Centro Cultural UFMG lança ‘Corredor Cultural 174’, nova série de podcast

Centro Cultural UFMG lança ‘Corredor Cultural 174’, nova série de podcast

O primeiro episódio do Corredor Cultural 174 Podcast apresenta bate-papo com a pintora muralista e diretora de arte no cinema Priscila Amoni, importante nome do muralismo de Minas Gerais.

Ela é co-criadora e co-curadora do Circuito Urbano de Arte – CURA, um dos maiores festivais de arte pública do Brasil, que reúne os murais mais altos pintados por mulheres na América Latina e a maior obra de arte pública realizada por uma artista indígena.

Priscila começou a pintar telas em 2008, mas foi em 2013 que seu trabalho ganhou novos sentidos e grandes formatos. Na época, recém-chegada de Lisboa, local onde realizou seu mestrado, presenciou o Brasil em fervor com as manifestações, momento em que acompanhou os movimentos sociais e olhou para as ruas de outra forma.

Priscila Amoni/Reprodução

Pintar na rua
Para Amoni (foto), a ideia de pintar na rua, de forma gratuita, era o contrário do que acontecia dentro das galerias, dos espaços do ‘cubo branco’, instituídos como ambientes da arte, extremamente elitizados. Foi a partir daí que decidiu virar muralista e estudar a pintura nas paredes dos espaços públicos, mudando completamente sua trajetória. Hoje em dia as produções da artista ocupam grandes empenas desses espaços, algumas delas em fachadas de prédios que colorem cidades do Brasil e da França.

Priscila é uma das idealizadoras do CURA e autora da pintura “Dralamaale”, de 850 m², que ocupa a lateral do Hotel Rio Jordão, na Rua Rio de Janeiro, 147, Centro de Belo Horizonte.

Realizada em agosto de 2017, sua primeira empena a integrar o festival resiste até os dias atuais e representa uma mulher afro-brasileira carregando duas plantas de proteção nas mãos, cada uma com seu significado, abençoando a cidade. (Continua após a foto)

Pintura mural ‘Coragem’/Priscila Amoni

Temáticas
As obras de Amoni expressam essa sua relação com o poder feminino e as plantas, o estudo de sua força e seu sentido de cura, sempre privilegiando a perspectiva do conhecimento popular das minorias, principalmente as de cultura oral, como o xamanismo indígena, a cultura popular e a cultura negra.

Sua pesquisa artística está estampada em sua arte, então nada mais natural que apareça de diversas formas como protagonista, representando os costumes femininos de magia e as conhecedoras dos segredos da natureza, como as benzedeiras, as curandeiras, as rezadeiras, as raizeiras e as mulheres de terreiro.

Empenas
Muito comum nas áreas centrais das grandes cidades, as empenas dos prédios trazem bastante visibilidade para os trabalhos dos artistas e o CURA veio para unir essas produções e inserir Belo Horizonte no mapa mundial de arte urbana.

Tomando proporções cada vez maiores e ganhando camadas jamais imaginadas, o projeto se destaca entre os principais festivais de arte pública do Brasil, talvez o de maior relevância artística, pois aponta novos caminhos, traz artistas fora do mainstream, como os artistas indígenas, e outras formas de pensar a arte nesse contexto.

Mirantes de arte
O CURA foi o primeiro a criar um Mirante de Arte Urbana no mundo e, segundo a artista, não existe registro de outro festival em que o público possa contemplar de um ponto único todas as obras. Atualmente BH possui dois mirantes, um na Rua Sapucaí, no bairro Floresta (foto de capa desta reportagem, do acervo do Qu4arto Studio/Belotur) e outro na Rua Diamantina, no bairro Lagoinha.

A edição de 2022 está acontecendo na Praça Raul Soares, espaço de imersão dos artistas no momento, onde uma pintura-ritual deu vida a uma Anaconda no chão que contorna a praça, sendo a maior obra shipibo (povos da Amazônia peruana) do mundo, com seus quase três mil m².

Conheça o trabalho de Priscila Amoni em: seu site e perfil no Instagram.

Ouça o podcast na íntegra e saiba um pouco mais sobre as pinturas muralistas e o trabalho desenvolvido pela artista:

Corredor Cultural 174 Podcast
Corredor Cultural 174 Podcast é um projeto que pretende disponibilizar mensalmente no site do Centro Cultural e em seu canal no Spotify conversas com artistas, músicos, escritores, cineastas, agentes culturais e demais pessoas que pensam, respiram e produzem cultura.

O nome ‘Corredor’ se justifica pelo fato de o Centro Cultural UFMG estar situado no corredor cultural Praça da Estação e também no sentido de espaço de passagem, onde transitam ideias, movimentos e expressões artísticas em Belo Horizonte. ‘Cultural’, pois a temática será sempre cultura e ‘174’ é o número de localização da instituição na Avenida Santos Dumont.