Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 2 - nº. 5 - Junho de 2004 - Edição Vestibular

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Fundamentais para a vida contemporânea, produtos derivados do trabalho de engenheiros de minas estão ao alcance da mão

“A Engenharia de Minas foi, para mim, uma caixinha de surpresa. Cada vez que eu a abria, adorava mais ainda.” Esse é o testemunho de alguém que tinha como primeira opção profissional a Medicina, mas que decidiu encarar a Engenharia de Minas sem olhar para trás. Tanto que só não foi aluna nota A em apenas uma das matérias do Instituto de Ciências Exatas, onde se passam os dois primeiros anos dos cursos da área de Exatas. E foi assim que Josiane Cordeiro Seixas, de 25 anos, foi parar na Mineração Morro Velho, em Nova Lima, onde trabalha com simulação de processos de produção da mina.

Josiane se formou no ano passado e foi imediatamente contratada depois de um estágio na Morro Velho. A facilidade de arrumar emprego, diz ela, é uma das boas surpresas da Engenharia de Minas. “A tendência é a de se manter essa facilidade, porque o curso tem formado menos profissionais do que o mercado demanda”, avalia ela, distribuindo conselho: “Todo mundo que me pergunta sobre a profissão, indico imediatamente o curso, porque ele é muito bom e o trabalho que a gente faz é melhor ainda”.

Divulgação / Mina Morro Velho

Mesmo trabalhando diretamente com software, Josiane conta que não se afastou do contato direto com a mineração. As simulações que faz no computador são observadas ao vivo nas profundezas da mina. “Tenho que conhecer de perto os processos, porque quanto mais próxima estiver da realidade, maior a possibilidade de que dê certo o planejado. É tudo muito diferente e o contato com a natureza é muito grande”, diz Josiane, que, do segundo ao quarto períodos, foi monitora de Matemática.

Nos três semestres seguintes, ela foi monitora de Geometria Descritiva e, no sétimo, estreou como bolsista de Iniciação Científica, com um projeto sobre flotação – um processo que separa os minerais com base em propriedades físico-químicas. O trabalho foi apresentado na Semana de Iniciação Científica, quando centenas de alunos, de todos os cursos, expõem os resultados das pesquisas que fizeram. “Foi uma época muito rica para mim e serviu para mostrar o quanto estava adorando o curso”, observa Josiane.

Não é difícil, mas exige estudo

Para o coordenador do Colegiado de Graduação, professor Adriano Heckert Gripp, o estudante que se interessar por Engenharia de Minas vai se deparar com uma realidade profissional muito favorável. Em primeiro lugar, o mercado de trabalho é atraente e, em segundo, o engenheiro não é aquele que está envolvido com atividades predatórias. Ao contrário, ele é quem cuida para que a mineração no país, uma atividade de extrema importância para a economia, seja realizada de acordo com os princípios do desenvolvimento sustentável.

Gripp avisa que o estudante deve gostar de Ciências Exatas, já que terá formação marcada pelo aprendizado de Matemática, Física, Química e Informática. Ele precisa ter, também, iniciativa e facilidade para trabalho em equipe.

Quais são as principais atividades do engenheiro de minas?

Ele possui campo de atuação bastante amplo, envolvendo toda a tecnologia mineral, desde a prospecção (procura de depósitos), passando pela exploração (estudo detalhado dos depósitos) e lavra (planejamento de mina e extração) até o beneficiamento (processamento, separação e/ou concentração do material extraído para adequá-lo às especificações de mercado). O engenheiro de minas é responsável, também, por todas as atividades que envolvem águas subterrâneas, além de atuar na área de geotecnia e de meio ambiente. Ele trabalha, ainda, em perícias, na emissão de pareceres técnicos, na fiscalização de projetos de mineração, na pesquisa e desenvolvimento de produtos, processos e equipamentos para a mineração.

Pela afinidade das áreas, o engenheiro de minas compete com o de metalurgia?

A Engenharia de Minas, mesmo não competindo diretamente, apresenta interfaces tanto com a Engenharia Metalúrgica como com a Geologia, o que faz com que, eventualmente, o engenheiro de minas tenha que desenvolver atividades integradas com as de geólogos e engenheiros metalúrgicos. A interface com a Engenharia Metalúrgica acontece na área de beneficiamento mineral, mas não há competição direta, visto que o engenheiro de minas é o responsável pela extração, preparação e fornecimento da matéria-prima usada pelo engenheiro metalúrgico. Deve-se ressaltar que as atividades de extração de bens minerais (lavra) são de competência exclusiva dos engenheiros de minas, definidas tanto pela legislação vigente como pela formação dada pelos cursos de Engenharia.

As grandes reservas minerais existentes no país fazem com o que o mercado de trabalho seja atraente?

De fato, o Brasil é um país rico em recursos minerais, detentor das maiores reservas mundiais de vários bens e grande exportador. Atualmente, vários projetos de mineração estão em fase de implantação, com grandes investimentos de capital nacional e multinacional, o que faz com que o mercado de trabalho seja altamente atraente e promissor.

Foca Lisboa
JOSIANE trabalha com software, mas não perde contato com a mineração

Os processos na mineração sempre foram identificados com o desrespeito ao meio ambiente. O que os engenheiros de minas fazem para reverter essa situação?

Existem total desconhecimento da importância da mineração para nossa sociedade e, ainda, tratamento inadequado e tendencioso dos assuntos ligados a essa atividade nos meios de comunicação. Os engenheiros de minas aplicam tecnologia avançada para reduzir o impacto ambiental causado pela atividade de mineração, envolvendo todos os aspectos técnicos, ambientais, de saúde e segurança relacionados com todas as etapas da produção de bens minerais.

Durante a formação acadêmica, a prática é estimulada?

O profissional de Engenharia de Minas necessita de sólidos conhecimentos teóricos antes de poder se dedicar à prática. A partir do oitavo semestre do curso, o aluno é incentivado a realizar estágios nas empresas de mineração e deve fazer, pelo menos, um estágio supervisionado para poder obter o diploma. Em paralelo, o curso mantém atividades e aulas práticas em laboratórios para todas as disciplinas em que isso é possível e os alunos realizam, ao longo do curso, várias visitas técnicas a minas e usinas de beneficiamento para observar e estudar o funcionamento dos processos e atividades em escala real.

Os alunos consideram o curso difícil. Isso é verdade?

Como qualquer curso de Engenharia, o de Minas exige dos alunos o aprendizado de Cálculo, Física, Química, Estatística e Informática, disciplinas consideradas difíceis por alguns. O curso da UFMG é um dos melhores, se não o melhor do Brasil, e, para se prepararem profissionais com esse perfil e essa capacidade, é necessário que os alunos estudem constantemente. Quem age assim não encontra a menor dificuldade.