Edgar Kanaykõ Xakriabá, atuante da etnofotografia, participa de novo episódio de podcast

Edgar Kanaykõ Xakriabá, atuante da etnofotografia, participa de novo episódio de podcast

O décimo segundo episódio do Corredor Cultural 174 Podcast, produzido pelo Centro Cultural UFMG, traz um bate-papo com antropólogo e fotógrafo indígena Edgar Kanaykõ Xakriabá, indicado ao Prêmio PIPA 2023, relevante premiação brasileira de artes visuais. Por suas lentes, a fotografia torna-se uma nova ‘ferramenta de luta’, possibilitando ao espectador um olhar distinto para os povos originários. Suas obras revelam as manifestações do movimento indígena no país, a comunidade da qual faz parte e outras tribos.

No podcast, Edgar explica o que é etnofotografia, “que na verdade é um termo emprestado, digamos assim, da antropologia, que tem como ferramenta principal a etnografia”, diz. “Por isso, surge na antropologia visual um campo do conhecimento que é a etnofotografia, ou seja, um meio de registrar a vida e aspecto da cultura de um povo, como podemos entender a realidade de um povo, de uma cultura, a partir da imagem fotográfica”, esclarece.

Kanaykõ conta que integrou a primeira turma (2009) da Licenciatura Intercultural Indígena da Faculdade de Educação da UFMG (FaE), curso específico para os educadores indígenas, que tem como referência a interculturalidade e o multilinguismo, considerando as várias formas de uso da língua pelas comunidades indígenas, a especificidade de cada população indígena e a relação entre conhecimento tradicional indígena e conhecimento acadêmico.

Edgar teve a oportunidade de entrar no mestrado em Antropologia pela UFMG, curso que, como o anterior, também surgiu no âmbito do Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). Nesse contexto, ele afirma a importância de garantir o acesso e permanência de seu povo nas universidades e de programas de governo voltados para as minorias.

“A gente percebe que a universidade é um espaço majoritariamente ocupado por brancos. Ocupar, não só no sentido da presença e dos corpos diversos, mas no sentido de que o conhecimento é predominantemente ocidental. Então, quando se tem a presença de povos indígenas, a gente tenta romper, também, a própria estrutura da universidade e isso é importante para que haja esse diálogo entre conhecimento tradicional e científico”.

Autor da exposição ‘marco a n c e s t r a l’, em exibição no Centro Cultural UFMG até 20 de agosto pela programação do 55º Festival de Inverno UFMG, Kanaykõ diz que o país vive uma virada no jogo político. “Tivemos, anteriormente, um governo que era totalmente contra a diversidade de povos e de conhecimento, que vinha atacando várias esferas da cultura. Neste momento, estamos retomando e ressurgindo a partir da importância da cultura para o Brasil e não dá para falar de ‘Emergências e Insurgências’ (tema do festival) sem falar da resistência dos povos indígenas”.

“A história dos povos indígenas é marcada justamente por essa luta e resistência, então, nesse meu trabalho fotográfico que chamei de ‘marco a n c e s t r a l’, é um contraponto para o que se estava querendo votar no Congresso pela bancada ruralista, o Marco Temporal. Nosso marco não é temporal e sim ancestral, não para dizer que algo é antigo, pois aqui esse conhecimento é passado de geração para geração, sobre quem somos e nosso território. As epistemologias passadas de povos para povos se dá a partir desse conhecimento ancestral”, declara o Xakriabá.

Ouça o podcast na íntegra e saiba mais sobre sua luta, principal referência no trabalho que desenvolve:

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Corredor Cultural 174 Podcast é um projeto que disponibiliza mensalmente no Spotify conversas com artistas, músicos, escritores, cineastas, agentes culturais e demais pessoas que pensam, respiram e produzem cultura. “Corredor”, pelo fato do Centro Cultural UFMG estar situado no corredor cultural Praça da Estação e também no sentido de espaço de passagem, onde transitam ideias, movimentos e expressões artísticas em Belo Horizonte. “Cultural”, pois a temática será sempre cultura e “174” é o número de localização da instituição na Avenida Santos Dumont.

Corredor Cultural 174 Podcast
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