Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 3 - nº. 7 - Julho de 2005 - Edição Vestibular

Editorial

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UFMG: uma instituição de ensino com responsabilidade social

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Um portal chamado universidade

Assistência ao estudante
Antes de tudo um direito

Mundo Universitário
Os muitos olhares da graduação

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Vestibular não é bicho de sete cabeças

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Outras edições

Atitude contra a exclusão

Terapia Ocupacional

Desafio é oferecer tratamento e reabilitação a pessoas que sofrem com disfunções, temporárias ou permanentes, de ordem social, psíquica ou física

Marginalização, preconceito e exclusão são palavras que fazem parte da vida do terapeuta ocupacional, assim como transformação, atitude e inserção. Esse é um profissional contemporâneo que visa ao tratamento e à reabilitação de pessoas com algum tipo de dificuldade de relacionamento social, de interação com o cotidiano ou de adaptação diante da perda de funções.
Eber Faioli

Para a Terapia Ocupacional, a chave dessa interação se dá por meio das atividades do dia-a-dia do trabalho e do lazer. Ela tem o cotidiano como foco e o fazer humano como instrumento de tratamento e reabilitação de pessoas que sofrem com disfunções, temporárias ou permanentes, de ordem social, psíquica ou física. A profissão pertence à área da Saúde e, como tal, requer um conhecimento científico profundo das condições do ser humano.

O terapeuta ocupacional busca a construção da autonomia e independência de pessoas com algum tipo de deficiência que afete a qualidade de vida. A coordenadora do Colegiado de Curso, professora Simone Costa de Almeida, lembra que o terapeuta ocupacional lida com uma clientela que, de alguma forma, é marginalizada pelas limitações que apresenta. "Pessoas que têm algum tipo de deficiência passam, normalmente, por um processo difícil de inserção social, porque são vítimas de preconceitos de uma sociedade que associa a deficiência à incapacidade", assinala Simone.

Relações humanas Quando tentou vestibular, Thaís Helena Cardoso, 25 anos, escolheu o curso diante da idéia fixa de que queria "trabalhar com gente". Pensava em fazer Comunicação Social e só desviou de rota ao tomar conhecimento da Terapia Ocupacional. Profissão relativamente nova (a regulamentação no Brasil data de 1969), a Terapia Ocupacional busca maior reconhecimento na sociedade, apesar de ter uma presença expressiva em serviços públicos de saúde, especialmente na área da Saúde Mental.

Formada há mais de 20 anos, Lisete Ribeiro Vaz lembra que, sendo uma profissão nova, a Terapia Ocupacional vive um processo de construção, tanto do ponto de vista científico quanto social. "Um médico já sabe o que o espera. Ele tem à sua disposição um saber e uma posição social constituídos. No caso da Terapia Ocupacional, ambos estão em construção", diz ela, que assegura ser apaixonada pela profissão até hoje.

O encantamento de Lisete pode ser comparado ao "deslumbramento" de Thaís com o curso. "Fiquei realmente entusiasmada com tudo o que via e Mesmo nos primeiros semestres, quando o foco na área biológica é muito forte e a gente vê muito pouco sobre Terapia Ocupacional", conta.
Eber Faioli

THAIS CARDOSO definiu-se pela terapia ocupacional para "trabalhar com gente"

Thaís lembra que teve problemas de desempenho no início do curso, e diz que resolveu as dificuldades estudando muito e fazendo estágios. "Os estágios me ajudaram a conhecer e a me identificar com a profissão", afirma. A Terapia Ocupacional engloba áreas clássicas de atuação — Reabilitação Física de Adulto, Saúde Mental, Psiquiatria e Desenvolvimento Infantil — mas tem-se aberto também para a Saúde do Trabalhador e a Gerontologia.

Projeto Maioridade Como voluntária do Grupo de Orientação para Indivíduos com Doenças Reumáticas, projeto de extensão do curso, Thaís trabalhou com pacientes que sofrem de doenças como artrite e artrose e que precisam aprender a lidar com as limitações causadas pelas deformidades.

"Com esses pacientes, trabalhamos exercícios de mobilização leve, com atividades lúdicas e de expressão, como a dança. É interessante, porque o trabalho não envolve apenas reabilitação física. Os pacientes realmente aprendem a se cuidar melhor, a proteger articulações, a lidar com a dor, mas também são muito influenciados por aspectos subjetivos, que têm a ver com as relações humanas que cercam o grupo", explica.

Como bolsista, Thaís integrou o Projeto Maioridade, que funciona na Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO). Neste projeto, ela auxiliou na coordenação das atividades de educação, que envolvem palestras sobre qualidade de vida dos idosos. "Tive contato com uma população idosa diferente da que freqüenta os ambulatórios. São pessoas que têm autonomia e que lidam com a idade de maneira privilegiada", assinala.

No Ambulatório Bias Fortes Thaís passou a atender na área de Saúde Men
tal, ajudando crianças, jovens e adultos que não estão mais em crise, mas que precisam de acompanhamento para recuperar o papel social que tinham antes da doença. "São quadros variados e a ação é diferenciada. Com as crianças, algumas vítimas de violência, trabalhamos muito com jogos, desenhos, pinturas. É muito rico perceber as dificuldades nos tons das tintas que elas usam, no tipo de desenho que fazem e, depois de um tempo, notar a melhora do estado mental a partir das próprias escolhas que fazem dos temas e dos materiais que usam nos trabalhos", diz Thaís.

Saúde mental A área de Saúde Mental foi a opção de Lisete na Terapia Ocupacional. Durante duas décadas, ela trabalhou no Instituto Felipe Pinel, no Rio de Janeiro, e, desde setembro passado, atua em Belo Horizonte, na Coordenação Estadual de Saúde Mental, lidando diretamente com o programa "De volta para casa". Este programa cuida da inserção social e familiar de ex-pacientes de hospitais psiquiátricos.
Eber Faioli

"O terapeuta ocupacional tem que ter uma capacitação técnica para o cuidado, para a assistência, mas também para lidar com as famílias, ajudá-las a acolher seus dependentes. Ele é um profissional do convívio diário", diz Lisete. Com especialização em Psiquiatria Social e Mestrado em Psicologia, ela destaca que o terapeuta ocupacional atua de maneira interdisciplinar, sempre junto com outros profissionais da Saúde ou de áreas distintas.

Segundo ela, o mercado de trabalho está aberto e aponta para várias oportunidades de atuação em instituições de saúde, em centros de convivências, em consultórios, em atendimentos domiciliares, em entidades de apoio aos pacientes, como as APAEs, em organizações não-governamentais, em projetos sociais e outros.