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Nº 1926 - Ano 42
25.01.2016

Retorno às origens

Festival de Verão contará com ciclo de palestras que, ao tematizar o tempo e a memória, remonta à primeira edição

Ewerton Martins Ribeiro

De 1º a 3 de fevereiro, o Festival de Verão contará com um Ciclo de Palestras sobre a temática desta edição, Tempo e memória. Ao todo, serão seis palestras, gratuitas, ministradas por professores da UFMG.

No formato atual, o Ciclo de Palestras "estreou" na edição de 2015 do Festival de Verão com o intuito de permear a programação do evento com conteúdo científico produzido na Universidade. No entanto, a atividade remonta às origens do Festival: em sua primeira edição, em 2007, o evento já havia contado com ciclo de palestras que buscava pôr em perspectiva os processos de interação dinâmica entre cultura e educação.

Em 2016, as atividades contemplam diferentes áreas de pesquisa, da terapia ocupacional à física, das neurociências às artes, tendo em vista as interseções entre tempo e memória.

Sobre o tempo

Na segunda-feira, 1º, Marcella Guimarães Assis, professora do Departamento de Terapia Ocupacional da UFMG, falará sobre O envelhecimento e o tempo. Seu objetivo é discutir a relação do idoso com a passagem dos anos. No mesmo dia, o professor Sebastião de Pádua, do Departamento de Física, vai discutir O tempo na visão da física, ocasião em que abordará questões como a relatividade do tempo e a ideia de tempo no contexto da física quântica.

No dia seguinte, Alfredo Gontijo de Oliveira, também do Departamento de Física, ministrará a palestra O que é o tempo e algumas incursões na memória, em que discutirá as diferentes noções de tempo, como a biológica, a social, a psicológica, a física e a cosmológica. Posteriormente, o médico Leonardo Cruz de Souza, professor do Programa Interdisciplinar de Pós-graduação em Neurociências da UFMG, seguirá abordando o tema Tempo e memória.

Cruz de Souza discutirá a relação entre a percepção do tempo e o funcionamento da memória em uma perspectiva neurocientífica. "Existe a dimensão física do tempo, que pode ser medida de maneira muito rígida. Porém, para nós, do ponto de vista biológico, isso é uma representação. Há períodos que se passaram há muito mais tempo que outros e que, para nós, parecem ter se passado mais recentemente. Isso se dá porque há uma modulação afetiva na forma como nos relacionamentos com o tempo", detalha o professor.

Leonardo Cruz de Souza explica que traçará panorama sobre como se forma a percepção biológica do tempo e como ela se articula com a memória. "A memória funciona como um sistema de armazenagem do tempo, ou melhor, do tempo como nós o entendemos. Tempo e memória podem ser vistos de diversas maneiras", afirma.

O professor cita a possibilidade de se entender o tempo não apenas como unidade física, mas também como unidade representativa, social, cultural. Nesse sentido, abordará, também, as patologias que se relacionam com a memória, o tempo e sua percepção, como a doença de Alzheimer.

Na quarta-feira, último dia de palestras, Glaura Lucas, do Departamento de Teoria Geral da Música, e Leda Maria Martins, da Faculdade de Letras, farão comunicações sobre a percepção do tempo e da memória no contexto das artes, em especial, as artes corporais.

Em sua palestra Música e tempo no Reinado do Rosário, Glaura falará sobre a tradição mineira do congado na festa do Reinado de Nossa Senhora do Rosário. Em Imagens e coreografias do tempo espiralar, Leda Maria Martins vai apresentar uma experiência de construção de memória por meio das coreografias e imagens do tempo espiralar, no âmbito das corporeidades e performances negras.

Todas as palestras serão ministradas pela manhã, das 10h às 12h (duas por dia, sequenciais), no miniauditório do Conservatório UFMG, e não demandam inscrição prévia. As atividades são franqueadas ao público e estão sujeitas à lotação do espaço.