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Nº 1509 - Ano 32
17.11.2005

Muito além da subsistência

Ao completar 75 anos, Fump trabalha com um conceito ampliado de assistência

Ana Rita Araújo

romover a inclusão social, desafio posto às instituições de ensino superior do país, não é novidade para a Fundação Universitária Mendes Pimentel (Fump), entidade que há mais de sete décadas contribui para manter alunos de baixa renda em cursos de graduação da UFMG. Desde as primeiras ações voltadas para a área de saúde, à construção de modernos complexos de moradia universitária, a Fundação atua com o objetivo de acolher, encaminhar e apoiar os discentes de baixa condição socioeconômica em sua trajetória acadêmica.

Foca Lisboa

Moradia universitária, no Ouro Preto: mais vagas em 2006


Ao completar 75 anos, “o grande salto para a Fump”, segundo a presidente da Fundação, professora Maria José Cabral Grillo, é “pensar a assistência não apenas como subsistência, mas como possibilidade de desenvolvimento do potencial do aluno, oferecendo à sociedade um bom profissional”. Para a presidente, a discussão sobre as formas de abrir a universidade para camadas menos favorecidas da população tem reflexo direto sobre as ações da Fump, que atua exatamente como apoio para a permanência, com qualidade, desses alunos na UFMG.

“Nosso desafio é consolidar os programas mais recentes e dar respostas às novas necessidades sociais”, completa Maria José Cabral Grillo, ao citar áreas como a inclusão digital, o intercâmbio internacional para alunos de baixa renda, o apoio a estudantes refugiados e a moradia universitária, que inaugura um novo complexo no bairro Ouro Preto no início de 2006 (veja boxe ao lado).

Outra novidade será a transferência, em 2006, das instalações da Fump para o campus Pampulha, depois de funcionar por décadas no edifício Acaiaca, no centro de Belo Horizonte. “A mudança facilitará o atendimento, uma vez que o maior número de alunos está no campus Pampulha, sobretudo a partir da construção dos novos prédios da Escola de Engenharia e da Faculdade de Ciências Econômicas”, diz a professora. A Fundação manterá posto de atendimento no centro da cidade.

Programas
A Fump oferece programas de alimentação, moradia universitária, acesso ao livro, assistência à saúde, inclusão digital, apoio ao intercâmbio internacional e o programa de comodato, com empréstimo de material instrumental e odontológico para os discentes do curso de Odontologia, classificados nos níveis I e II. Além da assistência, a Fundação possui o Programa socioeducacional, composto por vários tipos de bolsas de comple­mentação educacional e de renda, acompanhadas de atividades que contribuem para a formação acadêmica e cidadã dos discentes e para a sua inserção no mundo do trabalho após a formação.

Para ter acesso à assistência oferecida pela Fump, o aluno passa por uma análise socioeconômica, realizada por equipe de assistentes sociais. “Ao longo dos anos, a instituição acumulou um conhecimento importante nessas áreas e estabeleceu, para este propósito, três níveis de carência”, comenta Maria José Cabral.

Moradia passa a oferecer mais 320 vagas

O Programa Permanente de Moradia Universitária, que hoje oferece 434 vagas, vai ampliar sua capacidade em mais 320 vagas, com a inauguração, em fevereiro, do segundo complexo de prédios na avenida Flemming, no bairro Ouro Preto. Estão sendo construídos cinco prédios de oito apartamentos, com oito vagas cada – 64 por prédio.
O terreno tem cerca de sete mil metros quadrados, dos quais dois mil de área construída. “O restante do espaço é ocupado por jardins, áreas verdes e de convívio”, diz o engenheiro responsável pela execução da obra, William Luiz da Silva, ao acrescentar que os prédios foram projetados de modo a manter muitas árvores antigas do terreno. Orçada em R$ 7,5 milhões, a obra foi iniciada em novembro de 2004.


Livro resgata trajetória da Fundação

Como parte das comemorações de seu aniversário de criação, a Fundação lançará o livro Fump, 75 anos, de autoria da pesquisadora Maria Efigênia Lage, professora aposentada do departamento de História da Fafich. A obra aborda a trajetória da instituição, do ponto de vista das mudanças e da construção do sistema de assistência.

Segundo a autora, a origem desse modelo remonta à década de 1890, quando o professor Mendes Pimentel, ao elaborar a plataforma do Partido Republicano Mineiro, enfatizou a necessidade de escolarização da população mais carente. “Se utilizássemos uma linguagem atual, poderíamos dizer que a inclusão social era o centro do pensamento dele”, compara Efigênia Lage, ao lembrar que mesmo antes da criação da Universidade já havia programas de assistência nas unidades isoladas – na Escola de Direito, patrocinado por Mendes Pimentel, e na Escola de Medicina, com o professor Baeta Viana.
A institucionalização da assistência, com a criação da Fump, na década de 1930, foi fruto do trabalho de Ozny Pereira, professor de História, que constituiu a fundação como entidade pública e filantrópica.