Podcast com residentes do projeto Ciberterreiro aborda temas das culturas afrodiaspóricas

Podcast com residentes do projeto Ciberterreiro aborda temas das culturas afrodiaspóricas

O nono episódio do Podcast Residência Artística traz um bate-papo com a artista visual e educadora Gabi Guerra, o artista, músico, arte-educador e preparador corporal Gil Amâncio e a artista da dança Marise Dinis, integrantes do Coletivo Black Horizonte e residentes do Centro Cultural UFMG em 2019 para o desenvolvimento do projeto de experimentação colaborativa Ciberterreiro, que tem como foco a reflexão sobre as culturas afrodiaspóricas a partir da capital mineira.

O coletivo foi formado em 2010, em Belo Horizonte e é composto por artistas das áreas da música, da dança, das artes visuais, da tecnologia e da educação. O nome Black Horizonte faz uma referência à dita cidade, numa proposta de enegrecer o horizonte da capital, resgatando a cultura e a arte negra não registrada e apagada.

A necessidade de mergulhar nas artes e culturas negras produzidas na afrodiáspora levou o coletivo a propor a instalação do Ciberterreiro, um ‘conceito-ação’ aberto, em expansão, que busca outras formas de criar e habitar o mundo. Sobre o nome da instalação, Gil Amâncio conta que, além de ritual, toda cultura vinda da travessia do Atlântico negro tem como base o barracão, o terreiro, local onde o grupo também ensaiava. O termo está ligado à mistura da linguagem tecnológica com a inspiração de criar um terreiro próprio.

Conexões

Para os integrantes, pensar a conexão entre arte negra e tecnologia rompe o pensamento de que a arte negra está ligada ao primitivo, ao passado, sendo que há um sofisticado conhecimento produzido pela cultura afro-brasileira e africana. A tecnologia utilizada cria um banco de imagens e sons para materialização das reflexões do coletivo a partir de exercícios de improvisação com som, movimento, vocalização de textos, interação com softwares de áudio e vídeo e construções plásticas e visuais.

Os participantes relembram que, durante a residência, o tempo de ocupação permitiu que chegassem aos “exercícios de vadiagem”, importante ferramenta no processo de construção de conhecimento e criação. Na vadiagem o coletivo se encontrava sem ter um planejamento do que iria ser feito, permitindo-se criar a partir do fazer nada. Segundo eles, vadiar é um ato político, pois leva a uma reflexão sobre si e sobre o mundo.

Podcast Residência Artística

O Podcast Residência Artística é um projeto que pretende disponibilizar mensalmente no Spotify conteúdos em áudio relacionados ao desenvolvimento da pesquisa e experimentação das artes visuais, dança, performance, teatro, música e literatura.

A proposta surgiu para ampliar a programação online do espaço, oferecer ao público da internet uma discussão sobre o estudo das artes, além de dar visibilidade aos residentes da casa, que foram lançados em novas rotinas de pesquisa. Os convidados dialogam sobre essa imersão, seus processos criativos, suas experiências, trajetórias, produções artísticas e resultados.

Novos episódios são compartilhados uma vez por mês no Spotify do Centro Cultural UFMG.