Julia Arbex reflete sobre construção e destruição, criação e catástrofe em exposição individual

Julia Arbex reflete sobre construção e destruição, criação e catástrofe em exposição individual

O Centro Cultural UFMG convida para a abertura da exposição ‘Frações’, da artista visual Julia Arbex, com curadoria de Natália Quinderé. A mostra reúne uma série de desenhos que ganham volume através de recorte e colagem, tornando algumas produções também uma topografia. O evento acontece no dia 29 de agosto de 2025, sexta-feira, às 19 horas. As obras poderão ser vistas até 5 de outubro de 2025. A entrada é gratuita e tem classificação livre.

Frações – por Natália Quinderé

Em ‘Frações’, Julia Arbex apresenta ao público uma instalação organizada a partir de suas últimas pesquisas em torno do papel e do cobre. A artista observa imagens de satélites de ilhas, vulcões e rasgos de desmatamento para construir estruturas tridimensionais em papéis recortados. O trabalho em exposição começa quando Julia pinta com tinta acrílica rolos grandes de papel e depois os recorta. O caminho do corte segue suas pinceladas. Esses territórios vão ganhando forma e peso no processo, sem concepção prévia. Dos fragmentos desses recortes, a artista obtém os moldes das placas de cobre – matéria encontrada no solo e em nosso corpo. As placas de cobre se transformam em esculturas que por vezes lembram ossaturas de animais desconhecidos.

Durante sua residência na FAAP (São Paulo), em 2025, a artista se propôs a aumentar o tamanho desses territórios. O aumento da dimensão dessa série torceu de maneira paradigmática o que Arbex vinha fazendo, na medida que essas ilhas cobertas de tinta passaram a ter uma densidade corpórea misteriosa e própria. Estranhamente, são pedaços de carne esverdeadas. O deslocamento do método da artista mudou a forma do trabalho e modificou a maneira de sua exposição.

Para além dessa conexão íntima entre processo e exposição, que pode ser apreendido de maneira surpreendente no trabalho de Julia Arbex, ‘Frações’ é parte do debate sobre as mudanças climáticas do nosso fim de mundo. Como o nome da exposição nos recorda, tudo está em relação, pelo fragmento. Nós somos partes inframínimas de um todo. Pensar em frações, expõe Julia, é se remeter a um mundo feito de divisões, somas e vazios – nunca de totalidades absolutas. ‘Frações’ é a segunda exposição individual da artista em Belo Horizonte, realizada com auxílio Proex / Capes e Ppgartes UFMG.

Sobre a artista

Julia Arbex vive e trabalha entre o Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Indicada ao Prêmio Pipa em 2023, residente na FAAP São Paulo 2025. Em 2024 realizou a exposição individual ‘Três Tempos’ na Casa Fiat de Cultura. Participou das exposições coletivas: ‘Salón Acme’ (Mexico 2023); ‘The Silence of Tired Tongues’ (Framer Framed, Amsterdam 2022); ‘Sol a Sol’ (ArteFasam, SP 2022); ‘Drawing box Pop Up Show’, (India; Irlanda e Estados Unidos, 2022); ‘Mirantes (Galeria Anita Schwartz, RJ 2021); ‘Até onde a vista alcança’ (Galeria Athena, Rio de Janeiro 2020) entre outras. Doutoranda em Artes na UFMG e mestre em Estudos Contemporâneos das Artes pela Universidade Federal Fluminense.

Sobre a curadora

Natália Quinderé é artista, pesquisadora e curadora. Em 2024 foi residente na Pivô SP. Em 2019 ganhou uma bolsa de viagem curatorial do Goethe e do Serviço Cultural da França, com o projeto Musée-Museum: 15 dias, 4 horas, uma obra-prima. Idealizou ‘Seis gentes dançam no museu’, a partir da pesquisa no exterior. A primeira edição desse projeto foi realizada no MAM-Rio (nov. 2021). Fez curadorias individuais de Gabriela Mureb, Ana Hupe, Eloá Carvalho, Pedro Victor Brandão, Maria Baigur, Darks Miranda, Mayra Redin, entre outras. Dentre as curadorias coletivas destaca-se ‘O trabalho trabalha trabalha e Formas de abandonar o corpo – parte 1’. Trabalhou como editora executiva da revista Arte Ensaios (PPGAV/EBA/UFRJ) e, atualmente, alimenta uma plataforma chamada teteia (teteia.org). Em 2022 acompanhou processos de artistas, ao lado do artista Cadu, na Escola sem Sítio. Desenvolve pesquisa de tese sobre o Museu de Arte Moderna, Departamento das Águias (1968-1972), do artista Marcel Broodthaers. Em suas pesquisas, interessa-se em pensar as relações entre ficção e história da arte, trânsito de obras e fluxo monetário, métodos de escrita de história da arte – especialmente, pós-1945, e museus de artista.

Exposição ‘Frações’ – Julia Arbex
Abertura: 29 de agosto de 2025 | às 19h
Visitação: até o dia 05/10/2025
Terças a sextas: 9h às 20h
Sábados, domingos e feriados: 9h às 17h
Sala Celso Renato de Lima
Classificação indicativa: livre
Entrada gratuita

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