Busca no site da UFMG

Nº 1748 - Ano 37
12.9.2011

O termo surgiu em 2004 com Thomas Vander Wal, para designar uma classificação popular que se origina das ações de representação da informação desempenhada pelos usuários de diversos serviços na web. É uma inovação que explora o uso da linguagem cotidiana e o potencial das redes sociais na organização da informação.

TRANSPARÊNCIA revelada

Livro da Editora UFMG aborda as técnicas de produção e manuseio do vidro

Marcos Fernandes

AAlguns consideram o vidreiro como um artista que produz peças de adornos em vidro. A profissão de vidreiro é, antes disso, uma atividade que exige conhecimentos dos diversos tipos de vidro e as especificidades a que se destinam. Esses fatores, aliados à vontade de oferecer subsídios a todos que praticam qualquer atividade com o vidro, propiciaram a elaboração deste livro”. É com a honestidade de quem conhece e admira o próprio trabalho que Celso Pereira Fonseca e Sérgio Eustáquio Martins iniciam sua obra Hialotécnica – Arte e Vidro.

Lançado recentemente pela Editora UFMG, o livro apresenta, em linguagem clara, uma introdução à técnica de produzir e manusear o material “É um livro para iniciantes que oferece os fundamentos a qualquer um que deseja efetuar um trabalho técnico”, define Fonseca, professor do Colégio Técnico com especialização em Hialotécnica.

Ainda que se destine a leigos, o autor evita usar o termo “manual” para qualificar a obra. “Manual é muito fechado. O livro é como um guia, que lhe dá subsídios, mas exige que se exercite o aprendizado”. Para ele, o vidro não é um material de difícil manuseio, apenas “exigente”. É preciso, segundo o vidreiro, conhecer suas peculiaridades e saber controlá-las. “Assusta-se quando o vidro vai ao fogo e explode. Mas é claro que se eu levar uma garrafa à chama, ela vai estourar. No entanto, se sei como conduzi-la, a reação é totalmente diferente”, diz.

A obra passeia por curiosidades da história do vidro. No passado, os vidreiros detinham privilégios – isenção de impostos, por exemplo – ou benesses sociais, como relata a seguinte passagem descrita por Fonseca. “Do Baixo Império, a arte e a indústria vidreira passaram, no século 13, para a gloriosa República de Veneza, tornando-se privilegiada a tal ponto que o célebre Conselho dos Dez proibiu a saída de operários e técnicos em vidro para o estrangeiro, chegando a ponto de ameaçar com a morte todo aquele que se retirasse de Veneza”.

Hialotécnica também narra a chegada do vidro à América, em 1608. O material foi trazido por artesãos que se refugiaram em Jamestown, no estado da Virginia, nos Estados Unidos. A obra também relata as extravagâncias de Henry William Steigel, barão que gastou sua fortuna construindo uma cidade em que se pontificavam uma fábrica de vidro e casas para vidreiros. “Ele era fiel ao seu objetivo de produzir na América um vidro tão fino quanto o que era fabricado na Europa. Entretanto, os gastos foram tantos que Steigel viu sua ruína financeira. Tudo o que possuía, incluindo seus pedaços de vidro, foi vendido para pagar seus credores”.

Escondendo o ouro

De acordo com Celso Fonseca, a bibliografia sobre hialografia no Brasil ainda é escassa, embora rejeite a ideia de que há pouca pesquisa sobre o assunto. “Não é este o caso. A área, por si só, acaba sendo restrita. Sobretudo porque os antigos vidreiros tendiam a esconder a ‘arte do ofício’”, explica. A ideia do livro vai no sentido oposto: evidenciar, por vezes com ilustrações e sempre em minúcias, o processo de fabricação do vidro. Em um dos capítulos, ele enumera os passos para se montar uma oficina.

O conceito de vidro, que apresenta certa complexidade, também mereceu destaque no livro. Para alguns, o material é um sólido, pois, resistente, não muda de forma; por vezes, é considerado um líquido superresfriado e também um polímero, espécie de composto químico formado por sucessivas aglomerações de moléculas fundamentais. Essa divergência conceitual não assusta Fonseca. “Quando fabricado, o vidro passa por vários estágios. Mas essas definições não são tão importantes para a hialotécnica. Só interessa ao vidreiro conhecer detalhes sobre sua composição para controlar a velocidade da dilatação e do amolecimento, por exemplo.”

Livro: Hialotécnica – Arte e Vidro
De Celso Pereira Fonseca e Sérgio Eustáquio Martins
Editora UFMG
248 páginas