Revista da Universidade Federal de Minas Gerais
Ano 3 - nº. 7 - Julho de 2005 - Edição Vestibular

Editorial

Entrevista
UFMG: uma instituição de ensino com responsabilidade social

Inclusão
Um portal chamado universidade

Assistência ao estudante
Antes de tudo um direito

Mundo Universitário
Os muitos olhares da graduação

Organização do Vestibular
Vestibular não é bicho de sete cabeças

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Outras edições

Paixão animal

Medicina Veterinária

Quanto ao fato de que os animais, selvagens e domésticos, são essenciais à sobrevivência do homem, não parece haver dúvida. Mas você já parou para pensar no assunto?

Os primeiros exemplos são velhos conhecidos. Os animais têm importante papel na alimentação, no vestuário, no transporte, como força de trabalho. É, mas não pára por aí. Os animais podem ser os olhos de quem está mergulhado na escuridão; os companheiros que afastam a solidão em dias tristes; podem, até mesmo, auxiliar no tratamento terapêutico de portadores de necessidades especiais. E sabe quem garante a saúde desses eternos companheiros do homem? O médico veterinário.

Eber Faioli

A cadela Honey guia os passos do jornalista e assessor de imprensa da Prefeitura de Belo Horizonte, EDSON BATISTA JÚNIOR

O veterinário tem atribuições bastante diversas e, por isso, um campo de trabalho que vai muito além do meio rural. E quem optar pela Medicina Veterinária da UFMG terá oportunidade de conhecer as muitas alternativas da profissão e, provavelmente, se surpreenderá. "O curso dá uma formação generalista — do tratamento de peixes à bovinocultura — mas sem perder a profundidade necessária ao exercício da profissão", explica o professor Renato Sacchetto, coordenador do Colegiado de Curso.

Sacchetto lembra que o curso conquistou respeito nacional e serviu de espelho para muitos outros. "Por isso, atrai tantos alunos de outras cidades e estados brasileiros", reforça. A boa fama passa também pela intensa produção cientifica acadêmica, que envolve, em grande parte, os alunos. "A presença dos estudantes é muito expressiva e tem gente do 3o ao 10o períodos", diz a professora Zélia Inês Lobato.

O curso é muito denso e exige muito. A Medicina Veterinária na UFMG enfatiza a área de produção animal, mas também oferece diversas opções para quem pretende seguir outros rumos — como clínica e cirurgia de pequenos e grandes animais, criação de animais para consumo, inspeção de produtos de origem animal, vigilância sanitária, desenvolvimento de técnicas de nutrição animal e melhoramento genético de raças, entre outras. Mesmo a venda de medicamentos e vacinas veterinárias exige a presença do profissional, pois quem melhor para explicar aos fazendeiros e criadores os efeitos das prescrições?

Trilhas e rumos Eduardo Lara Ribeiro, 24 anos, recém-formado, nunca tinha tocado em uma vaca até entrar para a UFMG. Nem ele sabe explicar direito por que escolheu o curso, a não ser por uma queda por Biologia. Ex-aluno de escola pública, Eduardo não fez "cursinho" e, mesmo assim, passou na primeira vez que tentou o vestibular. Sorte? Que nada, muito esforço! E isso foi apenas uma prévia do que ele teria pela frente. "O curso é muito puxado. Tem aula o dia inteiro e quando você chega em casa tem que continuar estudando, às vezes até de madrugada", diz.

Nenhuma dificuldade, entretanto, desanimou o ex-aluno de escola pública. Ele lembra que, no 1o período, levou um susto por conta do desempenho ruim. No 4o período, veio a virada. "A carga de estudo é tão grande que no final do curso você fez entre 60 e 70 disciplinas", contabiliza, garantindo que o aluno acaba percebendo que "tudo faz sentido". Eduardo optou pela pesquisa, uma descoberta amadurecida pela participação em projetos na área de Toxicologia, trabalhando com os efeitos do veneno de cobras em bovinos. Agora, o próximo passo é o Mestrado.

Eber Faioli

Paixão de KÊNIA FONSECA pelos animais determinou a escolha do curso de Medicina Veterinária

Se Eduardo cultivou a dúvida da escolha, o contrário aconteceu com Kênia Fonseca Campos, 26 anos. Os quatro cães, dois passarinhos e a tartaruga que tem em casa dão uma idéia do apego que tem pelos animais domésticos. Por isso, ela não sofreu para escolher a área a seguir: clínica de pequenos animais. O semestre passado, o último de Kênia como aluna de graduação na Escola de Veterinária, é um boa mostra da rotina dos alunos. Ela só dormia um dia por semana em casa, por causa dos plantões noturnos em duas clínicas veterinárias. As noites mal dormidas aconteciam depois das aulas durante o dia e também de dois estágios: um na Sociedade Mineira Protetora dos Animais (SMPA) e outro numa clínica particular.

"Os estágios foram muito importantes, porque pude praticar e comparar as condições de trabalho. Na SMPA, você tem que lidar com a população carente e também com a carência da instituição. Então, aprende a se virar", afirma. Kênia estagiou também na Clínica de Ruminantes da própria Escola e diz que esse estágio, ao lado das inúmeras viagens e visitas que fez a fazendas e frigoríficos, contribuíram muito na definição da carreira. "É um curso excelente! Não posso dizer que é perfeito. A UFMG abre muitas portas, mas o aluno precisa enxergar além da Universidade", avalia Kênia, que pretende fazer residência em Dermatologia, Mestrado em Comportamento Animal, e estuda a possibilidade de abrir uma clínica com duas amigas.

Teoria e prática Raquel Silva de Moura, 23 anos, entrou para a Medicina Veterinária já certa sobre o futuro profissional: cavalos. O desejo foi despertado nas visitas a fazendas no interior mineiro. "Mesmo me interessando mais por eqüinos, eu acho que é certo o Brasil privilegiar a formação de veterinários generalistas. Quando a gente vai para o campo, especialmente quando sai do Sul e do Sudeste, percebe a grande carência de profissionais", argumenta.
Eber Faioli

"Ser veterinário é ter uma profissão de muitos caminhos, mas ser veterinário na UFMG, é, certamente, a garantia de estar preparado para seguir qualquer caminho", garante o coordenador do Colegiado de Curso, professor RENATO SACCHETTO.

Não é por acaso que Raquel obteve a melhor nota no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), o antigo Provão, entre os alunos dos cursos de Veterinária de todo o país. "Desde o início do curso, faço estágio", conta. Ela passou por haras, pelo Hospital Veterinário da UFMG, por exposições e ainda acompanhou professores em atendimentos em diversas especialidades. Além disso, a estudante, hoje mestranda, foi bolsista de Iniciação Científica por dois anos. Um dos trabalhos, uma pesquisa pioneira no país, orientada pela professora Adalgisa Rezende, sobre análises químicas comparativas dos cascos de muares, das raças Pantaneira e Mangalarga Marchador, foi premiado.

Apesar de estar no Mestrado e ter vontade de seguir a carreira acadêmica, Raquel diz que não pretende abandonar a prática. "Eu penso que essa é uma profissão que tem que ser seguida bem de perto pela prática. Não dá para aprender só pelos livros", afirma.

Tradição aliada à modernidade: duas das marcas da Medicina Veterinária, um dos cursos mais antigos da UFMG. São 73 anos - trajetória consolidada por investimentos, humanos e materiais, expressivos no ensino, mas especialmente na pesquisa.