De olho em 2020

CTE firma parceria para treinar jovens com potencial para a prática do atletismo

Matheus Espíndola

Bárbara Viana tem 12 anos e cursa o 7º ano do ensino fundamental na Escola Municipal Doutor Lund, em Lagoa Santa. Nas aulas de Educação Física, chamava atenção tanto por causa do bom desempenho nas atividades esportivas quanto pela estatura incomum para jovens de sua idade – 1,79m. Já Pedro Luca Amaral, que está no 1° ano do ensino médio do Colégio M2, na mesma cidade, completa este ano seu 15° aniversário. Recentemente, começou a treinar vôlei no Sada Cruzeiro e tem como ídolo o central Rogério, atleta daquele clube.

Os dois e outros 38 estudantes com idade entre 12 e 16 anos foram recrutados pela professora Rose Maturano, gerente de Lazer e Esporte da Prefeitura de Lagoa Santa, para compor a primeira turma do programa contínuo de formação de atletas do Centro de Treinamento Esportivo (CTE) da UFMG. Os adolescentes vão treinar atletismo no local, todas as terças e quintas-feiras, das 16h30 às 19h.

O coordenador do CTE, o professor Leszek Szmuchrowski, explica que, a princípio, os jovens vão praticar todas as modalidades de atletismo: corrida, saltos e lançamentos. “Conforme o rendimento, serão orientados a se especializar em alguma delas”, projeta. O grupo de atletas será rotativo, à medida que forem ingressando novas turmas, permanecendo aqueles que mais se destacarem.

Reunião de talentos

“Minas Gerais é carente de estrutura e apoio aos jovens promissores do atletismo. Tenho conhecimento de atletas do interior do estado com altíssimo potencial. Espero que nosso programa, ao longo do tempo, reúna esses talentos”, diz Leszek. Segundo o professor, o Centro conta com equipe de 19 instrutores, entre profissionais de educação física contratados, bolsistas e voluntários, além de estrutura física e material de primeira linha.

Ele espera que até 2016 o CTE seja capaz de fornecer alojamento aos atletas, possivelmente no Mineirinho, além de montar e treinar a seleção mineira de atletismo. “Os garotos que hoje ingressaram podem fazer parte de um projeto para os Jogos Olímpicos de 2020”, vislumbra.

Rose Maturana conta que a seleção se deu por meio da indicação de professores e diretores das escolas municipais, estaduais e particulares, e da observação do desempenho dos alunos nas aulas de Educação Física. “Foi necessário esclarecer às famílias dos adolescentes de que não se trata de um projeto social, mas de programa de alto rendimento no esporte, visando formar, em longo prazo, atletas olímpicos. É muito importante o apoio dos pais para que os jovens não percam a motivação”, completa.

O CTE intermediará a participação de seus atletas em competições esportivas e também pretende viabilizar patrocínios para aqueles que se sobressaírem. “Espero que outras prefeituras manifestem interesse em aderir ao programa. Temos muita disponibilidade de tempo e espaço para acolhê-las”, garante Leszek.

Excelência

Ao longo de 13,8 mil metros quadrados, na parte baixa do Centro Esportivo Universitário (CEU), o CTE foi projetado para ser um complexo com laboratórios, parque aquático – natação, polo aquático e nado sincronizado – e ginásio poliesportivo para prática de esportes coletivos e lutas. A pista de atletismo, inaugurada em junho do ano passado, tem nove raias e foi aprovada para receber a certificação Classe 1, a máxima concedida pela Federação Internacional de Atletismo (IAAF).

O Centro está sendo erguido com recursos dos governos federal e estadual. Este último, por exemplo, liberou R$ 7 milhões para elaboração do projeto total e construção da pista de atletismo, e R$ 43 milhões para estruturação do parque aquático.

Em janeiro deste ano, o CTE recebeu a visita de dirigentes da Associação Olímpica Britânica (BOA), interessada em negociar com a UFMG a cessão das instalações da unidade para que atletas ingleses possam se preparar para os Jogos Olímpicos de 2016, com sede no Rio de Janeiro. Em 2012, representantes dos comitês de Portugal e de Itália também já haviam visitado o local.