Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 3 - nº. 7 - Julho de 2005 - Edição Vestibular

Editorial

Entrevista
UFMG: uma instituição de ensino com responsabilidade social

Inclusão
Um portal chamado universidade

Assistência ao estudante
Antes de tudo um direito

Mundo Universitário
Os muitos olhares da graduação

Organização do Vestibular
Vestibular não é bicho de sete cabeças

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Outras edições

O laboratório é o campo

Geologia

Mercado de trabalho em expansão e ótimas perspectivas profissionais. Esse é o retrato da Geologia no país

O contato tão próximo com a natureza foi o que cativou de vez a entusiasmada Juni Cordeiro, aluna do 9o período de Geologia. Ela acredita que estava "iluminada" quando passou no vestibular. Apesar de fascinada por vulcões na infância e de ter vivido a maior parte dos seus 22 anos em Itabira, uma região mineradora, ter optado pela Geologia foi como acertar na loteria.

O geólogo está presente onde há uma intervenção direta no solo, no subsolo e, inclusive, em ações de recuperação de locais que foram afetados pela presença do homem, especialmente, mineração. Ele é o profissional que estuda aspectos ambientais, físicos e territoriais do planeta. Portanto, ele será visto nas obras de construções civis, nos projetos de planejamento de cidades, no mapeamento de áreas de risco nos centros urbanos e também de áreas de mineração, de exploração de jazidas, de petróleo e de gás, bem como na elaboração de relatórios de impacto ambientais relativos à construção, por exemplo, de usinas hidrelétricas.

Segundo o coordenador do Colegiado de Curso, professor Luiz Guilherme Knauer, as áreas ambiental e da Geologia Urbana têm atraído muitos profissionais. Convivemos, nas cidades, lembra ele, com problemas muito graves, como a poluição dos lençóis freáticos causada por postos de gasolinas e a ocupação desordenada de morros e encostas.

Pé na estrada Para Juni Cordeiro, o curso é tão estimulante que é impossível relaxar e esquecer a Geologia por um dia. "Se você vai ao restau
rante e a bancada é de pedra, certamente, você não irá só apreciar a comida, mas tentará analisar a rocha , brinca, contando que seu desejo é seguir a carreira acadêmica, sem contudo se desvencilhar do campo. "É o que eu mais gosto e, para ser geólogo, é impossível perder essa relação com as atividades de campo."

O geólogo Eduardo Morato, 33 anos, concorda com Juni e avisa aos interessados: "Se você não for uma pessoa que gosta de andar no mato, é complicado". Apesar do bom conselho, ele mesmo lembra que a atuação do profissional não estará nunca restrita apenas às atividades nas áreas rurais, pois a Geologia é extremamente necessária nas áreas urbanas. "Para conhecer o ofício, é preciso gastar muita bota. Depois, você pode até ficar no escritório, mas dificilmente se contentará", garante.

A atuação do geólogo é muito variada e também muito dinâmica, salienta Morato, que está em lua-de-mel com a profissão, pois depois de formado, ele ficou alguns anos afastado da Geologia. "Antes de deixar a Faculdade, eu já
trabalhava na área de Informática e acabei envolvido por muito tempo", explica, ressaltando, entretanto, que os conhecimentos que adquiriu na área são muito úteis na atuação como geólogo.
Eber Faioli

Em lua-de-mel com a Geologia, EDUARDO MORATO defende a necessidade de um profissional com perfil versátil, com muita disposição para empreitadas, no campo ou na cidade

Mas, atualmente, Morato associou-se a amigos na Geoaktivan, uma empresa especializada em estudos de investigação de solo para grandes projetos, principalmente industriais, de mineração e de construção civil. Ligado, especialmente, ao setor comercial da empresa, ele garante que voltou a fazer o que sempre gostou no curso. "Pelo perfil da nossa empresa, se precisar ir a campo, eu vou. Não tenho como vender nosso serviço se eu não tiver um bom conhecimento técnico. Em princípio, tudo em Geologia é investimento. Por isso, é preciso saber muito bem do que se está falando, para que os riscos não sejam maiores que o necessário", justifica.

O momento atual, assinala o coordenador do Colegiado de Graduação, é muito favorável ao geólogo. "O índice de desemprego na profissão é baixíssimo, até porque são poucos, apenas 19, os cursos de Geologia no país", observa Knauer. Além disso, o Brasil iniciou uma série de investimentos básicos, o que não acontecia há vários governos, e estimulou mapeamentos geológicos e os estudos de impacto ambiental.

Rotina de investigações Juni Cordeiro lembra que os dois primeiros anos na UFMG foram muito difíceis, tanto pela mudança de rotina nos estudos quanto pela vida longe da família e dos amigos. "Eu nem sabia que o curso tinha tanta Matemática, tanta Física e Química", confessa, garantindo, entretanto, que quem chegar ao 3o período, superando os desafios das Ciências Exatas, não pensará mais em desistir do curso. "A Geologia é apaixonante", assegura.

Luiz Guilherme Knauer explica que os conhecimentos básicos das Ciências Exatas e da Biologia, que às vezes assustam os alunos, são a base para o trabalho do geólogo. São as disciplinas dessa área que dão o arcabouço ao conhecimento da Geologia. É a partir do segundo ano que o aluno inicia a caminhada definitiva em direção às disciplinas específicas. Quando chega no terceiro ano, o aluno já tem uma boa carga de atividades de campo, mas é nessa fase que essas atividades são intensificadas.

"O número de dias de campo vai aumentando, até que, no quarto ano, o aluno exercitará todo o conhecimento básico e específico que acumulou e o aplicará na prática", relata Knauer. Os trabalhos de campo foram aspectos do curso que atraíram Juni. "No 2o período, eu já estava viajando, tendo contato muito próximo com a natureza e conhecendo de perto rochas que eu nunca tinha parado para observar", lembra, destacando que os estágios supervisionados, que acontecem no 7o e no 8o períodos, são ainda mais estimulantes. "Passamos 15 dias no campo, em Diamantina, norte de Minas, e em sete dias temos que apresentar ao professor um mapa geológico e todas as informações sobre as áreas que estudamos. A liberdade que temos nessa altura do curso é marcante, porque o aluno desenvolve o tempo todo uma grande independência e isso é muito bom para quem tem de acreditar em suas próprias investigações e análises", observa.

Segundo Knauer, a atenção à prática no campo na Geologia é fundamental, porque não há como trabalhar com rochas sem se estar junto à natureza. "Com Física e Química é possível fazer experiências nos laboratórios, mas com Geologia isso nem sempre acontece, porque existe algo que não somos capazes de reproduzir no laboratório, que é o tempo. Em Belo Horizonte, você está andando em cima de rochas com dois bilhões e meio, três bilhões de anos. Então, como posso trazer o tempo geológico para o laboratório?", argumenta o professor.