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Nº 1833 - Ano 39
26.08.2013

Amizade sincera

Com atuação em comunidades pobres, projeto de extensão da Escola de Veterinária difunde posse consciente e controle populacional de animais de estimação

Luana Moreira

É crescente o número de animais de companhia no ambiente urbano. Só o Brasil contabiliza em torno de 48 milhões de cães e gatos. Segundo pesquisas, esse fenômeno se deve à carência afetiva típica da sociedade moderna, tornando cada vez mais comum a presença desses animais em residências de pessoas de classe média e alta, que moram sozinhas, ou de casais sem filhos.

No entanto, grande parte desses animais também pode ser encontrada em lares de famílias pobres, que muitas vezes não sabem aplicar os cuidados relacionados à saúde e acabam abandonando-os. É nesse cenário que atua o projeto de extensão Ação Global Homem-Animal (Agha), da Escola de Veterinária, criado há dois anos e que também é uma disciplina optativa do curso de Medicina Veterinária.

Com o intuito de investigar os aspectos da relação homem-animal de companhia, avaliar a situação cultural e socioeconômica de seus proprietários, difundir a posse consciente de animais e o controle populacional de cães e gatos e observar o nível de conhecimento relativo ao comportamento e saúde dos animais, o projeto Agha reúne 15 professores e cerca de 30 alunos da graduação e pós-graduação em ações educativas e preventivas na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Uma das coordenadoras do projeto, a professora Danielle Ferreira de Magalhães Soares, do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva, explica que o objetivo da iniciativa é contribuir para o combate de doenças, evitar o abandono e realizar o controle reprodutivo dos animais em áreas pouco contempladas por esse tipo de ação. A definição sobre os locais que necessitam da intervenção do projeto é realizada por meio de pesquisa ou pela solicitação dos próprios representantes de municípios interessados nas atividades.

Etapas

As ações são organizadas em três etapas. Na primeira, ocorre uma reunião com os líderes comunitários locais para divulgação do projeto e identificação dos bairros com maior índice de pobreza e abandono de animais. Durante a segunda etapa, os alunos e professores envolvidos no projeto organizam evento aberto ao público local contendo atividades recreativas e educativas, como apresentações de teatro, sessões de cinema e exposições que abordam a relação entre o homem e seus animais e a prevenção de zoonoses. Ainda são realizados cadastramento de cães e gatos, exames clínicos e diagnóstico de doenças.

Após o levantamento epidemiológico e clínico, os animais aprovados nos testes e na avaliação de risco cirúrgico são castrados e recebem apoio pós-operatório. Enquanto aguardam a cirurgia de seus animais, os proprietários assistem a palestras e respondem a questionários que testam seu conhecimento em relação a temas como prevenção e controle de doenças como leishmaniose e leptospirose, vacinação, vermifugação, alimentação, higiene e demais aspectos que proporcionam relação harmônica entre o homem e seu animal de estimação.

Por fim, o grupo promove palestra que tenta sanar dúvidas originadas durante a aplicação dos questionários, oficinas em escolas e associações comunitárias por meio da distribuição de folhetos que servem como orientação a veterinários e cidadãos locais. “As ações são realizadas separadamente, desenvolvidas em momentos diferentes, para possibilitar resultados completos que contemplem as etapas de preparação, execução e avaliação das diversas situações apresentadas durante a pesquisa”, afirma Danielle Magalhães.

Reunindo em torno de 500 pessoas e atendendo cerca de 80 animais por visita, o projeto já passou pelos municípios de Juatuba, Lagoa Santa e Pompéu. O próximo é Caeté, e a primeira intervenção, baseada em oferta de informação, atendimento e integração com a população e os animais, ocorrerá em 5 de outubro. Já a campanha de castração, que realizará até 100 cirurgias e preparará médicos veterinários do município para esse tipo de campanha, ocorrerá no dia 23 de novembro.

O projeto, multidisciplinar, procura abranger vários conceitos da medicina veterinária, além de aspectos sociológicos e humanitários. Os dados gerados durante as atividades serão disponibilizados à população dos municípios e servirão de objeto de estudo para alunos de iniciação cientifica. Com a coordenação dos professores do departamento de Clínica e Cirurgia Veterinárias Rafael Faleiros, Luiz Lago e Júlio Cambraia, e da professora do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva (DMVP) Danielle Magalhães, o projeto Agha é realizado em parceria entre a Escola de Veterinária da UFMG e as prefeituras dos municípios envolvidos. Outras informações sobre o projeto podem ser obtidas no site do Projeto AGHA.