Monólogo peruano narra jornada de um jovem indígena
Na quinta-feira, dia 8 de maio de 2025, às 19h30, o Centro Cultural UFMG recebe a atriz e diretora de teatro Shirley Paucara, de nacionalidade peruana e espanhola, integrante da companhia Shaya Teatro, para a apresentação do espetáculo ‘Zumbayllu – memoria de un adolescente indígena’. A montagem é inspirada no romance ‘Los Ríos Profundos’, de José María Arguedas, um dos maiores escritores do Peru. Além da atuação, Shirley Paucara também assina a dramaturgia e direção da peça. O evento integra o projeto Baixo Centro En[cena], como parte da programação do Circuito Cultural UFMG. A entrada é gratuita, com classificação indicativa de 12 anos.
Sinopse
Uma viagem que conecta Ernesto com a magia do ‘Zumbayllu’ (o pião), um jogo que nos permite testemunhar tudo o que acontece na escola e na cidade, como o abandono, a discriminação e o abuso de poder. Através dos olhos do inocente Ernesto, a doçura de alguns fragmentos em língua quéchua, o canto e a música, mergulhamos de forma sublime no mundo andino, o de ‘Os Rios Profundos’ de Arguedas, que faz desse monólogo um espetáculo dramático, uma homenagem à memória e ao presente dos Andes e dos povos mais esquecidos.
Zumbayllu – memoria de un adolescente indígena
Uma atriz interpreta seis personagens. O personagem principal é ‘Ernesto’, um adolescente que é abandonado em um internato pelo pai e forçado a sair por falta de trabalho. Na escola Ernesto sofre discriminação por ser indígena, além de sofrer por amor na adolescência e presenciar o abuso sexual de Opa, uma jovem demente que ajuda na cozinha da escola.
Ao longo do caminho Ernesto fica mais forte, acompanhado do Zumbayllu (o pião), um veículo mágico que o conecta ao seu ser e ao jogo. Fora da escola ele também se envolve com o que acontece na cidade: ‘Dona Felipa’, líder indígena, levanta sua reivindicação pelo sal que os fazendeiros querem controlar. Ela nos mostra a situação dos povos indígenas e sua desigualdade em relação aos fazendeiros e à igreja. É essa luta que inspira Ernesto a se posicionar no mundo.
Outros personagens aparecem na trama, como ‘Markaska’, que nos fala sobre as diferenças sociais: “Não vou precisar dos índios, pretendo ir morar em Lima ou no exterior”. Por outro lado, ‘Ukuku’ oscila entre o humorístico e o irônico. Sua história de luta se entrelaça com a de Ernesto, conectando-nos com o mundo dos mortos (Uku Pacha), dos espíritos, a partir de uma perspectiva mágico-ritual. Por fim, personagens como ‘O Latifundiário’, dono e senhor das terras e dos índios e ‘O Diretor’ da escola fazem parte dessa história poética, física e melódica, que busca reivindicar a visão de mundo indígena.
A peça é toda em espanhol, com breves trechos em quéchua, língua indígena da América do Sul, incluindo algumas canções e danças andinas. O repertório sonoro é do músico Chano Díaz, importante compositor da cidade de Ayacucho.
Shirley Paucara
Atriz, diretora, pesquisadora teatral e gestora cultural de nacionalidade peruana e espanhola. Possui mestrado pela Universidade de Girona e pela Universidade Aberta da Catalunha. Tem especialização na Cátedra UNESCO. Iniciou sua formação como atriz aos 18 anos (2003), no histórico Grupo Teatral CuatroTablas, ao qual pertenceu até 2019. Decidiu fortalecer seu caminho independente e sua última criação coletiva, ‘Zumbayllu’, foi convidada para o Festival Hooyoung na Coreia do Sul (2019), com turnê pelo México, em cidades como Coyoacán, Cuernavaca e Puebla (2022). A peça estreou no Peru e já visitou diversas escolas no coração do país – Ayacucho, Cusco, Arequipa e Puno –, somando mais de 50 apresentações, sendo também convidada para o Festival Mito y Teatro, realizado no icônico Roy Hart Theatre (Pantheatre), na França. Idealizou o espetáculo solo, ‘La Pasionaria’, baseado na vida da política e feminista peruana Magda Portal. Dirigiu outros espetáculos coletivos, como ‘Alicia en la Ciudad’, um espetáculo de dança e teatro inspirado no romance de Lewis Caroll, e ‘Yuraq Sisa, la papa aventurera’, uma obra familiar que estreou para a União Europeia no Centro Cultural de España en Lima. Atualmente está desenvolvendo seu novo espetáculo de teatro e dança, ‘Daughters of War, Metaphysical Opera’.
Shaya Teatro
Shaya é uma palavra quéchua que significa ‘aquela que se levanta’, ‘aquela que está sempre de pé’, ‘pronta para a ação’, que faz parte do Shaya Culturas Libres. Cada projeto de palco trabalha sob princípios como pesquisa, exploração, disciplina, liberdade criativa, reflexão política e social e associatividade, inerentes à filosofia herdada do teatro de grupo e da criação coletiva da América Latina na década de 1960. O trabalho da companhia está comprometido com a realidade social do país, com a descolonização, com o universo emocional do ser humano e substancialmente com a equidade de gênero, entendendo o teatro como uma ferramenta que contribui para a liberdade individual e coletiva.
O Baixo Centro En[cena] faz parte do Circuito Cultural UFMG, um projeto da Pró-Reitoria de Cultura da UFMG, por meio do qual artistas locais, regionais e de relevância nacional e internacional se apresentam para a comunidade. O objetivo principal é promover a articulação, interação e interlocução entre todos os espaços culturais vinculados à PROCULT, potencializando a integração das ações artístico-culturais da UFMG. Todas as atividades são gratuitas e abertas para a comunidade externa.
Ficha técnica
Atuação e direção: Shirley Paucara
Dramaturgia: Shirley Paucara, inspirado no romance ‘Los Ríos Profundos’, de José María Arguedas.
Música: Chano Díaz Limaco.
Fotografia: Shaya Teatro.
Companhia: Shaya Teatro.
Duração: 50 minutos.
Espetáculo ‘Zumbayllu – memoria de un adolescente indígena’
Data: 08/05/2025 (quinta-feira)
Horário: 19h30
Duração: 50 minutos
Local: auditório do Centro Cultural UFMG
Entrada gratuita
Classificação indicativa: 12 anos