No sétimo episódio do Podcast Leituras tivemos um bate-papo com Tiago de Melo Andrade, autor de mais de quarenta livros literários, incluindo “A caixa preta”, premiado na categoria Autor Revelação pelo Prêmio Jabuti de 2001.

O autor compartilha suas experiências como escritor de literatura infantojuvenil, a formação de leitores e a transformação dos suportes de leitura.

Tiago relata que desde pequeno os livros fizeram parte do cotidiano de sua casa e recorda que antigamente havia nas residências estantes onde eles eram orgulhosamente expostos.

O exemplo dos pais, que eram ávidos leitores, foi decisivo na sua formação como leitor e o ambiente de leitura em seu lar favoreceu para o primeiro contato com os livros.

Processo
Formado em Direito, Tiago não seguiu a carreira jurídica, mas afirma que a experiência na universidade contribuiu para que se tornasse um escritor, pois o ambiente acadêmico exige a produção de artigos e publicação de textos, abrindo a percepção para a escrita.

Seu processo criativo é muito subjetivo e está relacionado à sua convivência com outras áreas da arte, como as artes plásticas, a música e a dança, descreve o autor.
Ele enfatiza que a literatura não é uma cápsula e recebe influência e influencia as outras artes, além disso, as pessoas e o mundo são uma forte inspiração.

A interação desses elementos é como se fosse um guarda-chuva ao contrário, que vai captando ideias e acontecimentos, impulsionando starts para o processo de criação de um livro, diz. Para ele, cada autor tem o seu próprio processo de criação, que é interno e muito íntimo.

Experiência afetiva
Tiago acredita que a experiência afetiva com a leitura é o que aproxima as pessoas da literatura. Ele entende que no Brasil se elegeu a escola como principal via de formação do leitor e há uma visão errônea em que ler é igual a estudar.

Para formar um leitor é necessário propiciar um encontro com o livro, onde o sujeito passa a enxergar o mundo de uma maneira diferente após aquela leitura, gerando uma catarse ou reconhecimento, diz.

Quando começou a escrever o mundo virtual não era tão maduro e a publicação de livros era exclusivamente impressa, passando principalmente por editoras e livrarias, relata o escritor.

Atualmente se consegue publicar de maneira totalmente virtual, o suporte mudou, não vamos mais voltar para o papiro, mas a nossa necessidade de ouvir uma boa história não mudou. A humanidade já contou histórias em vários suportes, até mesmo na linguagem oral, quando não havia a escrita.

Tiago considera que tecnologia não é ruim, cabe refletir como usá-la ao nosso favor. Neste momento em que qualquer criança tem acesso a um celular e fica constantemente conectada é necessário o despertar da consciência sobre os efeitos colaterais da tecnologia, como já previa em seu livro “A caixa preta”, sobre o excesso de tempo em frente à televisão.

Ouça o podcast na íntegra:

Tiago de Melo Andrade
Tiago de Melo Andrade publicou seu primeiro livro – A caixa preta – em 2000, pelo qual recebeu o Prêmio Jabuti (2001) na categoria de Autor Revelação. Através desse prêmio literário foi finalista em outras três ocasiões: com o juvenil A História do Vai e Volta (2014), com a adaptação Xerazade, a Onça e o Saci (2015) e com o juvenil O Mágico do Barro Preto (2017). Foi finalista de outras premiações importantes como o Prêmio SESC de Literatura 2009, com o romance O Abominável Risonho, mais tarde publicado pela Editora Melhoramentos sob o título de Carne Quebrada. Foi finalista do Prêmio Literário da Fundação Biblioteca Nacional 2017 com o livro Nandi, o boi da Índia.

Dedica-se exclusivamente à literatura, trabalhando em sua casa, na cidade mineira de Uberaba e já publicou mais de 40 títulos. Com texto criativo e eclético, seus livros abraçam leitores diversos como crianças, jovens e adultos. Com largo alcance de público, cumpre extensa agenda em escolas e eventos literários por todo o Brasil.

Conheça o trabalho de Tiago de Melo Andrade em seus perfis no Instagram e Facebook.

Podcast Leituras
Uma vez por mês no Spotify do Centro Cultural UFMG.