DJ Jahi Amani participa do novo episódio de podcast

DJ Jahi Amani participa do novo episódio de podcast

O vigésimo episódio do Corredor Cultural 174 Podcast, produzido pelo Centro Cultural UFMG, traz um bate-papo com Jahi Amani, artista preta, travesti, não-binária, que atua como DJ, diretora de cinema e audiovisual, produtora cultural e comunicadora. Constrói uma pesquisa musical voltada para ritmos afro-brasileiros e sonoridades de origem preta e latino-americana. Em seus sets, passeia pelo funk, pagodões baianos, ritmos populares da cultura brasileira, afrobeat e batidas eletrônicas dançantes, além de flertar com o pop nacional e internacional.

No podcast, Jahi Amani recorda suas vivências artísticas ao longo da vida, principalmente no meio da cultura negra de Belo Horizonte, ambiente em que nasceu, cresceu e tem como referência. Começou a se interessar por arte e teatro em sua adolescência, participou de cursos de formação em programas do governo como o Plug Minas e Valores de Minas, fez aulas de canto e foi aprofundando seus estudos em artes cênicas e, sobretudo a música. Foi nesse percurso que se tornou DJ, diretora de cinema e audiovisual, bem como produtora cultural.

“Eu comecei a tocar em 2018, como DJ, nas festas universitárias, na faculdade. Em 2021, pós-pandemia, que eu iniciei uma carreira um pouco mais forte, focada nesse lance de ser DJ, de tocar em festas e eventos diversos”, explica Jahi. “E aí, depois disso, só foi indo, foi indo, foi indo, fui aprofundando a pesquisa, desenvolvendo esse ofício que é discotecar, gerir e maestrar uma pista de dança”, complementa.

Por influência dos pais, a música sempre esteve presente em sua vida. Seu pai dava aulas de percussão, sua mãe ministrava aulas de dança afro, além de ser capoeirista, e sempre circulavam por projetos sociais levando esses conhecimentos, ocasiões de muito aprendizado para Amani. “Eu aprendi a tocar muito nova, eu já sabia tocar tipo tudo de percussão: tambor, alfaia, atabaque, djembê, berimbau”, exemplifica. “Eu já cresci com essa rítmica muito bem marcada”, expressa. Para além dessas habilidades, Jahi ainda fez muitos anos de piano, ingressou no Centro de Musicalização Integrado da Escola de Música da UFMG para estudar esse instrumento, onde também fez canto, seguindo nessa linha da música.

Atualmente, Jahi Amani é idealizadora e residente de vários projetos importantes da capital mineira, como a ‘NBaile’, ‘Fervo BH’ e ‘Transmutar’, um programa de rádio na Function FM; a ‘Festa Majuma’, em Ouro Preto; bem como a ‘Escola de Mistérios’ e ‘Oztara’, do Rio de Janeiro. Mais que entretenimento, esses eventos são como plataformas de impulsionamento para pessoas trans e pessoas pretas, são movimentos de resistência LGBT.

A DJ fala sobre as questões raciais e de gênero e os principais desafios para que esses movimentos aconteçam e se sustentem. “Tem muita gente dando ‘migué’, muito evento falando que é diverso, que é múltiplo, que é acolhedor, seguro e que, na verdade, não tem nada disso, só quer fazer o ‘pink money’, só quer ter ali uma pauta de inclusão, mas não consegue, de fato, realizar isso, não consegue trazer segurança para esses corpos e para essas corpas nesses espaços, não consegue trazer políticas de acessibilidade que são, de fato, acessíveis. Então, a nossa cena é muito complexa nesse sentido”, desabafa.

Segundo Jahi, um dos principais desafios para a cena é o dinheiro, que na linguagem da comunidade LGBT é conhecido como ‘acué’. Ela diz que é muito importante que a gente entenda as políticas públicas da nossa cidade, os editais e projetos de incentivo à cultura, pois eles têm fortalecido para que novos projetos surjam, assim como mantêm os já existentes. “Quando a gente trabalha com públicos majoritariamente pretos, periféricos, trans, a gente sabe que não necessariamente todo mundo, mas muitas pessoas não têm um capital financeiro muito alto para dar em festa, para viver a festa, para pagar um ingresso muito caro, pagar para ver uma atração super bafônica e beber bastante”, contextualiza.

Dessa forma, a estratégia tem sido fazer eventos mais acessíveis e buscar parcerias que fortaleçam esses eventos. Além disso, Amani conta que tem tido uns avanços bem importantes e que precisam ser difundidos e valorizados, um deles é a ‘Lista T’, uma iniciativa de inclusão e diversidade que vem para proporcionar, gratuitamente ou com desconto, entretenimento e lazer para pessoas trans, travestis e não-binárias de forma segura e acolhedora. “Eu acho que também não adianta ter lista se a pessoa vai ao evento e é violentada, erram o pronome dela, não pode usar o banheiro, enfim, tem toda uma cadeia que precisa funcionar para que essas políticas, de fato, sejam efetivas”, manifesta.

Ouça o podcast na íntegra e conheça a trajetória dessa artista multifacetada, seu processo de construção de set, suas linhas curatoriais de pesquisa, seu arquivo consolidado de música e os desafios da cena na qual ela atua: https://bit.ly/3H39aKq

Acompanhe o trabalho de Jahi Amani no Instagram.

Corredor Cultural 174 Podcast é um projeto que disponibiliza mensalmente no Spotify conversas com artistas, músicos, escritores, cineastas, agentes culturais e demais pessoas que pensam, respiram e produzem cultura. “Corredor”, pelo fato do Centro Cultural UFMG estar situado no corredor cultural Praça da Estação e também no sentido de espaço de passagem, onde transitam ideias, movimentos e expressões artísticas em Belo Horizonte. “Cultural”, pois a temática será sempre cultura e “174” é o número de localização da instituição na Avenida Santos Dumont.

Corredor Cultural 174 Podcast
O podcast de cultura do Centro Cultural UFMG.
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