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Nº 1518 - Ano 32
16.02.2005
Luz, câmera e linhas em ação
Curta-metragem Bequadro, de estudante da Escola de Belas-Artes, acumula premiações em festivais brasileiros
Ludmila Rodrigues
a tela, as linhas se desdobram e esticam. O cenário é uma pauta musical. No elenco, Dó, Ré, Sol, Fá, entre outras notas. Um maestro aparece regendo uma pequena orquestra. Em seguida, mais linhas. Outro maestro comanda uma banda de rock. E os dois regentes disputam espaço na pauta. O roteiro simples e divertido do curta-metragem Bequadro, do estudante da Escola de Belas-Artes, Simon Pedro Brethé, já acumula vários prêmios, entre eles o de melhor vídeo no Festival de Cinema de Tiradentes, realizado no final de janeiro.
Foca Lisboa![]() Simon Brethé e seus “personagens”: animação minimalista |
O que era para ser apenas um exercício de animação, acabou tornando-se um sucesso em festivais de cinema do país. Bequadro foi produzido em 2004, quando Simon Brethé preparava outro curta-metragem como projeto final de graduação. “Era mais um estudo, e acabou dando certo. Fiquei quatro semanas, de manhã e à tarde, na frente do computador desenhando. Ao todo, gastei um ano na produção”, lembra o estudante que, sozinho, assina roteiro, animação, direção e edição de imagem e som do vídeo.
Com essa animação caseira, Simon também levou o prêmio de Melhor vídeo no Festival Internacional do Audiovisual, em Atibaia, São Paulo, onde só concorrem vídeos convidados. Em julho de 2005, no Anima Mundi, ficou em terceiro lugar, no Rio de Janeiro e segundo lugar, em São Paulo. Ambos na categoria Melhor animação brasileira, eleita pelo júri popular.
E as premiações não param por aí: também em 2005 o curta levou os prêmios de Melhor idéia original e Melhor animação no 4o Nóia – Festival Sul-americano de Cinema e Vídeo Universitário –, em Fortaleza. Bequadro ainda está inscrito no Festival Internacional de Animação, que acontecerá em junho, na cidade francesa de Annecy.
Na ponta do mouse
Simon atribui o sucesso de Bequadro à sua simplicidade. “É um filme sintético, simples, só com linhas e em preto-e-branco”, resume. Ele conta que desenhou cada figura utilizando apenas o mouse do computador e garante que trabalhou com orçamento minúsculo. E mesmo se tratando de tema musical, o vídeo de Simon não tem uma trilha: o diretor usou sons do dia-a-dia para montar os efeitos sonoros: barulho de chaves, rangido de portas, chiados. “É possível fazer coisas boas com estruturas mínimas”, ensina.
Simon diz que tem uma tendência por técnicas cinematográficas tradicionais. “Gosto do expressionismo”, acrescenta este admirador do cineasta norte-americano Tim Burton, diretor do filme Noiva Cadáver, um dos expoentes do cinema gótico. Traços tortuosos, atmosfera fúnebre, sombras e contraste agradam ao estudante.
Em Bequadro, entretanto, não há escuridão nem penumbras, mas Simon abusa das curvas e traços tortuosos. O toque humorístico, levemente metalingüístico, vem no final do vídeo, quando os erros de gravação são mostrados, como se os personagens – notas musicais – fossem os próprios produtores do filme.
O cinema de animação nem sempre esteve nos planos do jovem cineasta, de 27 anos, que ingressou na UFMG com a idéia de cursar Artes Visuais. “Sempre soube desenhar, mas não sabia bem o que fazer com essa habilidade”, conta. Foi a partir de No meio do caminho tinha uma pedra, vídeo desenvolvido em parceria com um colega, que Simon Brethé resolveu seguir a carreira de cineasta de animação. Formou-se no final de 2004, mas requereu continuação de estudos e agora cursa o 8o período de Desenho.
Depois de ganhar prêmios e ver seu filme exibido em vários circuitos, Simon já planeja filmar duas seqüências para o curta-metragem. “Esta versão do Bequadro está chegando ao final de carreira”, brinca.
Bequadro: sinal gráfico que anula o efeito dos sustenidos e bemóis e repõe no seu tom natural a nota elevada ou abaixada. |