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Nº 1843 - Ano 40
04.11.2013

Os clássicos e as novidades

Encontro de pesquisa em parasitologia vai tratar de novas abordagens sem deixar de valorizar a formação tradicional

Ana Rita Araújo

Ouso de ferramentas de análise multidisciplinar e as abordagens modernas a partir de campos emergentes da biologia não dispensam a formação clássica que prepara o profissional de saúde para reconhecer, diagnosticar e tratar doenças parasitárias como leishmaniose, Chagas, malária e esquistossomose. A opinião da professora Érika Martins Braga, coordenadora do Programa de Pós-graduação em Parasitologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), define o desafio de ensinar parasitologia nos dias de hoje. O assunto terá destaque no IV Encontro de pesquisa em Parasitologia: Uma releitura no cenário atual, que será realizado nos dias 27 e 28 de novembro, no campus Pampulha.

A pesquisadora comenta que em um país com alta prevalência de doenças parasitárias como o Brasil, os temas da parasitologia básica não podem ser negligenciados. “É fundamental estudar a relação parasito-hospedeiro aliada à ótica da modernidade, com uso de ferramentas moleculares, de bioinformática, das análises genômicas, proteômicas e tantas outras ômicas. Mas é essencial e imprescindível o entendimento das interações biológicas e ambientais que definem a transmissão e permanência dos parasitos em nosso meio”, destaca. O atual estágio da pesquisa brasileira na área e os principais avanços alcançados no contexto mundial também serão discutidos no evento, que receberá cinco pesquisadores estrangeiros e convidados de todo o país.

Programação

O debate sobre o ensino da parasitologia estará presente tanto na primeira mesa-redonda do evento quanto na conferência final. No dia 28, as pesquisadoras Rosângela Zacarias (USP) e Amália Verônica Mendes Silva (Fumec) abordarão os Desafios da educação em parasitologia. No encerramento, o professor emérito do ICB Pedro Linardi vai falar sobre O ensino da parasitologia no Brasil: história e perspectivas.

Os temas clássicos e as novidades da área integram a programação em mesas, conferências, apresentação oral de trabalhos e debate com os participantes. Os professores Alexandre Reis (Ufop) e Itabajara Vaz Junior (UFRGS) vão falar sobre Novas abordagens vacinais no controle de parasitos. Já a discussão sobre Proteômica e Bioinformática como ferramentas no estudo da parasitologia será realizada pelas pesquisadoras Daniella Bartholomeu (UFMG) e Rosiane Pereira (Centro de Pesquisas René Rachou/CPqRR). Para abordar o tema Parasitos de animais silvestres, foram convidadas as pesquisadoras Célia Gontijo (CPqRR) e Elaine Cristina Bento Oliveira (UFTM).

Os convidados internacionais Bruce Alexander, da Xeroshield Scotland (Reino Unido), e David Gorla, do Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (Conicet) da Argentina, discutirão Alterações antrópicas e a parasitologia. O professor Chris Schofield, da London School of Hygiene and Tropical Medicine, fará a conferência The future of Chagas disease control. A mesa-redonda A internacionalização da parasitologia é possível? reunirá os professores da UFMG Maurício Sant’Ana e Alexandre Ferreira Marques, ambos recém-concursados e com larga experiência de trabalho profissional em outros países. Tendo passado seis anos nos Estados Unidos, onde atuou como pesquisador associado da University of Texas at El Paso, Alexandre Marques avalia que o Brasil já não é visto no exterior como um país pobre de pesquisas, mas ressalta que ainda é preciso melhorar as estruturas físicas e de financiamento. “Estamos avançando, mas aqui falta valorização do trabalho dos pesquisadores”, diz. Além disso, observa, há grande demora entre a pesquisa básica e a aplicada, por falta de estímulo ou de interesse do mercado.

Ambiente de troca

A primeira conferência do Encontro, após a solenidade de abertura, será proferida por Jeffrey Jon Shaw, doutor em Parasitologia pela Universidade de Londres, onde também fez sua graduação, em 1960. Professor da USP, Shaw vai discorrer sobre seu interesse nesse campo.

Para o doutorando Luiz Carlos Fialho Júnior, que integra a comissão organizadora, o IV Encontro tem também o mérito de proporcionar contatos e troca de saberes. “O que começou como um evento interno, para que as pessoas soubessem como o laboratório do lado estava trabalhando, cresceu muito, e hoje recebe pesquisadores e estudantes de todos os estados do país”, comenta. Segundo ele, o público é composto por alunos, pesquisadores e professores de graduação e de pós-graduação de áreas como biologia, veterinária, medicina, farmácia e biomedicina, além de profissionais que buscam contato com possíveis orientadores.

Mais informações podem ser obtidas no site oficial do evento: www.parasitologia.icb.ufmg.br/ep2013.

* Bolsista da Assessoria de Comunicação da Escola de Veterinária da UFMG