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Nº 1745 - Ano 37
22.8.2011

O termo surgiu em 2004 com Thomas Vander Wal, para designar uma classificação popular que se origina das ações de representação da informação desempenhada pelos usuários de diversos serviços na web. É uma inovação que explora o uso da linguagem cotidiana e o potencial das redes sociais na organização da informação.

Colaboração + linguagem = RELEVÂNCIA

Dissertação mostra que ambientes colaborativos na web mudam a forma de se conceber a qualidade da informação

Itamar Rigueira Jr.

Sara Grunbaum
Juliana de Assis: observação de comunidades virtuais com perfis próprios

Sites como o Delicious, que reúnem os links favoritos de milhares de pessoas e possibilitam a organização e o compartilhamento de conteúdos informacionais, mostram que o modo convencional de atribuição de qualidade da informação não se aplica à web atual, que radicaliza o seu potencial colaborativo e explora novas possibilidades de interação. A conclusão é de Juliana de Assis, em dissertação defendida em junho na Escola de Ciência da Informação.

Os sistemas que adotam a folksonomia possibilitam a integração de enorme diversidade de usuários-produtores, capturam os percursos informacionais dessas pessoas e transformam esses dados em conteúdo ressignificado e entregue de forma personalizada.

“No contexto das comunidades virtuais analisadas, a qualidade da informação não é definida por um somatório de critérios, mas pelo compartilhamento de significados, o que confere à linguagem papel crucial na validação dos conteúdos”, explica Juliana de Assis. Segundo ela, “quanto maior a familiaridade dos sujeitos com os arranjos sígnicos – gerados tanto pelo desenvolvedor quanto pelos outros usuários –, maior a capacidade desses sistemas de contribuir com a organização da informação de modo personalizado”.

Saúde e jogos digitais

Juliana de Assis lançou mão em seus estudos de uma triangulação de métodos e teorias: a Semiótica peirciana permitiu a compreensão dos fenômenos de linguagem e significação; a Netnografia identificou interesses, discursos e práticas informacionais; e a Análise de Redes Sociais ajudou a entender as formas de atuação no contexto digital. “Foi necessário identificar, monitorar e formalizar comunidades virtuais que não estavam explícitas”, conta a pesquisadora.

Ela analisou comunidades que se agregam em torno dos temas “saúde” e “jogos digitais” nos serviços Delicious, Diigo e Stumble Upon. Criou perfis próprios e tornou-se participante para observar as dinâmicas dos sujeitos e da linguagem. “Foi possível constatar que as redes sociais atuam como filtros e que a construção da noção de relevância leva em conta laços relacionais e interesses comuns, com a mediação de uma espécie de curadoria de conteúdos”, afirma Juliana de Assis, que já iniciou o doutorado também pelo programa em Ciência da Informação.

Segundo Juliana, os estudos revelaram que as pessoas que utilizam esses ambientes colaborativos se caracterizam, em geral, por desenvolver atividades de pesquisa, integrar redes sociais e manter blogs próprios. “Esses ambientes são índices da vida off-line e se tornam extensões da memória e da cultura informacional de seus utilizadores.“

Dentre os dados colhidos por meio de questionário, Juliana destaca que, ao aderir a esse tipo de site, a maioria dos usuários (55%) tem expectativa de obter acesso a conteúdos de qualidade; e parte ainda mais expressiva (65%) adiciona pessoas em suas redes, sobretudo em função da capacidade de agregar informação relevante.

Como afirma a própria Juliana de Assis em seu blog, “a maximização de elementos como colaboração, interatividade, linguagem e sociabilidade em rede não altera apenas a produção dos conteúdos (...), mas também as formas de organização e validação desses conteúdos de modo a explorar cada vez mais a linguagem natural e a participação dos sujeitos”. E acrescenta: “O conteúdo tem se tornado um catalisador das relações sociais”.

Dissertação: Indicadores de qualidade da informação em sistemas baseados em folksonomia
De Juliana de Assis
Orientadora: Maria Aparecida Moura
Defesa em 27 de junho, no programa de Pós-graduação em Ciência da Informação