Amilcar, o artista gráfico

Reitoria abrigará a maior retrospectiva da obra de Amilcar de Castro no campo da programação visual

Maíra Rodrigues e Manoella Oliveira

econhecido internacionalmente por suas esculturas monumentais, quase sempre produzidas com chapas de ferro dobradas ou cortadas, e por seus desenhos, pintados com vassouras mergulhadas em baldes de tinta, o artista Amilcar de Castro terá uma exposição dedicada a uma faceta menos conhecida de sua carreira: a de artista gráfico.

A mostra Amilcar de Castro – programador visual e ilustrador de publicações será aberta no Espaço Expositivo da Reitoria, nesta segunda-feira, 27 de março, às 19 horas. A exposição é uma realização da Diretoria de Ação Cultural (DAC) em parceria com a Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul. Esta foi uma das cinco mostras da 5ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul, realizada entre 30 de setembro e 4 de dezembro de 2005, no Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa, em Porto Alegre. Depois de Belo Horizonte, será levada ao Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, e ao Centro Universitário Maria Antônia (USP), em São Paulo, ainda este ano.

A exposição reúne originais do primeiro trabalho de diagramação do artista mineiro, produzido para a revista Manchete, fac-símiles da reforma gráfica do Jornal do Brasil, do Minas Gerais e do Suplemento Literário de Minas Gerais. Também serão exibidos originais e fac-símiles de logotipos, cartazes e outros impressos da reforma do Jornal de Resenhas. Já o trabalho de Amilcar como capista é representado por alguns livros, além de pinturas originais de uma série de nove livros de Franz Kafka.

“É a maior retrospectiva já feita da obra dele no campo das artes gráficas. Vamos expor trabalhos que incluem desde a diagramação da revista Manchete, em 1956, até o projeto gráfico da Folha de São Paulo, em 2002”, afirma José Francisco Alves, curador da mostra. Ele lançará, durante a abertura da exposição, o livro Amilcar de Castro – uma retrospectiva, que traz uma biografia do artista e análises sobre seu trabalho como escultor, pintor e designer.

O artista e a UFMG
Essa é a segunda exposição do artista mineiro na Universidade, onde foi professor da Escola de Belas-Artes, entre 1979 e 1990. A primeira, Amílcar de Castro – 75 anos da UFMG, aconteceu em março de 2002, no Espaço Expositivo da Reitoria e em espaços externos da Universidade. A mostra, realizada como atividade inaugural da DAC, contou com 16 desenhos inéditos de grandes formatos (2m x 2m), duas esculturas de médio porte expostas no saguão da Reitoria e 14 esculturas monumentais distribuídas pela avenida Mendes Pimentel e pela Praça de Serviços.

Nascido em Paraisópolis, em 1920, Amilcar Augusto Pereira de Castro chegou à Belo Horizonte em 1934 e formou-se em Direito pela então UMG, em 1945, quando já havia iniciado os cursos de Desenho e Pintura, com Alberto da Veiga Guignard e de Escultura Figurativa, com Franz Weissmann.

Em 1967, viajou para os Estados Unidos, de onde retornou em 1971, fixando-se em Belo Horizonte. Foi diretor da Fundação Escola Guignard de 1974 a 1977; professor de escultura na Fundação de Artes de Ouro Preto (Faop), em 1979; e de composição e escultura na EBA/UFMG de 1979 a 1990. Segundo o professor Fabrício Fernandino, ex-aluno de Amilcar de Castro, o artista, no papel de professor, era rigoroso. “Ele forçava os alunos a pensar e a sentir e era econômico nas palavras. Conseguia transmitir toda a informação com um simples gesto”, relata.

Amilcar de Castro teve suas obras expostas em 47 mostras individuais, 40 coletivas, 19 salões e bienais, além de ter recebido 12 premiações e bolsas. Suas obras estão expostas em várias cidades do Brasil e do exterior. Ele morreu em novembro de 2002, em Belo Horizonte.

Exposição: Amilcar de Castro – programador visual e ilustrador de publicações Curador: José Francisco Alves Organização: Fabrício Fernandino Local: Espaço Expositivo do saguão da Reitoria da UFMG Abertura: segunda-feira, 27 de março, às 19 horas Visitação: 28 de março a 30 de abril, de segunda à sexta-feira, das 8h às 18h