o momento do pensamento filosófico e da revelação intelectual, e a coruja, com seus hábitos noturnos, tornou-se o símbolo da sabedoria. A ave dá nome à Rádio Coruja, ação do projeto de extensão Rádio Educativo, vinculado ao Departamento de Comunicação Social da Fafich, idealizado e coordenado pelo professor Fábio Martins e pela professora de Língua Portuguesa Rosane Moreira Magalhães.

O objetivo do projeto, que alcança escolas municipais em Contagem e 11 estaduais em Belo Horizonte e Região Metropolitana, é estimular alunos da rede pública de ensino a desenvolver conhecimentos acerca da linguagem radiofônica articulada com práticas pedagógicas e de pesquisa. “Nosso projeto contribui para a formação integral dos estudantes, com ênfase no respeito à diversidade e no estímulo à iniciativa e ao protagonismo da juventude”, ressalta Martins, lembrando que os estudantes aprendem sobre história do rádio, técnicas de edição, produção de textos e locução, e a criar programas curtos a partir de temas discutidos. No segundo semestre, o projeto será implantado na Escola Estadual Professor Morais no bairro Progresso, na capital.

Localizada na Escola Municipal Glória Marques Diniz, no bairro Nacional, em Contagem, a Rádio Coruja, fruto de parceria entre a UFMG e a Prefeitura local há nove anos, atende alunos do ensino regular e da educação de jovens e adultos. “Um projeto como esse não nasce pronto, aos poucos fomos conquistando espaço e hoje a rádio está integrada à grade escolar”, comemora o educador Sérgio Donizeti Ferreira, responsável pela Rádio Coruja. Um dos trunfos, em sua avaliação, está na apropriação do espaço escolar pelos estudantes. “Os meninos chegam, veem que a porta está aberta, entram, usam os equipamentos. Nunca tivemos qualquer problema. Isso está relacionado ao fato de eles perceberem o espaço como deles”, ressalta.

Inglês e música

Com foco na interdisciplinaridade, a rádio ajuda a promover articulações entre os professores. Um exemplo é a área de Artes e de Língua Inglesa, em que os professores formularam projeto que articula rádio, inglês e música, explorando gêneros como jazz, blues, samba, maracatu e chorinho. “A maioria dos estudantes não está familiarizada com o jazz. Usamos esse momento para falar um pouco do estilo, ouvi-lo e, com isso, motivá-los a produzir programas de rádio. Ao trabalhar a escuta musical, fizemos com que os alunos embarcassem em uma realidade não experimentada no dia a dia”, salienta o educador.

O estudante da quinta série Cleison Damasceno Lima, de 11 anos, aprovou a iniciativa. “Foi legal criar os programas, interagir com as músicas, pesquisei sobre o Elvis Presley, sua história, as canções e aprendi muito”, disse.

Bolsista de extensão e estudante do oitavo período de Jornalismo da UFMG, Tadeu Duarte de Oliveira Lima destaca o fascínio que o rádio provoca entre as crianças. “O projeto oferece uma disciplina fora da grade-padrão, em que elas não só desenvolvem e aprendem técnicas de apuração e redação jornalística como também passam a ser sujeitos de seus discursos e podem se expressar e dar vazão aos seus anseios e sonhos”, destaca.

Segundo o professor Fábio Martins, o desempenho escolar dos participantes melhorou, mas a lição apreendida vai muito além. “É um aprendizado mais lúdico e tranquilo, que promove melhorias em todos os sentidos, desde o aproveitamento escolar até a prática da cidadania”, enfatiza.

* Bolsista da Assessoria de Comunicação da Pró-reitoria de Extensão da UFMG